A recente edição da Brazil Travel Market (BTM) consolidou um novo movimento no calendário de eventos nacionais ao incluir, pela primeira vez, uma ação estruturada voltada ao turismo corporativo. A iniciativa partiu de uma parceria inédita entre a feira e a Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), liderada por Luana Nogueira, diretora executiva da entidade, que vem ampliando sua atuação em todo o país e reforçando o papel estratégico do segmento MICE na economia do turismo.
O diálogo entre as instituições começou a partir do interesse da BTM em compreender melhor as demandas do mercado corporativo e atrair esse público para o ambiente da feira. A Alagev, já atuante na região, colaborou na construção de um formato que unisse conteúdo, negócios e relacionamento, inspirado em modelos internacionais de hosted buyers.
Com a nova proposta, gestores do Nordeste foram convidados para participar de uma programação imersiva, que combinou visitas técnicas, capacitações e experiências de networking com fornecedores locais. A Alagev atuou como anfitriã e group leader dos compradores, promovendo encontros que ampliaram o alcance comercial e reforçaram a presença do corporativo na programação.
A realização da reunião setorial dos gestores do Nordeste dentro da feira integrou ainda mais as agendas da associação e potencializou a participação dos associados. A unificação de esforços transformou a BTM em um ponto de encontro estratégico para profissionais da região, fortalecendo conexões regionais e destacando o turismo corporativo como parte essencial da cadeia produtiva.
O formato de hospitalidade implantado garantiu passagens, hospedagem e experiências aos participantes, seguindo padrões internacionais de qualificação. A estrutura permitiu que os compradores se dedicassem exclusivamente à geração de negócios, consolidando a presença do segmento corporativo e elevando o nível profissional da feira.
A presença do corporativo na BTM também se traduziu em conteúdo e formação. Dentro da programação oficial, Luana conduziu duas sessões de capacitação voltadas ao aperfeiçoamento de gestores e fornecedores, aprofundando o debate sobre as transformações do setor.
“A primeira sessão tratou de tendências para o mercado de viagens corporativas, enquanto a segunda abordou como os fornecedores podem se adaptar para serem homologados por clientes de viagens, eventos e incentivos”, explicou a diretora.
As apresentações tiveram caráter prático e buscaram traduzir, em linguagem acessível, os critérios e desafios que norteiam as decisões do segmento. “O objetivo foi mostrar quais são os aspectos que os clientes observam nos fornecedores para decidir se eles serão homologados, desde a governança até a capacidade de resposta e inovação”, destacou.
“A gente quis trazer aqui justamente a leitura do corporativo, para que os fornecedores entendessem que esse é o colchão do turismo, aquele que não sofre com sazonalidade e movimenta bilhões de reais todos os anos”, completou. As discussões despertaram o interesse de profissionais que buscam compreender melhor o comportamento desse público e reforçaram a importância de reconhecer o corporativo como parte essencial da engrenagem econômica do turismo.
O debate sobre o papel do corporativo ganhou força ao longo da programação, especialmente pela forma como foi contextualizado dentro do cenário econômico do turismo. Durante suas falas, Luana Nogueira reforçou que o segmento representa a base de estabilidade da cadeia, responsável por manter a movimentação constante mesmo em períodos de baixa temporada.
“O corporativo é o colchão do turismo, aquele que não sofre com sazonalidade e garante a sustentabilidade dos negócios”, afirmou, ao destacar o impacto direto desse público na geração de receita e na previsibilidade de resultados.
A executiva destacou ainda que a aproximação entre os fornecedores e o universo corporativo exige um novo olhar sobre práticas comerciais e políticas de relacionamento. “O objetivo não é apenas promover o lazer, mas também posicionar o corporativo como um componente essencial para o equilíbrio do setor”, disse.
Luana também lembrou que a presença do corporativo em eventos como a BTM é parte de um movimento mais amplo da associação, que busca levar o tema a outras plataformas de destaque, como o Festuris. A ideia é dar continuidade às ações de capacitação e ampliar a visibilidade do segmento em ambientes que concentram lideranças e decisores de diferentes frentes do turismo.
“Estaremos no Festuris com novas discussões sobre inovação em viagens corporativas, ampliando o espaço para o debate e a troca de experiências entre gestores e fornecedores”, comentou.
Esses debates, segundo Luana, são ideais para deixar o mercado ciente do cenário corporativo e repensar antigas verdades do turismo corporativo. A executiva defendeu que o mercado vive um momento de revisão profunda de práticas e conceitos, impulsionado pela volatilidade econômica e pelo avanço tecnológico.
“As máximas que antes eram regra, hoje já não se aplicam a todos os casos. Estamos quebrando paradigmas e desmistificando processos que por muito tempo foram tratados como verdades absolutas”, afirmou.
Um exemplo citado foi o da antecedência nas reservas, tradicionalmente associada à economia de custos. Segundo ela, esse fator deixou de ser determinante diante das variações de tarifas e das estratégias de revenue management das companhias aéreas e redes hoteleiras.
“Antecedência já não é fator fixo para melhor compra. Hoje tudo depende. Tenho políticas de viagens de associados com 21 dias de antecedência para o nacional e, mesmo assim, há casos em que dentro de cinco dias é possível encontrar tarifas mais baixas”, observou.
A executiva ressaltou que, para lidar com esse novo cenário, o gestor corporativo precisa adotar ferramentas de tecnologia preditiva, capazes de avaliar flutuações de preço e identificar oportunidades antes da emissão. “O ponto é o quanto uma política de viagens consegue ser flexível para alcançar tarifas de oportunidade. Se ela for rígida demais, pode deixar de enxergar reduções reais de custo”, explicou.
