BRL - Moeda brasileira
EUR
6,31
USD
5,42
Início Site

IA no Turismo e o desafio de evitar a obsolescência

0

São Paulo (SP) – A discussão sobre o avanço da IA no turismo foi central , apresentada por Sabina Deweik, futurista e pesquisadora de tendências, durante a 4ª edição do Abav MeetingSP, realizada nos dias 10 e 11 de dezembro, no Meliá Paulista. Na palestra “IA no turismo: a nova fronteira para agências de viagens”, a especialista abordou o caráter disruptivo da tecnologia, os impactos no setor e o papel estratégico dos agentes de viagens.

No início da apresentação, Sabina contextualizou a aceleração tecnológica e ressaltou que a sensação coletiva de desatualização é comum. “Essa sensação não é individual, ela já tem nome. Ela chama “Fobo” (do inglês, fear of being obsolete), medo de ficarmos todos obsoletos”, afirma. Segundo ela, o volume de informações cresceu de forma inédita nos últimos anos, impulsionando mudanças que classificou como “exponenciais”.

A futurista explica que a inteligência artificial deixou de ser ferramenta secundária para se tornar eixo central do novo superciclo tecnológico. “A IA não é nova, mas ela se democratizou em 2023. Parece que faz um século, considerando os inúmeros impactos”, declara. Para ilustrar a velocidade da adoção, destacou que o ChatGPT levou dois meses para alcançar 100 milhões de usuários.

Sabina reforça que agentes de viagens não devem temer substituição, mas entender quais etapas do trabalho serão automatizáveis. “A IA serve para expandir você como profissional e não te diminuir. Aquilo que poderá ser automatizado será automatizado”, afirma. Ela destaca ainda que o diferencial competitivo continuará nas habilidades humanas. “A máquina não pode substituir emoção, empatia, colaboração, criatividade”, complementa.

Um dos pontos centrais da palestra foi o avanço dos chamados agentes de inteligência artificial, estruturas que atuarão de forma autônoma na organização de viagens, integrando reservas, preferências pessoais e pagamento. “Esses agentes vão colaborar entre si, vão interagir entre si e vão decidir por você”, explica. A mudança, segundo Sabino, exigirá que agentes de viagens atuem de forma mais estratégica em personalização e criação de valor.

Inovação sempre tem riscos

A palestrante alerta para o risco da “dívida cognitiva”, efeito observado em estudos do MIT que apontam perda de pensamento crítico quando profissionais delegam integralmente tarefas à IA. “Quem usa IA sem pensamento crítico vai atrofiar. Quem usa IA como parceira vai expandir”, declara.

Sabina também aborda casos de falhas, como roteiros inexistentes gerados por ferramentas generativas, para reforçar a importância da curadoria humana. “O agente de viagens será extremamente necessário”, pontua. “A viagem começa no algoritmo, mas termina no encontro do humano”, salienta.

Ao concluir, a futurista retomou a importância do papel do agente de viagens em um cenário de saúde mental fragilizada e aumento da solidão. “Você é o promotor de bem-estar do seu cliente”, reforça. “Você não pode ser um robô melhor, então se torne um ser humano melhor”, finaliza.

Secretários de Turismo de São Paulo alinham ações e prioridades no 4º Abav MeetingSP

0
Secretários de Turismo
Roberto de Lucena (Setur-SP), Marcela Candiota (Daura’s Turismo) e Rui Alves (Semtur-SP), Bruno Waltrick (Abav-SP). Crédito: Matheus Alves/Brasilturis

São Paulo (SP) – No primeiro dia do 4º Abav MeetingSP, realizada nos dias 10 e 11 de dezembro no Meliá Paulista, contou com uma roda de conversa entre os secretários do Turismo. O encontro de gestores públicos reuniu Roberto de Lucena, secretário de Turismo do Estado de São Paulo (Setur-SP) e Rui Alves, secretário municipal de Turismo da capital (Semtur-SP), com mediação de Marcela Candiota (Daura’s Turismo).

O encontro dos secretários do Turismo abriu destacando a interdependência entre setor público e iniciativa privada para impulsionar o turismo no estado e ampliar o portfólio das agências. “O Turismo não se desenvolve só pelo setor privado ou só pelo público. Esse é um casamento que tem que estar sempre em harmonia”, afirma Marcela Candiota, ao contextualizar o painel para os agentes presentes.

“O Turismo se tornou campeão nacional na força, nos braços e nos ombros da iniciativa privada”, declara Lucena. O secretário observa que, por muitos anos, o poder público teve “participação modesta”, mas que o cenário mudou com a reestruturação das políticas estaduais. “Hoje estamos falando efetivamente de negócios, de geração de emprego, de renda e de oportunidade de empreendedorismo”, acrescenta.

