Durante o Expo Fórum Visite São Paulo 2025, Guilherme Dietze, economista e presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, apresentou um panorama detalhado sobre a chamada economia do visitante. O especialista ressaltou o papel estratégico do turismo para a capital paulista e defendeu medidas para mitigar gargalos como segurança pública, mobilidade urbana e sazonalidade.
“São Paulo registrou 35 milhões de visitantes em 2024, entre turistas de negócios, eventos, saúde, estudos e lazer”, afirma Dietze. Esse fluxo resultou em um faturamento estimado de R$ 22 bilhões no mesmo período, conforme dados compilados pela FecomercioSP em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo.
O economista destacou que o turismo impacta diretamente ou indiretamente 571 atividades econômicas, indo muito além dos setores tradicionais de hospedagem, alimentação e transporte. “A economia da visitação movimenta cultura, comércio, eventos, saúde, educação e inúmeros serviços, gerando emprego e renda em larga escala”, explica.
Dietze também ressaltou a importância de diferenciar o gasto adicional do turista daquele que apenas substitui o consumo local. “Quando alguém de fora vem a São Paulo, deixa de gastar em sua cidade de origem e injeta recursos aqui. Isso gera impacto econômico real, diferente de um morador que apenas muda o local onde consome”, pontua.
Outro ponto apresentado foi o desempenho crescente da hotelaria. Segundo ele, a tarifa média teve aumento superior a 10% em 2024, impulsionada pela alta demanda. No entanto, destacou que a ocupação hoteleira ainda sofre com sazonalidade, com quedas perceptíveis em janeiro, fevereiro, julho e dezembro. “Precisamos atrair eventos e entretenimento nesses meses para distribuir melhor o fluxo turístico”, sugere.
Entre os gargalos identificados, Dietze foi direto ao apontar dois principais entraves: mobilidade urbana e segurança. “É inviável gastar uma hora e meia para percorrer seis quilômetros. Isso afasta o visitante”, afirma. Ele também criticou a sensação de insegurança na cidade. “Os números oficiais até podem indicar queda nos índices, mas o que conta para o turista é a percepção. Se ele tem medo de andar com o celular, o problema está posto”, conclui.
Para avançar, o especialista defende mais investimento em infraestrutura de transporte, como metrôs e corredores exclusivos, além de estratégias de incentivo fiscal para ocupação da cidade em períodos de baixa. “São Paulo tem a maior intensidade econômica da América Latina e uma capacidade produtiva inacreditável. Mas precisa ser mais acolhedora para quem visita e gasta aqui”, reforça.