Em uma breve conversa com o Brasilturis Jornal, Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, justificou a atual situação do congelamento da temporada dos cruzeiros, além de explicar alguns dos alinhamentos que estão sendo feitos para suprimir a repercussão negativa da crise sanitária do setor. Primeiro de tudo, foi destrinchado a questão das “divergências em interpretações” com relação aos protocolos de segurança implementados por cada empresa e cada estado.
Sobre isso, Marco comenta que cada estado e município conta com seus respectivos planos operacionais: não se tratam de um “protocolo de segurança” padronizado em escala nacional, como o estipulado pela Anvisa, mas são projeções de como cada um dos 12 municípios e 5 estados monitorarão a situação da pandemia no local e, por conseguinte, que medidas serão tomadas para os infectados (alojamento em hotéis ou na própria residência, quarentena em hospitais específicos da região, desembarque em “bolhas”, etc).
“O navio entra no nível quatro (ou seja, de risco máximo) quando é categorizado pela transmissão sustentada a bordo. […] Como os casos aumentaram, as três autoridades (agentes do município, do estado e da Anvisa) investigavam os navios para fazer a avaliação epidemiológica, e essas intervenções demoravam muito, ocasionando na proibição do embarque e desembarque das pessoas. A situação começou a ficar muito difícil, pois as experiências de viagem eram comprometidas.”
Por conta disso, eventualmente foi decidido entre os órgãos e as empresas, MSC Cruzeiros e Costa Cruzeiros, que as interrupções deveriam ser resolvidas com uma paralização temporária das operações, com a finalidade de investigar a fundo quais seriam as decisões mais eficazes a serem tomadas para mitigar os efeitos da imprevisibilidade da pandemia.
Mesmo assim, ele reitera a informação de que, de um total de aproximadamente 130 mil passageiros sendo transportados na temporada, foram cerca de 1.100 casos confirmados, o que representaria menos de 1% do total das pessoas atendidas (incluindo clientes e tripulantes).
Dentre outras soluções propostas, Marco comenta: “De repente, podemos começar a fazer as testagens de todos os passageiros no terminal, aumentar os testes de tripulantes para 100% por semana ou até mais. Muitas discussões sobre a viabilidade dessas mudanças estão sendo feitas, inclusive trazendo conhecimentos (de outros países como) dos Estados Unidos, que recentemente flexibilizaram sua temporada.”
No fim das contas, o presidente da Clia Brasil se demonstra otimista e não tira os olhos da luz ao fim do túnel: “Fora do país, a condição epidemiológica conta com um número de casos muito maior do que aqui […] mas (mesmo com um cenário pior) não houve uma paralisação geral como estamos vendo no Brasil. Por isso, realmente esperamos voltar as operações a partir do dia 5 de fevereiro.”
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