Questionado sobre capacitação e captação de mão de obra, Lucena detalhou o trabalho da Academia do Turismo. “Estamos oferecendo 25 mil vagas para capacitação e qualificação de profissionais, empreendedores e gestores”, afirma, destacando que a iniciativa responde a uma demanda global do setor. “Nós já tínhamos uma crise no radar antes da pandemia. Com o deslocamento de profissionais para outras áreas, o desafio se ampliou”, acrescenta.

Sustentabilidade e interiorização

A sustentabilidade também esteve no centro do debate entre secretários do Turismo, com destaque para a recuperação dos rios paulistas. Marcela Candiota provocou os secretários sobre a possibilidade de ver o Rio Tietê limpo novamente. Rui Alves afirmou que o tema integra o planejamento estratégico da cidade. “Existe um projeto e um plano para isso”, declara.

Já Lucena contextualizou o desafio dentro do saneamento regional. “Nós vamos chegar até 2030 com mais de 50 ou 60% de tratamento em municípios-chave”, acrescenta. Ele reforça que a melhora no Tietê e no Pinheiros depende diretamente da universalização do saneamento nos municípios do Alto Tietê.

O secretário estadual também apresentou ações estruturais que reforçam o compromisso com sustentabilidade e interiorização do turismo. “São Paulo tem a segunda maior rede de trilhas de longo percurso do país”, afirma. Ele lembrou ainda o primeiro distrito turístico ecológico do Brasil, o Lago do Ribeira, e a conectividade ampliada pelos aeroportos regionais.

Secretários de Turismo
Marcela Candiota (Daura’s Turismo), Roberto de Lucena (Setur-SP) e Rui Alves (Semtur-SP). Crédito: Matheus Alves/Brasilturis
Resultados e perspectivas

Para o secretário municipal, o momento é de expansão. “O turismo de São Paulo, de janeiro a agosto, movimentou mais de 30 milhões de visitantes, uma alta de 54% em relação a 2023”, declara Rui Alves, acrescentando que “o setor faturou quase 15,9 bilhões em 2025”, com impacto direto na geração de empregos.

Entre os grandes propulsores de demanda, Alves destacou eventos como Carnaval, Fórmula 1 e a consolidação da gastronomia da capital. “Nós entregamos os prêmios do Guia Michelin em São Paulo, e o investimento feito para isso colocou a gastronomia paulistana entre os melhores do mundo”, afirma. Ele acrescenta que “mais de 59 restaurantes foram premiados”, com expectativa de que a cidade receba seu primeiro estabelecimento três estrelas na próxima edição.

Antes da conclusão do painel de secretários do Turismo, Alves convidou o trade para as atrações de final de ano na capital. “O prefeito Ricardo Nunes investiu forte para que o Natal de 2025 seja um atrativo para turistas do Brasil e do mundo”, afirma o secretário municipal. Ele citou o Natal Iluminado, o Réveillon na Paulista e o centenário da São Silvestre.

Em sua fala final, Lucena reforçou o compromisso do Estado com o setor. “A Secretaria é a secretaria de vocês. Estamos abertos para ouvir os desafios e melhorar o ambiente de negócios”, declara, aproveitando para incentivar a venda de outros destinos paulistas. “São Paulo tem 644 municípios, 44% deles turísticos. No ano passado foram 49 milhões de turistas; neste ano chegaremos a quase 51 milhões”, projeta. Ao concluir, destacou a força do serviço no estado. “São Paulo está de braços abertos para todo mundo”, finaliza.

COP30 redefiniu prioridades do Turismo brasileiro, aponta Jaqueline Gil em webinário da Skål

0
COP30
Especialista Jaqueline Gil durante webinário da Skål Internacional São Paulo. Crédito: Reprodução

A Skål Internacional São Paulo promoveu, nesta quarta-feira (10), o webnário “COP30: Reflexões sobre o impacto na atividade turística”, encontro transmitido do Grand Mercure Ibirapuera e conduzido pela especialista Jaqueline Gil, referência nacional na agenda de sustentabilidade aplicada ao setor. Durante quase duas horas de apresentação e debate, a pesquisadora destacou o papel decisivo que o turismo terá na transição climática brasileira e internacional, reforçando que o segmento passa a ser tratado como setor obrigatório dentro das metas firmadas no Acordo de Paris — marco que altera de forma significativa sua relação com políticas públicas, investimentos e modelos de operação.

