São Paulo (SP) – O Brasil voltou a ocupar posição de destaque na estratégia internacional de Washington D.C. Os números falam por si: em 2024, a capital norte-americana recebeu 52 mil visitantes brasileiros, resultado que representou crescimento de 10% em relação ao ano anterior e consolidou o País como o 12º mercado internacional mais relevante para o destino. Para este ano, a projeção da Destination DC (DDC) é de um novo avanço de aproximadamente 5%, confirmando a resiliência do brasileiro em um cenário global de maior cautela.
Esses dados, apresentados durante talk show mediado por Ana Maria Donato, CEO da Imaginadora — representante oficial da DDC no Brasil —, pautaram a conversa com Elliott Ferguson, presidente e CEO da entidade. Mais do que resultados, eles reforçam a decisão da organização de retomar com força as ações no mercado brasileiro, após um hiato iniciado em 2017 e intensificado pela pandemia.
“Mesmo quando outros mercados mostram sinais de retração, o Brasil tem se destacado. É um público que continua viajando, consumindo e buscando novas experiências nos Estados Unidos”, afirmou Ferguson.
A retomada do Turismo de Washington D.C. ganha forma por meio de uma agenda ampliada de relacionamento com o trade. Desde 2023, quando a DDC ensaiou o retorno com eventos de menor porte, a Imaginadora já capacitou mais de 10 mil agentes de viagens brasileiros, reposicionando a capital como destino de lazer, cultura e negócios. Em 2025, as iniciativas se expandem: a estratégia combina campanhas de marketing, treinamentos presenciais e online, além de ações conjuntas com operadoras para destacar os diferenciais da cidade.

Entre os pontos mais enfatizados está a diversificação da oferta. Ferguson frisou que Washington precisa ser percebida para além do circuito de museus e monumentos. A proposta é mostrar uma metrópole vibrante, com mais de cem experiências distintas que passam por vida noturna, rooftops, gastronomia multicultural reconhecida pelo Guia Michelin e calendário de eventos de peso. A gratuidade de grande parte das atrações é vista como argumento especialmente relevante para o público brasileiro, já que abre espaço para direcionar recursos a hospedagens de categoria superior e a compras.
O executivo destacou também a conectividade como trunfo. O voo direto entre São Paulo e Washington, operado diariamente, é um dos pilares para o crescimento da demanda, somado à facilidade de acesso a Nova York, Filadélfia e Boston por meio de trens de alta velocidade. Esse diferencial se tornará ainda mais valioso em 2026, quando os Estados Unidos sediarão a Copa do Mundo da FIFA. Washington não receberá partidas, mas deverá se beneficiar da proximidade com cidades-sede, oferecendo tarifas mais competitivas e servindo como base para os visitantes que buscarão combinar futebol com experiências culturais.
Washington D.C. também se prepara para outro marco: as comemorações dos 250 anos da Independência americana. A partir de janeiro de 2026, Washington sediará uma programação ampliada, que se somará a eventos já consagrados, como o Cherry Blossom Festival, o Passport DC, o 4 de Julho e o Jazz Festival. Ferguson aposta que a combinação entre Copa, celebrações históricas e calendário cultural ampliará a atratividade da cidade.
Vínculo com o mercado brasileiro
No ambiente B2B, a Destination DC mantém uma frente robusta. Há 17 anos, a entidade conta com uma equipe especializada no segmento MICE, responsável por captar congressos e convenções internacionais. Segundo Ferguson, Washington se diferencia por aliar infraestrutura de ponta a um ecossistema acadêmico e científico de peso, que fornece conteúdo qualificado e diversidade de speakers para eventos corporativos.
“Trabalhamos com incentivos específicos para operadores e organizadores que escolhem a cidade. Nosso objetivo é consolidar Washington como hub de negócios e conhecimento”, reforçou.

Além de produtos e infraestrutura, o posicionamento do destino também se ancora em valores contemporâneos. A diversidade é parte central dessa narrativa: mais de 14% da população local se identifica com a comunidade LGBTQIA+, e a cidade abriga expressivas comunidades internacionais, como a maior população etíope e salvadorenha fora de seus países de origem. A DDC ainda é uma das poucas organizações de marketing de destino com uma área dedicada exclusivamente à sustentabilidade, o que amplia a atratividade em um mercado cada vez mais sensível a práticas ESG.
Para o trade brasileiro, a mensagem é clara: Washington D.C. oferece uma combinação única de conectividade, custo-benefício, produtos diferenciados e acolhimento. O crescimento registrado em 2024 e a previsão de alta para 2025 reforçam a oportunidade de reposicionar a cidade nos portfólios de lazer e corporativo.
“Queremos que os brasileiros reconheçam Washington não apenas como capital política dos Estados Unidos, mas como um destino completo, capaz de entregar experiências que unem cultura, negócios e hospitalidade”, concluiu Ferguson.