São Paulo (SP) – Raffaele Cecere, O CEO do Grupo R1, compartilhou sua trajetória e provocou reflexões sobre o medo de empreender durante a palestra “Quem tem medo de ficar rico?”, no Expo Fórum Visite São Paulo 2025. Apesar de destacar que não se considera palestrante, Cecere conduziu uma apresentação espontânea e recheada de experiências pessoais, propondo aos participantes uma mudança de mentalidade diante dos desafios.
“Empreender nada mais é do que, todo santo dia, matar os monstrinhos dentro da nossa cabeça”, afirma Cecere, ao lembrar como venceu seus próprios bloqueios no início da R1, empresa que hoje fatura cerca de R$ 150 milhões por ano e conta com mais de 400 colaboradores. Ele recorda o primeiro dia da nova empreitada, quando ficou duas horas circulando em torno do telefone antes de conseguir ligar para um cliente. “Ali estavam todos os meus medos e todos os meus líderes do passado”, declara.
Cecere iniciou sua carreira profissional ainda jovem, motivado pelo surgimento da internet. Tentou empreender em tecnologia, estudou ciência da computação, mas desistiu por dificuldades com matemática. Formou-se em psicologia, o que mais tarde, segundo ele, se mostrou essencial para lidar com pessoas, processos e liderança. “A técnica é importante, mas mais importante que isso é vencer o medo”, reforça.
Após passar por uma agência de eventos como analista de TI, resolveu empreender novamente, mesmo sem recursos e diante de uma gravidez inesperada com apenas um mês de relacionamento. “Eu tinha acabado de abrir a R1, não tinha dinheiro, e fui morar num quarto pequeno, que também era o escritório. Meu equipamento era um computador e um aparelho de fax”, relembra.
Enfrentando desafios
Para o empresário, o verdadeiro significado do empreendedorismo vai além da criação de empresas. “Empreender é um ato de coragem diante do desconhecido, é transformar ideias em realidade e perseverar quando os outros desistem”, afirma. Cecere também critica a visão tradicional do termo, atrelada exclusivamente à administração de recursos e riscos financeiros. “Isso é o que a gente menos faz”, provoca.
Durante a palestra, Cecere apresentou uma pirâmide com as principais barreiras enfrentadas na trajetória empreendedora: rejeição social, dúvida nas próprias capacidades, insegurança financeira e medo do fracasso. Ele defende que o fracasso faz parte do processo e que a cultura do erro precisa ser mais bem compreendida dentro das empresas. “Na R1, errar está liberado. O que não pode é repetir o erro duas vezes”, pontua.
Com sete empresas no portfólio, Cecere afirmou que seu comportamento é guiado por um mindset empreendedor, com foco em oportunidades, construção de redes estratégicas, inovação constante e resiliência. “Acordo todo dia buscando algo novo. Estou sempre farejando algum negócio”, conta.
Ele destacou ainda a importância da simplicidade e da escuta ativa em ambientes corporativos. “Tenho funcionários que têm pavor de falar comigo. Criamos barreiras sem perceber”, admite. Como alternativa, sugere reuniões em grupos menores e estímulo à criatividade. “Se você não permite que as pessoas errem, bloqueia o processo de crescimento da empresa”, salienta.
Cecere encerrou sua participação incentivando a plateia a começar — mesmo pequeno — qualquer projeto que traga propósito. “Nunca vi ninguém ficar milionário sem tentar realizar os próprios sonhos. Seja numa empresa, seja como colaborador, empreenda”, conclui.