Logo na abertura, ao contextualizar a necessidade de alinhamento entre governo, iniciativa privada e comunidades, Jaqueline reforçou que o desafio é sistêmico:
“É muito importante a gente ter esse alinhamento enquanto setor para que a gente possa definir uma estratégia conjunta, porque a gente sabe que nenhum nenhuma dorinha faz verão, né?” Ela destacou ainda o papel das políticas públicas no apoio aos territórios turísticos e na implementação de soluções climáticas: “Como é que a gente pode adaptar as nossas políticas públicas, como é que a gente pode ser efetivo em levar isso para todos os municípios.”

Turismo como pilar climático: da ciência à tomada de decisão

Ao explicar a estrutura das Conferências do Clima e seu peso político, Jaqueline destacou que a COP é hoje a instância de maior relevância em decisões ambientais globais, responsável por orientar metas que impactam diretamente o setor.
Segundo ela, a inclusão do turismo como segmento obrigatório nas negociações climáticas — oficializada em 2024 — representa uma virada histórica: “A COP é hoje a maior agenda de sustentabilidade do planeta”, afirmou, lembrando que o Brasil foi protagonista desde o início desse processo ao sediar a conferência de 1992, no Rio de Janeiro.

Durante o webinário, a especialista apresentou gráficos, experiências internacionais e um panorama técnico elaborado a partir das discussões travadas nas COPs anteriores, incluindo a de 2024, realizada em Baku. Foi ali, relata, que o mundo passou a compreender com precisão científica o tamanho do impacto do turismo nas emissões globais.
Em suas palavras: “Não existe nenhuma informação nenhuma de que nós estamos reduzindo as nossas emissões, muito pelo contrário, nós só estamos aumentando.”

A experiência de Belém: sociedade civil no centro e desafios de organização

Ao abordar a COP30, sediada em Belém, Jaqueline fez um paralelo entre o ambiente formal de Baku e a atmosfera popular do encontro brasileiro, sublinhando a força cultural e participativa do Pará. Imagens e vídeos exibidos durante o webinário mostraram a ocupação massiva da Zona Verde por moradores, estudantes, lideranças comunitárias e turistas, cenário que exigiu dos painelistas adaptação imediata da linguagem.

Jaqueline narrou, com humor, o choque entre o planejamento acadêmico e a vibração paraense: “O que eu preparei não vai caber nesse ambiente.”

Ao mesmo tempo, destacou o prestígio internacional alcançado pelo Brasil como presidente da COP até novembro de 2026 e relatou, por meio de fotos e vídeos, a participação de ministros, pesquisadores e representantes de comunidades indígenas em momentos decisivos — mesmo diante de incidentes que levaram à evacuação temporária da Zona Azul.

Riscos climáticos: litoral brasileiro é o ponto mais vulnerável do turismo

Entre os pontos mais sensíveis apresentados por Jaqueline, o mapeamento dos riscos climáticos chama atenção pela convergência com os principais destinos turísticos do país.

Ao projetar cenários de 1,5°C, 2°C e 2,5°C de aquecimento — níveis previstos pela ciência —, ela alertou que áreas litorâneas concentram riscos de inundação, enxurradas, erosão, deslizamentos, seca e incêndios.
Casos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul, o deslizamento no litoral norte paulista e os incêndios no Pantanal, ilustram o que está por vir.

Para Jaqueline, a urgência é inequívoca: o setor precisa de planos robustos de adaptação e mitigação, com definição clara de prioridades, metas, custos e fontes de financiamento.
A especialista questiona: “Quem vai pagar essa conta?” — lembrando que empresas de turismo operam com margens baixas e não conseguem arcar sozinhas com investimentos bilionários em transição climática.

Governança e financiamento: os pontos frágeis que precisam avançar

Em diferentes momentos da apresentação, Jaqueline ressaltou os dois maiores gargalos atuais:

  1. Governança climática do turismo — ainda inexistente de maneira estruturada;

  2. Acesso a recursos financeiros, especialmente fundos internacionais de clima.

Sobre governança, alertou: “O tema da governança está em aberto… é muito fácil disso aqui tudo escorrer pelos dedos.”

Sobre financiamento, reforçou que a disputa global por recursos é técnica e altamente competitiva: países e setores que chegam com projetos robustos, cálculos de custos e prioridades claras recebem mais.
Quem não chega preparado, diz Jaqueline, corre risco de receber “um total de zero”.

