Gramado (RS) – O primeiro painel de conteúdo do Connection Terroirs do Brasil, realizado nesta quinta-feira (29), destacou a trajetória de duas regiões com Identificação Geográfica (IG): o Vale dos Vinhedos, pioneiro no Brasil com IG para vinhos, e Alegria (CE), uma das mais recentes certificadas, reconhecida pela cerâmica artesanal. A conversa aconteceu no Palácio dos Festivais, com mediação de Maira Fontenele Santana, coordenadora do Núcleo de Inovação Territorial do Sebrae Nacional.
André Larentis, presidente da Aprovale, contou a história do vinho do Vale dos Vinhedos, vinculado à fundação da associação em 1995. A busca pelo reconhecimento começou em 1997, com o registro de IG conquistado em 2002. Em 2007, a região foi reconhecida pela União Europeia, e em 2012 obteve o selo de Denominação de Origem. A certificação contribuiu para a evolução qualitativa dos vinhos e para a valorização do destino, que em 2016 recebeu 400 mil visitantes. Atualmente, a Aprovale reúne 94 associados, sendo 32 produtores responsáveis por 17% dos vinhos finos e 12% dos espumantes nacionais, além de restaurantes, pousadas, agências e operadores.
“Hoje temos um reconhecimento muito grande do Vale dos Vinhedos como uma das principais regiões produtoras, sem dúvida a mais tradicional. A denominação de origem proporcionou um desenvolvimento significativo para toda a comunidade local. Muitos produtores e empreendedores conseguiram rentabilizar com a venda dos vinhos e o enoturismo. Agora, estamos discutindo como continuar esse crescimento de forma sustentável”, comentou Larentis.

Já Samuel Souza, presidente da Associação dos Artesãos de Alegria, explicou que a produção de cerâmica artesanal é um importante motor econômico local, beneficiando cerca de 65 moradores da comunidade, que também vivem da agricultura. Os produtos — como panelas, pratos, jarras, bandejas e itens decorativos — se destacam pela resistência à alta temperatura e por realçar o sabor dos alimentos. Feitos à mão, cada item carrega exclusividade e identidade.
“A gente vai até um ponto no meio da mata e retira o barro. Depois, é preciso separar raízes, pedras e tudo o que não serve, ficando só com o barro mais ligado. Aí amassamos, deixamos descansar coberto com plástico por um dia para pegar liga e, então, começamos a modelar a peça. Quando a panela está pronta, alisamos com uma pedra polida, que ajuda a vedar e garantir que ela não vaze. Depois disso, ela vai para o forno, a mil graus, e sai pronta para o uso”, explicou Souza sobre o processo artesanal da cerâmica de Alegria.
Em 2006, as peças de cerâmica ganharam o prêmio Sebrae top 100 de artesanato, inclusive a instituição que auxiliou para a conquista da Identidade Geográfica. A IG foi concedida oficialmente no fim de abril de 2025 e representa um marco importante para a comunidade, garantindo padrão de qualidade e visibilidade nacional para o artesanato local.
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