A Ryanair anunciou a redução de sua malha na Espanha em cerca de dois milhões de assentos em 2025, com a previsão de novos cortes caso seja confirmada a alta de 6,5% nas taxas aeroportuárias administradas pela Aena, estatal espanhola.
A companhia já havia reduzido 800 mil assentos no verão e um milhão em setembro. Com a nova decisão, sua base em Santiago será fechada, e rotas para Vigo e Tenerife Norte serão suspensas a partir de janeiro de 2026. Também haverá reduções em Asturias, Santander, Zaragoza e Vitoria.
“Estou de volta a Madri em duas semanas e provavelmente anunciarei mais um milhão de assentos cancelados no próximo verão”, declarou Michael O’Leary, CEO da Ryanair, ao Financial Times. Segundo ele, os aumentos da Aena são “excessivos e não competitivos”.
O governo espanhol rebateu a posição da aérea. O ministro dos Transportes, Óscar Puente, afirmou no parlamento que “a Ryanair reclama de um aumento de 0,68 euros por bilhete, mas elevou suas tarifas em 21% este ano”. O ministro acrescentou que “não é verdade que estejam deixando os aeroportos por falta de rentabilidade”.
Competição aumenta
O espaço deixado pela Ryanair na Espanha está sendo ocupado por concorrentes. A Vueling, companhia do International Airlines Group (IAG), programou quase 1,5 milhão de assentos para a Espanha neste inverno europeu, com alta de 15% em Santiago e 11% em Tenerife Norte em relação ao ano anterior.
Serão mais de 578 mil assentos em Santiago e quase 900 mil em Tenerife. A partir de dezembro, um novo avião será baseado em Santiago, permitindo 28 voos semanais adicionais para destinos como Barcelona, Mallorca e Málaga. Em Tenerife Norte, haverá 25 frequências extras para cidades como Valência, Alicante e Barcelona.
Iberia Express e Binter também vão ampliar operações, enquanto Volotea e Wizz Air devem assumir parte dos slots liberados pela Ryanair. A Wizz Air projeta lançar 40 novas rotas a partir da Espanha até março de 2026. Apenas Vueling, Iberia Express e Binter devem acrescentar mais de 430 mil assentos em comparação ao inverno anterior.
Turismo segue em expansão
As mudanças ocorrem em meio ao crescimento do turismo na Espanha, que recebeu 11 milhões de visitantes internacionais em julho — recorde mensal. No acumulado de janeiro a julho de 2025, foram 55,5 milhões de turistas, com gastos superiores a 76 bilhões de euros.
O Reino Unido permanece como principal mercado emissor, com quase seis milhões de visitantes no período, alta de 4,6% sobre 2024. As Ilhas Canárias receberam mais de 1,6 milhão de britânicos até julho.
Companhias do Reino Unido também ampliam oferta. Dados da Cirium indicam que agosto de 2025 terá recorde de assentos entre Reino Unido e Europa, somando quase 12 milhões. A Jet2, que levou 2,4 milhões de britânicos às Canárias em 2024, vai aumentar a capacidade em 8% no verão, incluindo rotas de Bournemouth e Londres Luton.
Impactos para os viajantes
Os maiores efeitos dos cortes da Ryanair serão sentidos nos aeroportos regionais espanhóis, onde a companhia reduziu parte significativa da oferta. Nos principais destinos, no entanto, outras companhias estão ocupando o espaço, mantendo alternativas de conectividade, ainda que com possibilidade de aumento gradual nos preços.