Turismo regenerativo e ciência como guias para o futuro

Jaqueline apontou ainda que o turismo regenerativo — aquele que recupera natureza, cultura e biodiversidade por meio da atividade turística — deve se consolidar como eixo central do setor.
Ela ressalta, porém, que o conceito precisa ser tratado com rigor: regeneração não diz respeito ao bem-estar individual, mas à restauração real de ecossistemas e comunidades.

Citando exemplos internacionais e o protagonismo de centros como a Universidade de Brasília, ela reforçou que o Brasil tem capacidade científica elevada, mas ainda subaproveitada na agenda climática do turismo.

Uma chamada à ação

Ao final, Jaqueline deixou claro que a COP30 representou apenas o início da jornada brasileira no comando da agenda climática global.
Até novembro de 2026, o país terá a oportunidade — e a responsabilidade — de estruturar políticas, conduzir debates e entregar diretrizes para o mundo.

Sua última mensagem reforça a necessidade de urgência, cooperação e pragmatismo: “A gente tem tudo. Só não fizemos a tarefa de casa.”

Meios de pagamentos eletrônicos avançam no setor de Turismo

0
meios de pagamentos eletrônicos
Isabelle Grechi (B2B Reservas), Juliana Assumpção (Abav-SP), Thiago Mendes (Grupo Teatur) e Patricia Thomas (Omnibees). Crédito: Matheus Alves/Brasilturis

O painel “Comitê de Tecnologia: Meios de pagamentos eletrônicos e Chargeback Parte l”, realizado durante a 4º Abav MeetingSP, em São Paulo (SP), reuniu Isabelle Grechi (B2B Reservas), Thiago Mendes (Grupo Teatur) e Patricia Thomas (Omnibees), com mediação de Juliana Assumpção (Abav-SP). O debate reforçou a expansão dos meios de pagamentos eletrônicos, sobretudo o número de cartão virtual (VCN), e os impactos diretos na segurança, na conciliação e na redução de fraudes no setor.

Os painelistas concentraram-se nos principais pontos que vêm moldando o tema no Turismo: adoção crescente do VCN, novas práticas de conciliação, democratização do acesso ao crédito via bancos e fintechs, diminuição de inadimplência, parametrizações avançadas e mitigação de chargeback. “Já adotamos novos comportamentos na pessoa física, então por que não faria isso na pessoa jurídica?”, questiona Patricia, ao explicar a mudança estrutural nos meios de pagamento.

No painel, Isabelle Grechi enfatiza a consolidação da tecnologia e o papel central do Brasil no desenvolvimento de soluções de segurança nos pagamentos eletrônicos. “O Brasil lidera a tecnologia de segurança no aspecto de pagamentos eletrônicos, lidera em relação à confiança e ao volume de transações feitas com essa tecnologia”, afirma. A executiva destaca ainda a relevância do VCN na conciliação, ao afirmar que ele “traduz aquele monte de papelzinho térmico do cartão de crédito e joga para uma planilha pronta em tempo real”, complementa.

Mendes, recém-integrado ao Comitê de Tecnologia, relatou sua experiência como empresário e o impacto do tema em sua operação. Ele afirmou que só passou a se aprofundar no assunto ao participar das reuniões técnicas da entidade. “Eu vi a importância, eu vi o quanto isso pode ajudar, pode facilitar e otimizar os trabalhos dentro da agência”, declara. Mendes ressaltou que, apesar de já ter contato prévio com soluções digitais, não havia percebido a dimensão dos ganhos até entender a estrutura do VCN.

A partir das perguntas do público, Patricia detalhou como funciona a cadeia de geração do VCN, envolvendo cliente, TMC, ferramentas de reserva, bancos, fintechs, bandeiras, adquirentes e agregadores. “Todos seguem o mesmo fluxo para geração, conciliação e parametrização da ferramenta”, pontua. Isabelle complementou ao reforçar que o uso do cartão mitiga riscos fundamentais para o setor. “Acima de tudo, o que estamos olhando aqui é segurança, segurança para o negócio e segurança para a gestão”, conclui.

Na parte final, as especialistas esclareceram dúvidas sobre chargeback e relação com processos manuais. Questionada sobre suposto amadorismo no setor, Isabelle rejeitou a ideia e associou o problema a desafios culturais, reforçando que o VCN reduz essas vulnerabilidades. “O legal desse meio de pagamento é justamente isso, ele vem por um caminho integrado, sem inserção manual de número de cartão, e isso mitiga várias etapas do processo”, afirma.

O painel também abordou tendências para os próximos anos, com Isabelle destacando que o uso do VCN já não é mais projeção, mas realidade consolidada. “Isso não é mais uma tendência, isso já é real”, declara. A executiva ainda antecipou que a tecnologia deve alcançar também toda a cadeia de eventos. Na conclusão, Patricia reforçou que as empresas corporativas já operam majoritariamente com meios eletrônicos. “Isso já faz parte da rotina”, acrescenta.

