A 7ª edição do Fórum Nacional da Hotelaria (FNH), promovido pelo FOHB nesta segunda-feira (15), em São Paulo, contou com a apresentação de Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, que trouxe um panorama detalhado da hotelaria brasileira. O estudo, realizado em parceria com o FOHB, apontou tendências positivas para o setor, como alta de diárias acima da inflação, mas também desafios relacionados à oferta, ao custo de construção e à necessidade de planejamento dos destinos.
Ocupação estável, mas tarifas em alta
De acordo com Vasques, a ocupação hoteleira nacional se mantém próxima aos níveis de 2019, mesmo após quase três anos de estabilidade. No entanto, as diárias médias cresceram 5,3% em termos reais no primeiro semestre de 2025, chegando a 10% de aumento em valores nominais.
Esse movimento, explicou, está diretamente ligado ao aumento dos custos de construção e de capital. “Se fôssemos corrigir apenas pela inflação, a remuneração dos investimentos não se sustentaria. As tarifas precisam subir acima da inflação para compensar a elevação do custo de implantação”, afirmou.
Destaques regionais
Entre as dez principais capitais analisadas, quatro registraram crescimento de ocupação, três mantiveram estabilidade e outras três apresentaram leve retração. O Rio de Janeiro e Porto Alegre se destacaram com desempenhos robustos, enquanto São Paulo apresentou queda justificada pela base forte de 2024, quando grandes eventos e shows impulsionaram a demanda.
No recorte por indicadores, o RevPAR nacional subiu 8%, com destaque para o Rio de Janeiro, que alcançou quase 40% de alta nominal. Salvador também figurou entre os destaques positivos, enquanto Manaus e São Paulo tiveram crescimento mais modesto.
Novos investimentos: interior em foco
O levantamento mostrou que, no final de 2024, havia 22 mil quartos em construção nos mercados urbanos, envolvendo um total estimado de R$ 10 bilhões em investimentos. No entanto, 26 projetos foram cancelados e outros 20 inaugurados, restando um saldo líquido de novos contratos assinados para 2025.
Segundo Vasques, a maioria dos novos empreendimentos está localizada em cidades secundárias e terciárias, com foco no segmento super econômico. Além disso, cresce o modelo de franquias, que hoje já supera a gestão tradicional na expansão das redes.
Outro dado relevante é que boa parte dos novos hotéis tem sido construída com capital próprio dos empreendedores, sem apoio de financiamento bancário. Esse alinhamento de risco, destacou, demonstra a confiança de investidores locais, mas também expõe barreiras financeiras para maior expansão.
Tendências e novos players
Entre as tendências apontadas, Vasques destacou o aumento de projetos integrados a complexos imobiliários e a chegada de fundos de investimento internacionais ao mercado brasileiro. “Esses grupos trazem boas práticas de gestão e capacidade de investimento, além de criarem alternativas de saída para os investidores hoteleiros no futuro”, explicou.
Outro ponto ressaltado foi a importância do turismo internacional. Com o dólar em alta, o Brasil se torna mais competitivo para estrangeiros, ao mesmo tempo em que atrai turistas nacionais que reduzem viagens ao exterior. Esse cenário tem estimulado a expansão da hotelaria de lazer em destinos como Alagoas e Bahia.
Desafios para o futuro
Apesar do cenário positivo, o executivo alertou para o risco de crescimento desordenado em destinos sem capacidade institucional para absorver o aumento da demanda. “Se não houver planejamento e gestão, o destino atinge sua capacidade de carga e entra em declínio. Precisamos transformar potencial em desenvolvimento sustentável”, concluiu.