A possibilidade de flexibilização do limite de passageiros no Aeroporto Santos Dumont reacendeu o debate sobre a coordenação do sistema aeroportuário do Rio de Janeiro. A Firjan e a Fecomércio-RJ se posicionaram publicamente contra a ampliação do número de voos no terminal, afirmando que a medida pode comprometer a recuperação do Aeroporto Internacional do Galeão e gerar impactos negativos para a economia fluminense.
O tema voltou à pauta após declarações do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que confirmou a intenção de elevar o teto de passageiros do Santos Dumont a partir de 2026. Atualmente, o aeroporto opera com limite anual de 6,5 milhões de passageiros, estabelecido no fim de 2023 como parte de uma política pública para redistribuir o fluxo aéreo na capital fluminense.
Para a Fecomércio-RJ, a eventual flexibilização representa um risco ao equilíbrio do sistema. Segundo a entidade, Santos Dumont e Galeão operam de forma complementar, e o aumento de voos em um dos terminais tende a esvaziar o outro. “Quando sobra para um lado, falta para o outro. O Galeão é o maior aeroporto do Brasil, com maior capacidade e pistas mais extensas, e vem apresentando resultados expressivos desde a adoção do modelo atual”, afirmou Delmo Pinho, engenheiro da federação.
Dados da Infraero e da concessionária RioGaleão reforçam o argumento das entidades. Após a imposição do teto no Santos Dumont, o volume anual de passageiros no terminal central caiu de 10,9 milhões para 5,7 milhões, enquanto o Galeão mais que dobrou sua movimentação, passando de 6,8 milhões para 16,1 milhões. No total, o número de passageiros nos aeroportos do Rio cresceu 23%, de 17,7 milhões em 2023 para 21,8 milhões em 2025.
A Firjan também destaca os efeitos positivos para a economia estadual. Segundo Isaque Ouverney, gerente de infraestrutura da entidade, a coordenação entre os aeroportos contribuiu para crescimento acima da média nacional no transporte de passageiros domésticos, no fluxo internacional e no volume de cargas. “O Galeão tem vocação para ser o hub internacional do Rio, enquanto o Santos Dumont cumpre um papel estratégico na conexão doméstica. Essa lógica precisa ser preservada”, avaliou.
Do outro lado, o Ministério de Portos e Aeroportos e a Anac defendem que a ampliação está prevista no acordo firmado em junho de 2025 com o Tribunal de Contas da União, no âmbito da repactuação do contrato de concessão do Galeão. A agência reguladora afirma que o processo é transparente e que qualquer mudança busca garantir a sustentabilidade do sistema, especialmente diante da relicitação do aeroporto internacional, prevista para 2026.
Apesar disso, as federações empresariais mantêm a defesa do limite atual. Para elas, a manutenção do teto no Santos Dumont é fundamental para preservar a retomada do Galeão, fortalecer a conectividade internacional do Rio de Janeiro e assegurar impactos positivos para o turismo, o comércio e os serviços. O tema segue em discussão e deve permanecer no centro do debate sobre a política aeroportuária fluminense ao longo de 2026.






