As viagens corporativas seguem em trajetória ascendente no Brasil e alcançaram um marco inédito em abril deste ano. Segundo o Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), realizado pela FecomercioSP em parceria com a Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), empresas brasileiras desembolsaram R$ 12,5 bilhões com serviços turísticos no período — o maior volume já registrado para o mês, com avanço real de 9,5% frente a abril de 2024.
No acumulado de janeiro a abril de 2025, o setor atingiu outro recorde: R$ 45,2 bilhões em gastos, representando crescimento de 7,6% em relação aos quatro primeiros meses do ano anterior. O desempenho reflete a continuidade da retomada do turismo de negócios, mesmo diante de desafios macroeconômicos.
A pressão inflacionária tem contribuído parcialmente para esse crescimento. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a hotelaria registrou aumento médio de 11,6% nas diárias, enquanto o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) identificou alta de 15,7% na tarifa média dos empreendimentos. No transporte rodoviário interestadual, as tarifas subiram 5,68%. Já as passagens aéreas apresentam, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), queda em relação às tarifas praticadas no mesmo período do ano passado.
O resultado de abril também chama atenção por ocorrer em meio a juros elevados e em um mês com dois feriados e a véspera do Dia do Trabalhador. Ainda assim, a demanda por viagens, eventos e encontros presenciais foi mantida, demonstrando resiliência do setor.
Para Luana Nogueira, diretora-executiva da Alagev, o desempenho confirma a vitalidade do mercado. “É provável que haja, em algum momento, uma desaceleração, já que não é sustentável manter um crescimento robusto com a Selic próxima de 15% ao ano. No entanto, por ora, o setor continua a crescer acima da média nacional, indicando que essa tendência positiva pode persistir nos próximos meses”, afirma.
O Produto Interno Bruto (Pib) do primeiro trimestre de 2025, divulgado pelo IBGE, apresentou crescimento de 1,4%, puxado principalmente pela agropecuária. No entanto, os números robustos do turismo de negócios sugerem que o segmento mantém protagonismo entre as atividades que movimentam a economia nacional.