Votos de ano novo deveriam ser pensados e desejados com força e verdade. Não confio em apertos de mão frouxos e votos de novo ano meramente protocolares. Acredito na vitalidade, na firmeza de propósito e na expressão de verdades do coração.
Um novo ano tem início. E os últimos quatro meses foram de planejamento, reflexões orçamentárias e decisões.
Na maior parte dos casos, conservadoras. Muito conservadoras. E, possivelmente, assim tem sido nos últimos anos. Mesmo antes da pandemia, que forçou, com razão, medidas espartanas e um olhar até pessimista.
A hotelaria brasileira, cujos resultados vêm apresentando significativa melhoria em 2021, 2022 e 2023, não investe em novos produtos, serviços e empreendimentos.
Tudo sem sal, sem borogodó, com raríssimas e louváveis exceções. Os destinos brasileiros fazem mais do mesmo. E não se trata de falta de orçamento. É falta de visão e know how, mesmo. Não se vê despontar uma nova Gramado, um novo Jalapão ou um Trancoso do futuro. Embora, sejamos francos, a elegantérrima e competentíssima Luciana Leite venha apresentando um trabalho formidável em Ilhabela, que pode ganhar muita projeção, inclusive internacional. Não só pela rede de contatos e expertise que possui, mas por um olhar bem treinado para identificar oportunidades.
As companhias aéreas brasileiras, para não fugir do cenário, vêm se mostrando igualmente cautelosas, discretas. Sem exceção.
Muitas vezes eu me pego pensando como eu construiria uma marca de transporte aéreo com todo o potencial da marca Brasil. Com toda a alegria, riqueza estética e charme do nosso povo. E vejo quantas oportunidades desperdiçadas. Neste final de ano, impossível não se lembrar das campanhas e do jingle da Varig.
O brasileiro faz tempo já não brilha no futebol. Na música, tampouco. A falsa cordialidade mostrou sua cara.
Nossas propagandas já não ganham tantos prêmios e nossas novelas se tornaram fiasco de audiência.
E não adianta culpar tecnologia, veja o banho que os asiáticos estão dando nos EUA, na Europa e em nós mesmos. Tampouco é um erro responsabilizar apenas governos. Nosso povo precisa se reinventar.
Precisamos deixar de lado esse moralismo tosco que impede a explosão de exuberância e criatividade. É preciso olhar para o futuro com mais esperança e otimismo. Parar com mágoas e radicalismos.
Recuperar o bom humor, o jogo de cintura, o sorriso fácil e a gentileza.
“O mundo depois de nós”, exibido pela Netflix, com a talentosíssima e bela Julia Roberts, precisa ser visto por todas e todos.
Não escancara apenas um real e provável problema de dependência tecnológica. Mas fala de hiperindividualismo, da amargura em relação às diferentes relações e o problema que nossa sociedade vive pela falta de confiança.
Uma sociedade só prospera com confiança. Em si, no outro, no futuro.
A desconfiança generalizada da sociedade brasileira nos fez amedrontados, violentos e angustiados.
É preciso repensar tudo isso. Individualmente e coletivamente. É preciso reestabelecer pontes, diálogos.
Só assim surgem melhores ideias, soluções. A criatividade, a inovação e a originalidade são frutos do otimismo, da confiança e da união. E é isso que eu desejo para 2024. Para o bem do turismo, para o bem do país, para o nosso bem.
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