O tema voltará durante a programação da Abav TravelSP, previsto para acontecer em Campinas (SP), nos dias 11 e 12 de março, quando o comitê retomará o debate com aprofundamento técnico e novos desdobramentos práticos para agências de diferentes perfis.

EUA avaliam exigir redes sociais, DNA e mais dados biométricos de turistas

0
Passageiros passam por controle de fronteira nos EUA, em meio à proposta que amplia exigências de dados pessoais e biométricos. Crédito: Mizuno K
Passageiros passam por controle de fronteira nos EUA, em meio à proposta que amplia exigências de dados pessoais e biométricos. Crédito: Mizuno K

A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) apresentou uma proposta que pode transformar radicalmente os requisitos de entrada no país para turistas estrangeiros. O texto, publicado no Registro Federal norte-americano, sugere que todos os viajantes não americanos – inclusive aqueles isentos de visto – passem a fornecer um conjunto ampliado de informações, incluindo histórico de redes sociais dos últimos cinco anos, endereços, telefones antigos, dados familiares e outros detalhes pessoais.

A medida também prevê a obrigatoriedade de selfie e a coleta de novos dados biométricos, como impressão da íris e amostras de DNA, além do rosto e das impressões digitais já requeridos atualmente na fronteira. A proposta ficará aberta para comentários públicos por 60 dias antes de avançar para análise final.

Hoje, viajantes que precisam de visto entregam informações básicas como e-mail, endereço fixo e telefone. Caso as mudanças entrem em vigor, esse conjunto seria significativamente ampliado e se tornaria compulsório para todos os visitantes. Para especialistas, a medida representa uma das alterações mais rigorosas já sugeridas no processo migratório dos EUA.

Nos últimos meses, relatos de deportações e negativas de entrada a estrangeiros por publicações críticas ao governo norte-americano voltaram a circular. Em um dos episódios mais recentes, um cientista francês foi impedido de entrar no país após mensagens consideradas hostis ao presidente serem encontradas em seu telefone.

O tema também ganha força no contexto político. Desde janeiro, o governo Trump tem adotado posicionamentos mais duros em relação a opositores e instituições, incluindo cortes de financiamento a universidades e críticas abertas a figuras públicas, o que alimenta o debate sobre liberdade de expressão e segurança.

Se aprovada, a nova política reconfiguraria completamente a experiência de entrada nos Estados Unidos e ampliaria substancialmente o volume de informações exigidas de visitantes internacionais. A CBP afirma que os dados adicionais ajudariam a reforçar controles de segurança e a identificar potenciais riscos antes da chegada dos viajantes.

São Paulo lidera chegadas internacionais e soma 2,5 milhões de turistas estrangeiros em 2025

0
Aeroportos paulistas registram crescimento expressivo em 2025 e consolidam São Paulo como principal porta de entrada internacional do Brasil. Crédito: Athena Sandrini/pexels
Aeroportos paulistas registram crescimento expressivo em 2025 e consolidam São Paulo como principal porta de entrada internacional do Brasil. Crédito: Athena Sandrini/pexels

São Paulo reforça sua posição como principal porta de entrada do turismo internacional no Brasil em 2025. De janeiro a novembro, o estado recebeu 2.494.632 turistas estrangeiros, um crescimento de 22,37% em relação ao mesmo período de 2024.

Os números representam quase 30% das 8.390.708 chegadas internacionais registradas no país até o momento, consolidando o destino como líder absoluto na recepção de visitantes estrangeiros.

O desempenho também se destacou em novembro, quando 262,4 mil viajantes internacionais desembarcaram no estado, alta de 30% sobre o ano anterior. A movimentação reforça a curva ascendente do turismo brasileiro, que deve superar a marca histórica de 9 milhões de visitantes até dezembro.

Para Marcelo Freixo, presidente da Embratur, o avanço paulista evidencia os resultados de estratégias de promoção e expansão da conectividade internacional. “Os recordes de São Paulo em 2025, tornando-se o estado que mais recebeu turistas do exterior, são a prova da eficácia do trabalho desenvolvido pela Embratur. Isso se traduz em mais emprego e renda impulsionados pelo turismo, o nosso objetivo principal”, afirmou.

Entre os principais emissores, os Estados Unidos seguem na liderança absoluta, com 387.603 turistas enviados ao estado, posição que mantêm desde 2020. Argentina e Chile completam o ranking com 364.855 e 162.506 visitantes, respectivamente, reforçando a força dos mercados das Américas para São Paulo.

