Um estudo realizado pela Onfly, maior travel tech B2B da América Latina, revela que o cenário das viagens corporativas continua pressionado por fatores regulatórios e tributários, mesmo diante de reduções nas tarifas-base. A análise, que considera o período entre agosto de 2023 e agosto de 2025, mostra que o valor médio das passagens corporativas caiu apenas 3,1%, influenciado pelo aumento expressivo das taxas e impostos, que chegaram a acumular alta de 33,7% no período.
Segundo os dados, o ticket médio, incluindo tarifas e taxas, passou de R$ 828,68 em 2023 para R$ 803,07 em 2025. No entanto, a trajetória das taxas evidencia o peso no orçamento das empresas: entre 2023 e 2024, o avanço foi de 54,6%, subindo de R$ 41,94 para R$ 64,82. Embora em 2025 tenha ocorrido um recuo de 14,6% (R$ 55,37), os valores ainda permanecem 32% acima do registrado dois anos antes.
“Embora as tarifas base tenham registrado queda, o impacto das taxas adicionais é expressivo e pode anular boa parte desse benefício. Ou seja, para o passageiro corporativo, o valor final da viagem nem sempre reflete a redução no preço total da viagem”, afirma Rafael Cunha, head de Dados da Onfly.
O levantamento também avaliou o impacto da antecedência na compra de bilhetes. Em 2024, passagens adquiridas até 10 dias antes da viagem subiram 8,4%, enquanto aquelas compradas com maior antecedência registraram alta de 3,4%. Em 2025, o cenário foi semelhante: aumentos de 8,1% nas compras antecipadas e de 40,6% nas taxas para reservas de última hora, em comparação a 2023.
No caso dos voos nacionais, o ticket médio caiu 3,6% em 2024, mas voltou a subir 6,4% em 2025 devido à aplicação do novo IOF doméstico, resultando em um aumento acumulado de 2,5% frente a 2023. As taxas chegaram a subir 30,1% em 2024 e, mesmo com a queda de 15,9% em 2025, ainda se mantêm acima do patamar prévio. Já nos internacionais, houve alta de 2% em 2024 e queda de 5,1% no ano seguinte, mas as taxas ainda acumulam crescimento de 33,7% desde 2023.
As viagens para os Estados Unidos refletem de forma clara os efeitos do chamado tarifaço internacional e da alta cambial. Em 2024, as tarifas recuaram 2,4%, mas as taxas subiram 56,7%. Já em 2025, o ticket médio avançou 7% e as taxas diminuíram 14,7%, resultando, no acumulado, em alta de 4,5% no ticket e de 33,7% nas taxas.
Para Cunha, esse movimento mostra que, mesmo com oscilações anuais, os custos seguem em patamares elevados. Ele ressalta ainda que o tarifaço comercial imposto pelos Estados Unidos em 2025 não incide sobre passagens aéreas, mas afeta indiretamente o setor por meio da pressão cambial e do impacto sobre exportadores, que compõem parcela importante da demanda corporativa.