“O Brasil precisa se tornar competitivo para operar cruzeiros o ano inteiro”, afirma Dario Rustico

Balneário Camboriú (SC) – A bordo do Costa Favolosa, navio que recebe a premiação Costa Americas Awards, os executivos da Costa Cruzeiros revelaram os pontos cruciais da temporada 2024/2025, os investimentos e as expectativas para a próxima temporada.

Pela primeira vez na América do Sul, Luigi Stefanelli, vice-presidente Worldwide da Costa Cruzeiros, conheceu a rota Rio de Janeiro a Buenos Aires e participou da celebração Costa Americas Awards. Para ele, o Rio de Janeiro é encantador, com sua paisagem impressionante, com o Cristo Redentor e o bondinho Pão de Açúcar vistos de longe.

Luigi Stefanelli, vice-presidente Sales Worldwide (foto: Geovana Fraga)

“É algo único, não é? Você passa pelo meio e vê o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor… Estou ansioso para ver Montevidéu amanhã, Buenos Aires… Imaginem para um europeu, como eu, que está na América do Sul pela primeira vez”, destaca Stefanelli.

Ele aponta, ainda, o motivo de ter navios operando somente em temporada e não o ano inteiro. Segundo ele, a principal barreira para a operação contínua está na infraestrutura portuária.

Dario Rustico, presidente executivo da Costa Cruzeiros para as Américas, destaca a importância de melhorar os portos para um crescimento sustentável do setor. “O Brasil tem grande potencial para o turismo de cruzeiros, mas a infraestrutura atual não acompanha a demanda. Alguns portos têm limitações que dificultam uma operação robusta e de longo prazo”, explica.

Para Rustico, a colaboração entre os setores público e privado é essencial para viabilizar os investimentos necessários. “Não se trata apenas de ampliar a capacidade, mas de melhorar as condições de atracação, embarque e desembarque, garantindo uma experiência fluida para os passageiros. Com portos bem estruturados, podemos atrair mais turistas internacionais e fortalecer a economia local”, afirma.

Dario Rustico, presidente executivo para as Américas (foto: Geovana Fraga)

A sazonalidade das operações também é um desafio, e o executivo destaca a necessidade de uma operação contínua.

“O Brasil não pode ser visto apenas como um destino de temporada. Precisamos de um planejamento estratégico de longo prazo e investimentos em infraestrutura”, diz Rustico.

A competitividade global é apontada como um dos maiores desafios. “Temos que competir com destinos como o Caribe, o Mediterrâneo, o Sudeste Asiático e os Emirados Árabes. A questão é: o que estamos dispostos a fazer para sermos competitivos?”, pondera Rustico.

Desafios para o crescimento na América do Sul

Embora a Costa Cruzeiros tenha observado crescimento na América do Sul, especialmente no Brasil, Argentina e Uruguai, os desafios permanecem. “O custo operacional e a infraestrutura portuária precisam ser melhorados para aumentar a competitividade da região. Se conseguirmos alinhar esses fatores, o potencial de crescimento será imenso”, afirma.

Rustico compara a situação com o crescimento da indústria de cruzeiros na Ásia, onde a Costa Cruzeiros viu avanços significativos. “Na Ásia, começamos sem um navio fixo na China, o maior mercado da região. Com o tempo, conseguimos negociar com as autoridades locais e investir em infraestrutura, o que impulsionou o crescimento. Podemos fazer o mesmo na América do Sul, com o planejamento estratégico adequado e colaboração com os governos locais”, afirma.

O mercado brasileiro, junto aos demais países da região, continua sendo vital para a Costa Cruzeiros. “O Brasil representa um mercado muito importante para nós, com quase 80 anos de operação no país. Embora a nossa operação tenha tido altos e baixos, nos últimos anos temos visto uma evolução positiva, com grande potencial de crescimento”, diz Rustico.

Transfiguração como forma de adição

Em relação à frota, a Costa Cruzeiros adotou uma estratégia de manter a capacidade estável, sem a introdução de novos navios. “Decidimos manter a frota existente, mas investimos substancialmente na renovação de nossos navios, o que pode ser visto como uma nova frota”, explica o executivo.

Essa estratégia equilibra a oferta e demanda, já que na Europa, núcleo da Costa Cruzeiros, tem aumentado sua capacidade de oferta. Portanto, a empresa focou em aprimorar a experiência a bordo, investindo em serviços, gastronomia e excursões, sem aumentar os preços. “A missão é aumentar o valor percebido pelos passageiros, não o preço”, afirma.

O perfil do cruzeirista mudou

A Costa Cruzeiros percebeu mudanças no perfil dos passageiros, especialmente na faixa etária, com a média de idade diminuindo de 50 para cerca de 40 anos, refletindo o aumento de famílias e o interesse de casais jovens por cruzeiros.

Além disso, há uma mudança na busca por experiências. “Hoje, o cliente quer vivenciar experiências autênticas e locais. Eles buscam algo mais imersivo, que enriqueça sua experiência de forma única”, comenta Luigi.

Essa transformação levou a Costa Cruzeiros a revisar seu portfólio de excursões, investindo em opções mais autênticas, como jantares com chefs locais e experiências imersivas em destinos menos explorados. “Os clientes estão mais exigentes e buscam algo além do tradicional. Eles querem vivenciar a cultura local de maneira mais profunda”, conclui o vice-presidente.

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