O avanço do estado acompanha a tendência nacional. O Brasil registrou crescimento de 40,6% nas chegadas internacionais entre janeiro e novembro, consolidando 2025 como o melhor ano da série histórica para o turismo estrangeiro. O mês de novembro, em especial, alcançou o melhor resultado já registrado, com 704.159 visitantes desembarcando no país, superando o recorde anterior de 2015.

A performance reforça a expectativa de que o Brasil ultrapasse a marca inédita de 9 milhões de chegadas até o final do ano, impulsionado por campanhas internacionais, ampliação da malha aérea e fortalecimento da oferta turística em destinos estratégicos como São Paulo.

Viracopos recebe voos desviados por ventania em São Paulo

0
Turbulência e ventos fortes levam aeronaves a alternarem pouso para Viracopos; passageiros receberam atendimento em Campinas. Crédito: Marina Hinic
Turbulência e ventos fortes levam aeronaves a alternarem pouso para Viracopos; passageiros receberam atendimento em Campinas. Crédito: Marina Hinic

A forte ventania que atingiu a capital paulista nesta quarta-feira (10) provocou impactos diretos na malha aérea e levou ao desvio de ao menos nove voos para o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Entre 9h45 e 14h40, o terminal recebeu operações que originalmente pousariam nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, segundo a administração do aeroporto.

A instabilidade atmosférica foi registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia, que apontou rajadas de até 98 km/h na estação da Lapa. As condições severas provocaram queda de árvores, interrupção no fornecimento de energia para mais de 2 milhões de imóveis, fechamento de parques e cancelamento de consultas médicas. Nos aeroportos, alternâncias e atrasos marcaram o fluxo da manhã.

Um dos casos mais críticos envolveu o voo 5037 da Azul, que partiu de Curitiba com destino a Congonhas. Passageiros relataram episódios de tontura, náusea e vômito após a aeronave enfrentar turbulência contínua desde a decolagem até a aproximação em São Paulo, onde precisou arremeter antes de ser direcionada para Viracopos. O pouso ocorreu às 13h06, sem intercorrências, e um passageiro recebeu atendimento médico imediato, sendo liberado no início da tarde. “A aeronave enfrentou turbulência desde a decolagem em Curitiba. Após arremeter em São Paulo, pousou em Viracopos”, informou o aeroporto em nota.

Outra operação alternada foi o voo 3611 da Latam, vindo de Palmas e com destino previsto ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. A aeronave precisou seguir para Campinas devido às limitações geradas pelos ventos intensos.

Em nota, a Azul afirmou que condições meteorológicas adversas na capital, “motivo alheio à sua vontade”, levaram à alternância de quatro voos e ao cancelamento de outros sete em Congonhas e Guarulhos. A empresa reforçou que todos os clientes estão recebendo assistência conforme a Resolução 400 da Anac. “Medidas como essas são necessárias para garantir a segurança das operações, valor primordial para a companhia”, destacou.

Com a normalização gradual das condições climáticas, o tráfego aéreo deve ser readequado ao longo da tarde, mas aeroportos e companhias alertam que novos ajustes podem ocorrer.

Visit Rio projeta 819 eventos em 2026 após ano histórico com impacto de US$ 1,6 bilhão

0
Visit Rio apresenta resultados históricos durante encontro no Copacabana Palace e projeta expansão do calendário de eventos para 2026. Crédito: Juliana Chalita
Visit Rio apresenta resultados históricos durante encontro no Copacabana Palace e projeta expansão do calendário de eventos para 2026. Crédito: Juliana Chalita

O Visit Rio encerrou 2025 com o maior calendário de eventos já registrado na história da Fundação. O balanço anual, apresentado nesta terça-feira (9) durante o Encontro do Conselho Curador no Copacabana Palace, aponta a realização de 712 eventos ao longo do ano, um crescimento de 42,9% em relação a 2024. O impacto econômico estimado ultrapassa US$ 1,6 bilhão em receitas para a cidade, além de US$ 80,3 milhões arrecadados em ISS.

As projeções para 2026 seguem otimistas. A Fundação estima a realização de 819 eventos, um avanço de 15% em relação ao ano anterior, sendo que 161 já estão cadastrados, o equivalente a 20% da meta. Para Luiz Strauss, presidente-executivo do Visit Rio, os resultados confirmam a consolidação do destino no cenário nacional. “Tivemos números inéditos em eventos captados e fomos reconhecidos com premiações importantes. Para 2026, projetamos crescimento e fortalecimento institucional do Visit Rio”, afirmou.

