Um comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) decidiu, na última semana, não incluir Veneza na Lista de Patrimônio Mundial em Perigo da organização, desconsiderando recomendações de especialistas e poupando o governo italiano de um veredicto embaraçoso sobre a condição da cidade. A decisão foi definida em meio a um contexto em que algumas cidades europeias estão tomando medidas para reduzir o fluxo de visitantes. A discussão sobre a questão está chegando também ao Brasil.
Para dar um contexto, em julho, a Unesco havia avisado que a Itália não estava fazendo o suficiente para proteger a cidade da ameaça do turismo predatório e overtourism. No entanto, a entidade decidiu voltar atrás. “O Comitê de Patrimônio Mundial tomou a decisão de não incluir Veneza e sua Laguna na Lista de Patrimônio Mundial em Perigo”, afirmou a Unesco, em um comunicado enquanto o comitê se reunia em Riad, nos Marrocos.
Para Gennaro Sangiuliano, ministro da Cultura da Itália, incluir Veneza na lista teria sido um “movimento injustificado” que não se baseava em fatos objetivos e era uma decisão “puramente política”. “Portanto, Veneza não está em perigo”, comenta o ministro em um comunicado.
Veneza, conhecida por seus canais e locais culturais, tem sido ameaçada há muito tempo por inundações e turismo em massa. A cidade esteve nas manchetes ao longo do ano, incluindo quando uma mancha verde descoloriu o Grande Canal e quando houve prisões de turistas mal comportados. Recentemente, como parte de sua estratégia para controlar o turismo, a cidade adotou uma taxa de entrada de 5 eurod para visitantes diários a partir da próxima primavera e proibiu a chegada de cruzeiros no centro.
Sangiuliano alega que a Unesco avaliou positivamente as tentativas italianas de abordar esses problemas por meio do sistema anti-inundação Mose e pela recente aprovação de uma taxa de entrada para turistas, que entrará em vigor no próximo ano.
Entretanto, a Unesco reforça que mais trabalho é necessário para proteger a frágil cidade na lagoa. “O Comitê reiterou suas preocupações com as questões importantes que ainda precisam ser abordadas para a conservação adequada do local, incluindo aquelas relacionadas ao turismo em massa, projetos de desenvolvimento e mudanças climáticas”, afirma a entidade.
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