A BeFly encerrou o primeiro semestre de 2025 com desempenho acima das expectativas e mantendo o foco em um modelo de negócios que combina tradição, inovação e diversidade de produtos. A Queensberry, braço de operadora upscale do grupo, e a recém-lançada Qby, voltada para o segmento mid-scale, registraram crescimento consistente, impulsionadas por uma estratégia que prioriza experiências diferenciadas e exclusivas, mas acessíveis a diferentes perfis de viajantes.
Segundo Luciano Guimarães, vice-presidente de Negócios, e Sylvio Ferraz, vice-presidente de Produtos e Novos Negócios da BeFly, o planejamento elaborado no fim de 2024 praticamente se manteve intacto no primeiro semestre. “O mundo muda todo dia, mas conseguimos seguir o que planejamos. Ampliamos a oferta, incluímos novos nichos e reforçamos nossa presença no mid-scale com a Qby”, afirmou Guimarães.
Historicamente conhecida pelos grupos de brasileiros no exterior, o Guia Brasileiro no Mundo, ou apenas GBM – a Queensberry manteve sua essência, mas diversificou o portfólio. A entrada em nichos como fretamentos para eventos esportivos e pacotes exclusivos para a Fórmula 1, incluindo o GP São Paulo e o GP de Miami, ampliou o alcance da marca. A empresa também incorporou produtos como esqui, Caribe e novas opções nas Américas, antes pouco exploradas no portfólio.
O lançamento da Qby no primeiro trimestre trouxe um modelo 100% online para o agente de viagens, com tarifas competitivas e foco em produtos mais acessíveis, mas com o mesmo padrão de qualidade da Queensberry. “O mercado precisava de novas operadoras e de ferramentas mais simples para o dia a dia. A plataforma permite que o agente reserve aéreo, hotel, seguro e outros serviços de forma integrada”, destacou Ferraz.
Os números confirmam o bom momento. A operadora superou o orçamento do semestre em quase 15%, mesmo com dólar e euro em alta e um cenário geopolítico instável. Para o segundo semestre, a expectativa é de crescimento acelerado, com a nova temporada do GBM, vendas da Disney para o fim do ano e reforço da oferta doméstica e regional.
A Qby, por sua vez, deve ganhar tração à medida que os agentes se acostumam com a plataforma e exploram seus recursos. “Investimos em tecnologia para permitir que o agente construa roteiros e faça reservas de forma ágil e completa, e estamos prestes a lançar um aplicativo que dará ao cliente final acesso a vouchers digitais e à compra de passeios no destino. Isso deve aumentar a usabilidade e as conversões”, explicou Ferraz.
Produtos em alta e comportamento do consumidor
Entre os produtos que mais surpreenderam no semestre, estão os cruzeiros de super luxo e expedição, que tiveram alta demanda, além da própria Disney, que segue na prateleira com resultados expressivos. O GBM manteve relevância, com roteiros autorais que atraem clientes acima de 55 anos, interessados em segurança, companhia e experiências culturais profundas. “Hoje, o GBM é um produto de estilo de vida. Temos passageiros que viajam conosco há mais de dez vezes”, comentou Guimarães.
Novos formatos também ganharam espaço, como o pacote de experiência no Egito conduzido pelo repórter de viagens da GNT, Luís Nachbin, que mistura público jovem e casais, combinando entretenimento e imersão cultural.
Para a BeFly, a mudança no perfil do viajante não é restrita ao Brasil. “Depois da pandemia, o consumidor global busca viver com mais intensidade e propósito. A experiência se tornou prioridade, seja em um navio de expedição, seja em um evento como a Fórmula 1, que hoje oferece muito mais que assistir a uma corrida”, pontuou Ferraz.
Ajustes no internacional
O cenário internacional, no entanto, exigiu adaptações. O aumento do IOF para 3,5% nas operações de câmbio e compras internacionais, aliado às taxas de juros elevadas, impactou o planejamento de viagens ao exterior, levando muitos clientes a ajustar duração, categoria de hospedagem e até substituir destinos por opções mais competitivas.
Nesse contexto, Brasil e América do Sul ganham espaço. “O Brasil e a América do Sul ganham força nesse cenário, e a Argentina, por exemplo, que oficializou o Tax Free de 21% para turistas estrangeiros, criando oportunidades para mais viagens frequentes”, observou Ferraz.
Ainda assim, produtos de longo curso continuam relevantes. No longo curso, a decisão de investir no visto americano – que deve ter custo adicional – pode estimular múltiplas viagens aos Estados Unidos ao longo de sua validade. A Europa, apesar da futura exigência do visto eletrônico, segue como alternativa competitiva, especialmente quando a paridade cambial com o dólar se aproxima.
Olhar para a frente
A proximidade com o trade é um dos diferenciais do grupo. A BeFly mantém 100 executivos comerciais pelo país, apoiados por uma estrutura de 600 atendentes especializados, e realiza roadshow duas vezes ao ano, rodando 30 cidades brasileiras para apresentar produtos e estreitar relações com as agências. Além disso, participa de mais de 15 feiras do setor anualmente e promove ações personalizadas com parceiros, como grupos exclusivos e eventos corporativos.
Entre 26 e 29 de agosto, Curitiba receberá a primeira convenção unificada da BeFly, reunindo quase todas as marcas do ecossistema, incluindo redes de franquias, operadoras e consolidadoras, com público estimado em 900 participantes.
Para 2026, a aposta é reforçar o caráter exclusivo dos produtos, sem necessariamente associar isso a alto custo. “Exclusivo é o que é diferente, é o que oferece algo a mais. Nosso tagline é ‘viagens com um ‘quê’ a mais’, e isso resume o que buscamos entregar: um detalhe extra, um acesso único ou uma experiência que torne a viagem inesquecível”, afirmou Guimarães.
A tendência de consumo aponta para experiências imersivas, destinos menos óbvios e formatos personalizados para pequenos grupos e famílias, segundo o gestor.
Esta reportagem integra a série Especial Operadoras, tema de capa da edição de agosto do Brasilturis Jornal. Ao longo do mês, apresentaremos entrevistas exclusivas com executivos das principais empresas do setor, revelando estratégias, resultados, tendências e perspectivas para o mercado de viagens no Brasil e no exterior.