O calendário de 2025 também apresentou maior diversidade. Do total, 15% foram eventos internacionais, 21% nacionais e 64% regionais. O segmento esportivo liderou, com 284 eventos – 40% do volume -, impulsionado pela parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e apoio de entidades como a Fecomércio RJ.

A agenda de 2026 priorizará o alinhamento direto entre as demandas das empresas mantenedoras e os objetivos estratégicos do destino. Entre as ações previstas estão o fortalecimento da recepção de fam trips, press trips e visitas técnicas, ampliando a integração entre o trade, a promoção turística e a geração de negócios.

O encontro também marcou um ano do Decreto Municipal que tornou obrigatória a aplicação da marca Visit Rio em todas as ações de comunicação de eventos apoiados pela Prefeitura. Segundo Strauss, a medida reforça a posição institucional da Fundação. “O Decreto consolida o Visit Rio e fortalece a promoção do destino. Agradecemos ao prefeito Eduardo Paes pelo compromisso com o turismo”, destacou.

No MICE, o avanço foi significativo. Entre 2019 e 2025, a equipe cresceu 166%, ampliando capacidade de prospecção e atendimento. Em 2025, foram registradas 124 prospecções, 152 apoios institucionais, 40 visitas técnicas e 29 eventos captados – recorde da Fundação. Somam-se ainda 43 feiras e roadshows, 13 eventos próprios e 118 encontros com o trade. No relacionamento institucional, foram realizados 34 famtours, 16 press trips e contabilizados 39 novos associados.

No digital, o Visit Rio ampliou sua relevância. O site oficial registrou 31,4 milhões de impressões no Google, 641,8 mil cliques e 1 milhão de visualizações. O LinkedIn alcançou 637 mil impressões, tornando-se o perfil “Visit” mais engajado do mundo, enquanto o Instagram atingiu 191 mil seguidores e mais de 19 milhões de alcance ao longo de 2025.

“Luxo no inusitado” orienta debate do 4º Abav MeetingSP

0
Luxo Abav MeetingSP
Thiago Vasconcelos (Pier 1 Cruise Experts), Danielle Coltro (Coltro Viagens), Bruno Waltrick (Abav-SP), Martin Frankenberg (Kaiara Amazônia), Ruy Carlos Tone (Expedição Katerre e Mirante do Gavião Amazon Lodge). Crédito: Matheus Alves/Brasilturis

São Paulo (SP) – O painel “O luxo no inusitado. Da hotelaria às frotas mais exclusivas do mundo” reuniu, no 4º Abav MeetingSP, nomes centrais do turismo de alto padrão. São eles Thiago Vasconcelos, diretor executivo da Pier 1; Martin Frankenberg, sócio da Kaiara Amazônia; e Ruy Carlos Tone, sócio da Expedição Katerre e do Mirante do Gavião Amazon Lodge, com mediação de Danielle Coltro.

O debate destacou três eixos centrais: a mudança do luxo clássico, baseado em marcas e infraestrutura, para vivências raras e imersivas; o papel crescente das agências como curadoras em um cenário de excesso de informação; e a necessidade de orientar o viajante quanto às práticas socioambientais em áreas sensíveis. Os executivos enfatizaram que o novo luxo está ligado à raridade, ao tempo de qualidade e à reconexão com a natureza.

Thiago Vasconcelos afirma que o conceito de luxo se tornou difuso e precisa ser compreendido pela ótica da exclusividade. “O luxo é algo exclusivo, é algo inacessível”, declara. Ele destaca que as expedições polares exemplificam esse movimento, com embarcações reduzidas, rotas remotas e elevado valor de entrada.

Sobre o papel das agências, o executivo reforça que, diante do excesso de estímulos digitais, “a única maneira hoje em dia de o cliente ter acesso de forma segura à informação daquilo que ele está vendo é através da agência de viagem”, acrescenta.

Para Martin Frankenberg, a essência do luxo permanece associada à raridade. “O luxo continua sendo o que ele sempre foi, que é algo raro”, afirma. Ao discutir vivências na Amazônia, explicou que muitos viajantes confundem simplicidade com falta de sofisticação, o que muda ao entrar em contato com comunidades locais. “As pessoas começam a olhar e questionar ‘será que sou a pessoa sofisticada aqui ou essas pessoas?’”, relata.

Quanto ao cenário futuro, destacou a força das viagens multigeracionais e da busca por transformação emocional, afirmando que “as pessoas viajam também para poder parar”, conclui.

