A Organização das Nações Unidas (Onu) orientou que suas agências internas reduzam o tamanho das delegações que participarão da COP30, em Belém, marcada para novembro. O secretário-executivo da Convenção do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, assinou a notificação enviada às equipes, justificando a recomendação pelo elevado custo das hospedagens na cidade. O documento sugere que parte dos representantes acompanhe as negociações virtualmente.
A orientação surge em meio às discussões sobre os preços das diárias durante a conferência, que chegam a valores considerados acima da média, sobretudo por países em desenvolvimento. Segundo a Secretaria Extraordinária para a COP30 (Secop), 71 países já confirmaram hospedagem em Belém, número que representa pouco mais de um terço das delegações possíveis. A preocupação é que os custos possam limitar a presença de nações de menor orçamento, comprometendo a diversidade de vozes no encontro.
Na última sexta-feira (12), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o governo federal busca mecanismos legais para conter práticas abusivas e assegurar participação ampla. “Já disponibilizamos algo em torno de 10 a 15 habitações para cada país vulnerável a preços acessíveis”, afirmou. A Secop reforçou que os alojamentos ofertados variam entre US$ 100 e US$ 200 por dia, em linha com os valores observados em edições anteriores do evento.
A Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) também acionou a Justiça contra plataformas de hospedagem, alegando falhas no atendimento às recomendações de controle de preços. O órgão busca garantir um ambiente de consumo mais justo, que viabilize a presença de representantes da sociedade civil. A ação foi direcionada contra empresas como Booking e Agoda.
O governo estadual, por sua vez, informou que houve queda média de 31% nas tarifas de hospedagem em imóveis e quartos disponíveis em plataformas digitais. A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, destacou que o número de delegações confirmadas dobrou em setembro e que os trabalhos seguem em conjunto com o governo federal.
Apesar das medidas, países europeus como Polônia e Estônia reiteraram preocupação com os valores praticados. Representantes chegaram a mencionar dificuldades em manter parte das delegações diante de tarifas consideradas “sem precedentes”. Já a Suíça optou por complementar a oferta hoteleira com contratos diretos com proprietários locais, garantindo todas as acomodações para sua equipe.