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Maurício Herschander
Maurício Herschander
Repórter - E-mail: mauricio@brasilturis.com.br

Recuperação judicial da 123 Milhas completa dois anos sem assembleia de credores

Especialista alerta que, se aprovado, plano exigirá rápida escolha de modalidades de pagamento, sob risco de atrasar recebimento por mais de uma década

O processo de recuperação judicial do grupo 123 Milhas, que engloba também as empresas Maxmilhas, Art Viagens (HotMilhas), Novum e LH Lance Hotéis, alcançou em 29 de agosto a marca de dois anos sem a realização da assembleia de credores. A demora chama a atenção de especialistas, já que a legislação prevê, em média, um prazo de até 180 dias para essa etapa.

Segundo a advogada Mara Denise Poffo Wilhelm, sócia-diretora do escritório Wilhelm & Niels Advogados Associados, a situação é atípica no cenário jurídico brasileiro. “Logo após o protocolo, o juiz responsável deferiu o processamento e nomeou administradores judiciais, fixando honorários de 4% sobre o valor sujeito à recuperação. No entanto, um agravo de instrumento do Ministério Público solicitou que fosse feita antes uma constatação prévia, bem como reduzidos os honorários fixados, ou seja, perícia que verifica o funcionamento das empresas, a documentação contábil e a viabilidade do pedido”, explicou.

Esse pedido levou à suspensão do processo por meses, somando-se a episódios de substituição e recondução de administradores judiciais, o que atrasou ainda mais o andamento. O plano de recuperação só foi protocolado em dezembro de 2024 e recebeu impugnações de diversos credores, permanecendo até agora sem votação marcada em assembleia.

Condições do plano

O documento apresentado pela 123 Milhas prevê condições distintas de pagamento para cada classe de credores. Os trabalhistas teriam direito a receber em 12 parcelas mensais, a partir da homologação do plano. Para micro e pequenas empresas, créditos de até R$ 100 mil seriam pagos no mesmo formato, enquanto valores maiores teriam carência de cerca de seis anos e meio, quitados em oito parcelas trimestrais.

No caso dos credores quirografários, a carência também é de aproximadamente seis anos e meio, com pagamento em 12 parcelas semestrais. O plano inclui ainda mecanismos alternativos, como cashback de 4% em novas compras de passagens, hospedagens ou venda de milhas, limitado a R$ 80 milhões. Há também a opção de desconto de 40% para quem optar pelo pagamento em um ano e meio, ou recebimento reduzido de R$ 450, pago em dois anos, ambos com limites de adesão.

Alerta aos credores

Mara Denise Poffo Wilhelm destaca que, caso o plano seja homologado, os credores terão apenas 15 dias úteis para escolher uma modalidade de recebimento. “Quem não se manifestar poderá começar a receber apenas em 12,5 anos, em oito parcelas semestrais. É fundamental acompanhar de perto o processo e, se possível, contar com orientação profissional para garantir a melhor opção”, reforça.

Com passivo próximo a R$ 1,6 bilhão quando ingressou com o pedido em agosto de 2023, a 123 Milhas envolve uma ampla gama de credores, incluindo consumidores, fornecedores, instituições financeiras e pequenas empresas. O desfecho do processo será decisivo para determinar como – e em quanto tempo – cada parte terá acesso aos valores devidos.

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