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Kamilla Alves
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Ipojuca (PE) aposta em turismo de base comunitária e interiorização para 2026

Município quer levar turista além das praias de Porto de Galinhas e estrutura novos roteiros rurais, culturais e gastronômicos

Ipojuca (PE) – Se em 2025 o foco da Secretaria de Turismo de Ipojuca esteve no ordenamento do litoral e na reorganização da faixa de praia, 2026 deve marcar o início de uma nova fase: a interiorização do turismo e o fortalecimento de produtos de base comunitária. A estratégia foi detalhada por Deomaci Ramos, secretário de Turismo de Ipojuca, durante o Visit Travel Show.

Segundo o gestor, o município ocupa posição singular na Região Metropolitana do Recife: é a maior cidade em território, mas tem menos de 1% da área urbanizada. “Cerca de 99,4% do nosso território é zona rural. Temos 62 engenhos, patrimônios históricos e uma série de ativos culturais pouco explorados. Até hoje, mais de 1,2 milhão de turistas chegam todos os anos ao balneário, mas quase nenhum segue até Nossa Senhora do Ó ou à sede de Ipojuca, onde estão o baobá mais antigo fora da África e da Austrália, o segundo convento franciscano e marcos do período holandês”, explicou.

Para reverter esse cenário, a secretaria prepara, para 2026, novos roteiros que conectem o litoral à zona rural, com forte componente de turismo de experiência. A proposta é aproveitar o fluxo consolidado de sol e mar em Porto de Galinhas para distribuir visitantes por trilhas históricas, visitas a engenhos, vivências em comunidades quilombolas e experiências gastronômicas associadas aos manguezais e à agricultura familiar. “Onde o buggy passa, o turista injeta dinheiro na economia. Se o buggy sair da orla e também levar o visitante para a zona rural, quem ganha é toda a cadeia local”, reforçou Deomaci.

O movimento dialoga com ações já em curso em outros municípios do litoral sul, apoiadas pelo Sebrae e por iniciativas como a Rota Engenhos & Arte. Alexandre, representante do Sebrae, lembrou que a instituição trabalha há anos com marisqueiras e comunidades costeiras para agregar valor à produção tradicional. Um dos resultados é a chamada “gastronomia do mangue”, que organiza, qualifica e leva ao mercado preparos à base de espécies como aratu e sururu, dentro de padrões de segurança alimentar e sustentabilidade. “Estamos falando de práticas seculares, herdadas dos povos originários, que agora começam a ser reconhecidas como produto turístico de alto valor agregado”, disse.

Bruno Reis, da Embratur, destacou que Pernambuco já se posiciona na vanguarda do turismo de base comunitária e regenerativo. Ele citou o prêmio Green Destinations conquistado pelas marisqueiras de Sirinhaém, reconhecendo um projeto que concilia preservação ambiental, manutenção de modos de vida tradicionais e oferta de experiências autênticas ao turista internacional. “A marisqueira domina a parte mais complexa, que é o saber-fazer. Nosso papel é apoiar com visão de negócio, governança e inserção comercial”, pontuou.

Ipojuca já aderiu ao programa de turismo de base comunitária apoiado pelo Sebrae e governo do estado, que também contempla Tamandaré, Sirinhaém e Fernando de Noronha. A agenda inclui ainda a articulação com políticas estaduais de interiorização, como o desenvolvimento de rotas de enoturismo no Vale do São Francisco, no Agreste e em cidades com produção de vinhos e espumantes.

A aposta no turismo regenerativo se soma a iniciativas como a biofábrica de corais, já existente em Porto de Galinhas, e ao fortalecimento de territórios quilombolas. “O turista estrangeiro quer praia, mas quer cada vez mais experiências transformadoras, contato com a comunidade, com a natureza e com a história local. Nosso desafio é estruturar isso de forma organizada, sustentável e com geração de renda para quem vive aqui”, resumiu Deomaci.

Com cerca de 30 mil pessoas atuando direta e indiretamente na atividade turística – aproximadamente um terço da população local –, Ipojuca vê na diversificação de produtos uma forma de distribuir melhor os benefícios do turismo e reduzir a concentração de renda apenas na orla. Em 2026, a meta é que o visitante que hoje se limita às piscinas naturais e à vila volte para casa com memórias que incluam engenhos, trilhas, gastronomia do mangue e histórias de comunidades que fazem parte da formação de Pernambuco.

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