A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA) está em diálogo constante com o Governo do Estado para organizar a estrutura hoteleira de Belém diante da COP30, marcada para novembro. O evento, que deve reunir cerca de 60 mil participantes, provocou críticas internacionais em razão do alto custo das diárias na capital paraense.
Segundo Toni Santiago, presidente da ABIH-PA, a entidade tem atuado diretamente junto aos seus associados para garantir a viabilidade da conferência e minimizar os impactos à imagem do Brasil como destino turístico.
“Reunimos nossos associados para atender à demanda do governo estadual por 500 apartamentos com tarifas entre US$ 100 e US$ 300, voltados aos delegados que integram a COP30. Foi uma medida estratégica para priorizar quem realmente importa para o evento”, afirmou Santiago em entrevista ao Brasilturis.
O dirigente reconhece o aumento nas tarifas, mas argumenta que situações semelhantes ocorreram em edições anteriores da conferência. “Na COP29, em Baku, os preços subiram entre 10 e 20 vezes. Isso é normal em todo o mundo. Mas, com a aproximação do evento, os valores já estão caindo. Quem não ajustar os preços, ficará com quartos vazios”, alertou.

Santiago também chama atenção para um fator pouco abordado pela mídia: a exigência de hospedagem single por parte das delegações. “Muitos não querem compartilhar quartos. Além disso, países ditos ‘pobres’ estão querendo trazer comitivas de 300 a 400 pessoas para ‘salvar o planeta’. Isso transforma nossos 22 mil leitos em apenas 7 mil quartos úteis”, criticou.
Para lidar com o pico de visitantes, o setor hoteleiro espera um movimento semelhante ao do Círio de Nazaré, quando o turismo doméstico e corporativo normalmente recua. “As empresas e turistas acabam suspendendo as viagens a Belém durante esse período, o que pode abrir espaço na hotelaria para o público da COP30”, explicou.
Além das alternativas discutidas com a hotelaria tradicional, outras frentes estão sendo exploradas em parceria com o poder público. “O governo estadual está disponibilizando 17 hostels em escolas, além das plataformas de hospedagem da ONU, Booking e Airbnb, que já estão ativas”, afirmou Santiago. O Governo Federal também estuda a utilização de navios de cruzeiro como hospedagem alternativa.