Danielle Coltro (Coltro Viagens), Thiago Vasconcelos (Pier 1 Cruise Experts), Martin Frankenberg (Kaiara Amazônia), Ruy Carlos Tone (Expedição Katerre e Mirante do Gavião Amazon Lodge). Crédito: Matheus Alves/Brasilturis

Ruy Carlos Tone, por sua vez, defende que o novo luxo está centrado na experiência e na entrega de vivências profundas. “Tem muita gente já procurando o que não seja usual e aceitando que ali não tem o conforto material”, afirma. Ele destaca a Amazônia como exemplo de destino que sensibiliza o viajante. “O turismo tem esse poder de conscientização”, declara.

Tone reforça também a importância de operações que incluam comunidades locais: “Os locais entendem muito mais da natureza”, afirma. Para ele, essa presença é determinante para manter autenticidade e qualidade.

Os três painelistas encerraram a sessão com projeções positivas para o turismo de luxo. Thiago Vasconcelos afirmou ser “super otimista”, enquanto Martin Frankenberg destacou que “não existe nenhuma inteligência artificial que vai mudar o que é experimentar um lugar novo ao vivo e à cores”, conclui. Já Ruy Carlos Tone reforça que produtos com participação direta das comunidades são o caminho mais consistente. “É importante garantir que o produto conta com locais”, finaliza.

Buscas por voos aos EUA sobem 45% após definição dos grupos da Copa do Mundo

0
Copa do Mundo
Brasil registra aumento nas buscas por viagens para os EUA após anúncio do calendário da Copa do Mundo. Crédito: Divulgação

A confirmação do calendário e dos grupos da Copa do Mundo de 2026 provocou um aumento imediato no interesse dos brasileiros por viagens aos Estados Unidos, país que receberá todos os jogos da Seleção na fase inicial do torneio. Dados do Skyscanner mostram que, entre 1º e 7 de dezembro, as buscas por passagens aéreas brasileiras com destino ao território norte-americano cresceram 45% em comparação com a semana anterior — impulsionadas especialmente pelas consultas registradas nos dias 5 e 6 de dezembro, logo após o anúncio oficial.

Segundo Isla dos Santos, especialista em voos e viagens do Skyscanner, “Vimos um pico muito claro imediatamente após o anúncio. Podemos afirmar com segurança que esse aumento foi diretamente impulsionado pelas notícias da Copa do Mundo”. Entre 6 e 8 de dezembro, Orlando, Nova York e Chicago despontaram como os destinos mais buscados, enquanto São Paulo se manteve como principal cidade de partida.

O movimento coincide com o lançamento do Football Flight Finder, ferramenta criada pela plataforma para facilitar o planejamento dos torcedores, permitindo identificar voos para cada cidade-sede de acordo com o calendário de partidas. A função possibilita visualizar rotas ligadas a jogos específicos, comparar opções entre datas e entender como se deslocar ao longo do torneio — um diferencial importante em uma Copa distribuída por três países.

Multidestinos e flexibilidade se tornam estratégias fundamentais

Com partidas espalhadas por uma vasta área geográfica, a reserva de viagens com múltiplos destinos tem se mostrado um recurso estratégico. Em vez de comprar bilhetes separados para cada trecho, torcedores podem planejar toda a rota em uma única busca, visualizando como as cidades se conectam e evitando contratempos na organização de deslocamentos apertados.

As ferramentas de datas flexíveis também ganham destaque, ajudando a identificar dias com tarifas mais baixas e variações de preço em função da proximidade dos jogos. Alertas de preço e buscas por mês inteiro — recursos já consolidados no Skyscanner — oferecem ao viajante uma visão ampla das tendências do período, permitindo ajustes rápidos conforme as tarifas flutuam.

Aluguel de carro cresce como alternativa entre cidades-sede

A extensão territorial da Copa de 2026, que engloba Estados Unidos, Canadá e México, faz com que o aluguel de carro apareça como alternativa eficiente em determinadas rotas. Para quem prefere autonomia entre os jogos ou deseja explorar regiões além dos estádios, dirigir pode ser mais prático e competitivo do que voar em datas de alta demanda.

Plataformas como o Skyscanner reúnem preços de diversas locadoras, permitindo comparar políticas de combustível, condições de cancelamento, opções sustentáveis e valores que variam conforme o local de retirada — inclusive identificando quando retirar o veículo fora de grandes aeroportos pode reduzir significativamente o custo final.

Em alguns casos, períodos mais longos de locação resultam em diárias proporcionalmente menores, enquanto carros elétricos surgem como alternativa interessante para viajantes preocupados com sustentabilidade ou economia de combustível.