O turismo do descanso profundo, tendência que se consolida em diversos destinos internacionais, começa a ganhar força no Brasil ao propor experiências que vão além do lazer e priorizam a recuperação real da mente e do corpo. Em um cenário em que a rotina acelerada e a sensação de estar sempre “on” se tornaram comuns, viajantes buscam espaços dedicados ao silêncio, ao sono restaurador e à reconexão com o essencial, de retiros no deserto do Atacama a spas alpinos na Áustria.
No país, um dos exemplos mais representativos desse movimento é o Shambhala Spa, em Paraty. Instalado em um casarão histórico do Quadrado Mágico, o espaço combina tradição oriental, natureza e práticas terapêuticas para oferecer uma pausa que ultrapassa o relaxamento físico. O ambiente, marcado pela arquitetura colonial, pelo jardim interno e pelo aroma dos óleos essenciais, foi concebido como um refúgio de desaceleração. Segundo o idealizador do projeto, Hans Neus, o local nasceu como um espaço de pausa profunda, influenciado pelos cinco anos em que sua família viveu em Cingapura e teve contato direto com o conceito de SPA holístico asiático.
Fundado em 2008, o Shambhala Spa reúne massagens, rituais terapêuticos e banhos inspirados em medicinas tradicionais da Índia, China, Tailândia e Indonésia. A proposta é criar uma experiência sensorial completa, na qual o tempo desacelera e o corpo acompanha. A tendência cresce globalmente impulsionada pelo aumento dos casos de burnout e fadiga emocional, que têm levado viajantes a buscar formas de bem-estar ligadas ao recolhimento, e não ao desempenho.
Em Paraty, o descanso profundo deixa de ser luxo e se torna destino. O movimento reforça uma mudança no turismo contemporâneo: transformar viagens em rituais de presença, em vez de corridas por atividades. Porque, hoje, o verdadeiro privilégio pode ser simplesmente — descansar de verdade.

