A América Latina e o Caribe reduziram em 15% o número de bagagens extraviadas em 2024, alcançando uma taxa de 5,5 malas perdidas a cada mil passageiros. Os dados são do relatório Baggage IT Insights 2025, da Sita, e mostram como o avanço tecnológico no setor aéreo vem contribuindo para maior eficiência no transporte de malas, mesmo com o aumento global de passageiros.
De acordo com o levantamento, a região obteve um resultado ainda mais expressivo do que a média global, cuja taxa caiu de 6,9 para 6,3 malas extraviadas por mil passageiros. Globalmente, foram registradas 33,4 milhões de bagagens extraviadas em 2024, contra 33,8 milhões em 2023, apesar de um crescimento de 8,2% no volume total de viajantes.
O CEO da Sita, David Lavorel, destaca que a transformação tecnológica do setor já é uma exigência do mercado. “Agora, os passageiros esperam que a experiência com a bagagem seja tão fácil quanto usar um aplicativo de delivery. Não se trata mais apenas de transportar malas, mas de proporcionar uma viagem fluida e conectada”, afirma.
Na prática, mais de 66% das malas extraviadas foram recuperadas em até 48 horas com o auxílio da plataforma WorldTracer, sendo 25% em 12 horas. Ainda assim, os custos com bagagens extraviadas somaram US$ 5 bilhões ao setor, o que inclui despesas com atendimento, envio de malas, perda de produtividade e ações jurídicas.
Automação e rastreamento em tempo real ganham força
A melhora nos índices reflete o aumento do uso de tecnologias como rastreamento em tempo real e despacho automatizado. Em 2024, 42% dos passageiros tiveram acesso a informações sobre o status de suas malas por meio do celular — quatro pontos percentuais a mais que no ano anterior.
Do lado das companhias aéreas, 66% já oferecem o despacho automatizado e outros 16% devem adotar a medida até 2027. Nos aeroportos, 65% planejam implementar o autodespacho biométrico no mesmo período.
A integração entre tecnologias também foi destaque no ano passado. Um exemplo é a funcionalidade de compartilhamento da localização dos AirTags da Apple com companhias aéreas, viabilizada em conjunto com o WorldTracer, que permite o rastreio em tempo real das malas. Empresas como British Airways, Lufthansa, Qantas e Virgin Atlantic já adotaram o sistema.
Erro humano ainda é principal causa do extravio
Mesmo com a evolução digital, 74% dos casos de extravio em 2024 foram causados por atrasos nas transferências de bagagem, ainda que esse número tenha diminuído em relação aos 80% de 2023. Já os casos de furto ou danos subiram de 15% para 18%, enquanto perdas definitivas ficaram estáveis em 8%.
A expectativa é que novos padrões, como o Modern Baggage Messaging (MBM), recentemente aprovado pela Iata, possam reduzir em até 5% os erros de manuseio ao melhorar a qualidade dos dados compartilhados entre os agentes da cadeia aérea.
Rumo a uma nova era da experiência de bagagem
“Cada mala é importante”, afirma Nicole Hogg, diretora global de bagagens da Sita. “A confiança do passageiro está diretamente ligada à rastreabilidade e à automação. Estamos tornando a experiência mais confiável e menos estressante”, diz.
Com a adoção crescente de soluções como check-in remoto, rastreamento em tempo real e reenvio automatizado, a bagagem passa a ser tratada como parte do serviço de excelência — e não como um problema logístico.