A Motiva anunciou a venda integral de sua plataforma de aeroportos ao Grupo Aeroportuario del Sureste (ASUR), operador de 16 terminais no México e na América Latina. Avaliada em R$ 11,5 bilhões, a transação inclui R$ 5 bilhões em equity e R$ 6,5 bilhões em dívidas líquidas referentes à alienação de 100% das ações da CPC Holding, que reúne os 20 aeroportos administrados pela companhia. O negócio depende de aprovação da Anac e de órgãos concorrenciais, com conclusão prevista para 2026.
Miguel Setas, CEO da Motiva, afirma que a operação marca um avanço no plano estratégico Ambição 2035 e reforça a estratégia de simplificação do portfólio. Segundo ele, “ao avançarmos na reciclagem de capital e simplificarmos o nosso portfólio, ampliamos a nossa capacidade de investimento nos segmentos estratégicos para nossa companhia, em especial de rodovias e trilhos”. O executivo destaca que o negócio “vai destravar valor em nosso portfólio e simplificar nosso modelo de negócio”.
A plataforma negociada reúne 20 aeroportos, sendo 17 no Brasil e três em outros países da região, totalizando 47 milhões de passageiros anuais, mais de 200 rotas regulares e 524 mil toneladas de carga. Entre os ativos estratégicos estão Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia. Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre, o negócio registrou receita líquida de R$ 2,565 bilhões e EBITDA de R$ 1,301 bilhão, com margem de 51%.
Com o fechamento da venda, a alavancagem consolidada da Motiva deve cair de 3,5 vezes para menos de 3,0 vezes, ampliando a capacidade financeira para disputar um pipeline estimado em R$ 160 bilhões em concessões rodoviárias, metroferroviárias e de mobilidade urbana. Para Waldo Perez, vice-presidente financeiro e de relações com investidores e presidente da Motiva Aeroportos, “a operação reforça o nosso compromisso com a disciplina de capital e a seletividade na alocação de recursos”, destacando que o negócio praticamente zera o endividamento líquido da holding.
O Ministério de Portos e Aeroportos também foi informado sobre a aquisição. Para o ministro Silvio Costa Filho, a entrada de um novo operador fortalece a aviação brasileira e amplia a competitividade do setor. Ele ressaltou que a transação “vai ampliar as relações comerciais entre Brasil e México e fortalecer o turismo de negócios e de lazer entre os dois países”.
Vale explicar que a Motiva segue responsável pelas operações até a conclusão do processo, mantendo contratos, equipes e investimentos. A venda sucede outras iniciativas de otimização do portfólio, como a desmobilização da operação de Barcas (RJ) e ajustes contratuais na BR-163/MS.



