O setor aeroportuário brasileiro investiu R$ 350,5 milhões em ações ambientais, sociais e de governança (ESG) entre 2023 e 2024, segundo o Diagnóstico de Sustentabilidade realizado pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) em parceria com a Associação de Terminais Portuários Privados (ATP). O levantamento, que analisou dez empresas responsáveis por 83,6% do transporte aéreo nacional, apontou adesão total a projetos de descarbonização, regularização ambiental, iniciativas sociais e medidas de combate ao assédio.
Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, afirmou que a Política de Sustentabilidade “vai muito além de intenções”, destacando o compromisso do ministério em integrar práticas sustentáveis. “Nossos esforços têm o objetivo de promover o transporte sustentável, reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor e adotar tecnologias e práticas inovadoras para fomentar a descarbonização, além de contribuir para garantir um ambiente igualitário e inclusivo”, declara.
De acordo com Larissa Amorim, diretora de Sustentabilidade do MPor, o levantamento confirma o avanço do setor na pauta. “O Diagnóstico de Sustentabilidade demonstra um crescente engajamento do setor aéreo na agenda ESG. Não apenas com investimentos, mas na adesão a pilares fundamentais como projetos de descarbonização, regularização ambiental, compliance e combate ao assédio”, afirma. Ela acrescenta que o setor “investe no social e já possui uma governança robusta, alinhando-se à Política de Sustentabilidade e aos esforços do MPor para viabilizar a transição energética”.
O eixo social concentrou o maior volume de recursos, com R$ 195,8 milhões. Todas as empresas analisadas mantêm projetos sociais, canais de comunicação com a comunidade e ações de combate ao assédio. Entre as iniciativas destacam-se salas multissensoriais para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) ou hipersensibilidade sensorial e programas de equidade de gênero, com adesão de 70%.
Na área ambiental, foram aplicados R$ 138,4 milhões em projetos de descarbonização e regularização ambiental, além de inventários de emissões realizados por 90% das empresas. As medidas incluem a substituição de fontes fósseis por alternativas elétricas, instalação de usinas fotovoltaicas e sistemas de apoio elétrico a aeronaves em solo. Parte dessas ações é certificada por programas internacionais como o Airport Carbon Accreditation (Aca).
No eixo de governança, os investimentos somaram R$ 16,3 milhões. Todas as empresas possuem setores de compliance e realizam auditorias externas. O estudo aponta, contudo, que há espaço para avanço em certificações de qualidade e adesão a índices de sustentabilidade corporativa.
O diagnóstico geral dos setores portuário, de navegação e aeroportuário mostra que as ações ESG geraram mais de 120,5 mil empregos diretos e beneficiaram 11,3 milhões de pessoas. O MPor também atua na articulação da transição energética do setor aéreo e na produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), em alinhamento com a Lei do Combustível do Futuro (Lei 14.993/24).
Entre as medidas, o Ministério criou o Fórum de Transição Energética na Aviação Civil (Fotea) e firmou parcerias técnicas com o Centro de Pesquisas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no valor de R$ 11,46 milhões, e com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), de R$ 1,24 milhão, para ampliar estudos e análises voltados à redução de emissões no setor.