Como o turismo em geral, o setor corporativo sofreu os impactos da variante Ômicron da covid-19. A doença ganhou um capítulo mais contagioso e, por consequência, ligou o alerta dos viajantes. O ano de 2021, que aparentava fechar com ares de retomada concreta ao ano seguinte, foi o período decisivo para derrubar índices. Apesar de números positivos em novembro, de janeiro a dezembro, a retração registrada pela Abracorp foi de 61% frente 2019.
A palavra para resumir o mercado corporativo no ano passado, segundo a entidade, foi “estagnação”. Após um 2020 atípico e, no mínimo, complicado, as empresas do setor arrecadaram R$ 4.370.336.823,66 bilhões em 2021, mas ainda indicando a queda acima de 50%. Nem mesmo a recuperação de 70% dos níveis pré-pandemia em novembro foi capaz de reerguer os números.
“Tivemos um dos melhores meses dos últimos dois anos em 2021, mas, no final das contas, a Ômicron conseguiu impactar negativamente nos resultados. A maior perda foi operacional, com funcionários em quarentena e prejudicando o funcionamento dos aparatos turísticos”, explicou Gervásio Tanabe, presidente da Abracorp.
Com atuação quase total no âmbito nacional, tendo em vista os custos com quarentena e testagem fora do país pela alta do dólar, o corporativo movimento o setor aéreo doméstico.
O faturamento total do setor, segundo análise da Abracorp, chegou a quase R$ 2 bilhões no ano passado, mas com retração de 58% ante 2019. A distribuição dos voos ficou entre Azul (40,2%), Latam (31,7%) e Gol (27,9%), com tarifa média de R$ 779.
Entre outros segmentos, o estudo da associação exalta, ainda, hotelaria e locadoras. No primeiro, apesar da queda de 40% no faturamento, o destaque é o mercado de empreendimentos independentes (56,6%).
No restante da distribuição, as três redes principais no Brasil são Accor, Windsor e Atlantica Hospitality. O tempo de estadia, ressalta Tanabe, também aumentou em razão das práticas atuais do trabalho remoto.
Por fim, na locação de veículos, a boa notícia é a alta de 5,4% no faturamento de 2021 em comparação ao pré-pandemia. Com o ticket médio de R$ 90, as locadoras brasileiros desempenharam papel importante em períodos de restrições aéreas. O crescimento do turismo de proximidade e a necessidade de viajar também explicam os bons resultados.
As fatias do mercado se dividem entre Localiza (61,6%), Movida (22,6%), Unidas (3,8%), Hertz (2%) e Avis (0,2%). Outras locadoras são responsáveis por 9,8% da distribuição total.
Veja, abaixo, alguns gráficos da Abracorp a respeito do setor corporativo em 2021:
E 2022?
Em mente de que o pior cenário para 2022 seria o retrocesso aos níveis de 2020, Tanabe fala da vacinação e do conhecimento das empresas sobre a doença para explicar um certo otimismo nos negócios. A adaptação as novas formas de atuação do corporativo serão importantes, porém, as chances de estagnação equivalente ao início da pandemia são pequenas.
“Nosso trabalho é balizado na ciência e entendemos que Ômicron, por exemplo, pode transformar o cenário atual. Passaríamos de uma pandemia para epidemia ou endemia. Mas o ano ainda está começando e, como no final de 2021, ainda sentimos o impacto negativo dessa variante”, disse.
Além do arrefecimento do vírus, portanto, a Abracorp também aguarda outras questões que somam à expectativa do corporativo. Entre elas, estão os cenários político (eleições), econômico (inflação) e cambial (dólar), bem como o lobby da entidade no Imposto sobre a renda retido na fonte (IRRF), atualmente em 25%, e no PL 908.
No mais, em 2022, a atuação da associação, segundo Tanabe, se baseará em Governança para associados (princípios de valor), clientes (melhores práticas) e fornecedores (melhores práticas).
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