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Rafael Destro
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Redator - E-mail: Rafael@brasilturis.com.br

HSMAI Conference: hotelaria vive moderação econômica e necessidade de eficiência

Em palestra na HSMAI Strategy Conference, Giovana Menegotto detalha impactos do cenário internacional incerto, desaceleração do PIB brasileiro, juros ainda elevados e desafios fiscais sobre o desempenho do turismo e da hotelaria

São Paulo (SP) – A 12ª HSMAI Strategy Conference abriu a programação com uma apresentação sobre o ambiente macroeconômico atual e seus reflexos diretos para a hotelaria. Giovana Menegotto, doutora e mestre em Economia Aplicada pela UFRGS, conduziu a palestra “Cenário macro e Hotelaria: Back Office da Economia e Insights Setoriais”, contextualizando como as mudanças globais, a política econômica brasileira e a dinâmica de consumo devem moldar o desempenho do setor nos próximos anos.

Panorama internacional traz mais dúvidas que certezas

Giovana iniciou com o panorama internacional, marcado por uma combinação de incertezas geopolíticas e volatilidade econômica. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, somada à agenda de tarifas e à instabilidade institucional, recolocou o mundo em um patamar de imprevisibilidade semelhante ao observado durante a pandemia.

Segundo a economista, essa volatilidade na maior economia do planeta afeta diretamente o fluxo global de capitais, o comportamento das moedas e, por consequência, países emergentes como o Brasil.

Cenário doméstico é preocupante

No cenário doméstico, o Brasil também opera em ritmo mais lento. Embora o PIB tenha crescido com força em 2023 e no início de 2024 devido ao agronegócio, o impulso já perdeu tração. A estimativa apresentada por Giovana aponta crescimento de 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026, com desaceleração consistente da indústria e dos serviços. Apesar disso, medidas de estímulo, como correção real do salário mínimo, mudanças no Imposto de Renda e programas de crédito, tendem a dar algum fôlego ao consumo no início do ano que vem.

A inflação, por sua vez, começa a convergir para a banda superior da meta, abrindo espaço para cortes de juros. A Selic deve iniciar trajetória de queda em 2026, mas continuará em patamar restritivo, retardando o impacto positivo sobre investimentos. O câmbio valorizado é um ponto favorável para o setor, mas, segundo a economista, “o real está mais forte por sorte”, resultado muito mais do enfraquecimento internacional do dólar do que de um mérito direto da economia brasileira.

A questão fiscal, entretanto, é o eixo de maior preocupação para o médio prazo. O país opera com déficits recorrentes, arrecadação insuficiente frente aos gastos públicos e uma dívida bruta em trajetória ascendente. A economista destacou que nem o atual governo e nem os possíveis candidatos para 2026 sinalizam mudanças estruturais significativas nesse campo. “É uma âncora problemática que limita o potencial de juros estruturalmente mais baixos”, alertou, lembrando que esse ambiente reduz previsibilidade e eleva a cautela do mercado — e dos próprios consumidores.

Tendências e economia na hotelaria

No recorte setorial, Giovana conectou os elementos macroeconômicos ao comportamento da hotelaria. O índice de atividades turísticas do IBGE mostra expansão (6,6% no Brasil e 6,8% em São Paulo no acumulado do ano), mas sem aceleração. Isso indica resiliência, embora o setor avance sem novos impulsos. A oferta hoteleira tende a crescer lentamente devido ao crédito caro e à dificuldade de financiar novos projetos, o que pode aliviar pressões sobre tarifas médias. Já a demanda dependerá do comportamento das famílias ( uma maior renda representa menor sensibilidade ao cenário econômico) e da movimentação do corporativo, historicamente fundamental para as principais praças, especialmente São Paulo.

A palestrante também chamou a atenção para dois pontos adicionais que devem impactar os custos operacionais nos próximos anos: o fim do Perse, que já está gerando ações judiciais, e a obrigatoriedade, a partir do começo de 2026, de discriminar na nota fiscal os novos tributos decorrentes da reforma tributária (CBS e IBS).

Ao concluir, Giovana Menegotto reforçou que, diante de um ambiente de “rio com correnteza”, o setor precisará navegar com precisão, investindo em eficiência operacional, diferenciação competitiva, infraestrutura, fidelização e gestão estratégica de canais. “O cenário não é de crise, mas de moderação. E, quando não conseguimos enxergar muito à frente, precisamos ser mais cautelosos e planejar melhor”, finalizou.

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