Luana reforçou ainda que a inteligência de dados deve ser usada como aliada estratégica para otimizar processos, reduzir o ticket médio e criar políticas mais dinâmicas, ajustadas à realidade do mercado. Para ela, a flexibilidade, sustentada por tecnologia e análise, tornou-se um diferencial competitivo indispensável para empresas que buscam eficiência e previsibilidade em um ambiente cada vez mais instável.
Perspectivas para o Lacte 2025
O avanço do calendário da Alagev também se reflete na preparação do Lacte, principal evento de viagens e eventos corporativos da América Latina. Durante a entrevista, Luana Nogueira destacou o ritmo acelerado da organização e o sucesso do jantar de lançamento, que reuniu parceiros e reforçou a representatividade do encontro.
“O jantar foi uma maravilha. Mostrou para todos os parceiros a importância do LACTE e o quanto queremos elevar ainda mais o nível de entrega, com foco no retorno de investimento dos patrocinadores e na qualidade do conteúdo para os gestores de viagens”, afirmou.
As metas estabelecidas para 2025 são ambiciosas e refletem a maturidade do evento. “Estamos com cotas de patrocínio dos níveis principais praticamente esgotadas e um volume expressivo de vendas de estandes. Isso mostra que conseguimos antecipar oportunidades e aumentar a previsibilidade dos resultados”, comentou.
Essa antecipação também facilita a composição da planta, que em edições anteriores ainda sofria ajustes até dias antes do evento, e permite um planejamento mais robusto das ativações e experiências.
Segundo Luana, o foco da próxima edição é ampliar a presença de hosted buyers e consolidar o evento como um espaço de negócios, aprendizado e relacionamento de alto nível. “Temos metas agressivas de atração de compradores e de entrega de retorno para os patrocinadores. O Lacte é um evento que desafia a gente todos os anos, tanto na identidade quanto no formato, porque criar eventos para quem faz eventos é sempre mais complexo”, destacou.
O posicionamento do Lacte como ponto de encontro estratégico do mercado latino-americano é parte do plano de fortalecimento da Alagev, que busca manter o protagonismo e ampliar o alcance das ações educacionais ao longo do ano.
“Queremos continuar colocando a associação em níveis superiores, sendo fonte de dados, pesquisa e referência para gestores e fornecedores. Nosso compromisso é promover um mercado mais saudável, sustentável e colaborativo, com governança e boas práticas que gerem negócios e deixem um legado real”, disse.
A condução da atual gestão da Alagev tem sido marcada pela busca por protagonismo e fortalecimento institucional. Luana Nogueira afirma que o trabalho desenvolvido nos últimos anos tem como foco construir uma entidade mais colaborativa, participativa e conectada às transformações do mercado. Ela explica que a associação vem se consolidando como referência em dados, pesquisas e formação profissional, com o propósito de direcionar o setor de viagens e eventos corporativos a um modelo mais sustentável e transparente.
Segundo a executiva, o objetivo é que a Alagev siga sendo reconhecida como fonte de informação e base de conhecimento para o gestor de viagens. “Queremos continuar posicionando a associação em níveis superiores, sendo referência para o mercado e incentivando práticas de governança, sustentabilidade e conexão entre os diferentes atores da cadeia”, disse.
Luana destaca que esse processo passa também por uma mudança cultural. “Hoje vemos um mercado mais colaborativo e participativo do que no passado, ainda que haja muito caminho pela frente. Precisamos transformar o consumo em construção conjunta, multissetorial e sustentável”, declarou. Ela acrescenta que a colaboração entre as comunidades e o conteúdo técnico produzido pelas áreas da associação serão os pilares de uma nova fase, pautada pela transparência e pela geração de negócios compartilhados.
A executiva afirma que o legado da gestão não se limita à ampliação de eventos ou ao crescimento do número de associados, mas à consolidação de um modelo de relacionamento duradouro entre empresas, gestores e fornecedores. “Nosso compromisso é deixar uma marca de evolução contínua, de fortalecimento das comunidades e de valorização do conhecimento como ferramenta de transformação do setor”, concluiu.
Com o calendário de eventos se aproximando do fim, Luana Nogueira reforça o convite à participação do mercado no Lacte 2025 e nas próximas ações da associação. Ela afirma que o momento é de engajamento e de protagonismo coletivo. “As inscrições já estão abertas e queremos ver uma arena repleta de profissionais interessados no desenvolvimento do setor. Precisamos de pessoas que façam as coisas acontecerem, que participem ativamente e ajudem a construir o futuro do turismo corporativo”, disse.
A executiva explica que o convite se estende não apenas a gestores, mas também a fornecedores e parceiros estratégicos. “Não se trata apenas de buscar patrocínio, mas de reunir quem acredita no potencial de transformação do nosso mercado. O Lacte é um ambiente de negócios, aprendizado e relacionamento, e queremos que todos estejam presentes para compartilhar experiências e gerar valor.”
Ela ressalta que a Alagev também estará presente no Festuris, encerrando o ciclo anual de eventos com foco em inovação e conexões qualificadas. “Estaremos lá marcando presença para celebrar mais uma edição do Festuris, que é exemplo de resiliência e inspiração para o turismo nacional. O povo gaúcho mostrou uma capacidade de reconstrução admirável e isso reflete o espírito que queremos manter em todo o setor”, afirmou.
Segundo Luana, o papel da associação é garantir que o diálogo permaneça ativo e que o corporativo continue ganhando visibilidade dentro das principais plataformas do turismo brasileiro. “Queremos seguir aproximando comunidades, fortalecendo parcerias e deixando um legado de conhecimento, colaboração e sustentabilidade. Esse é o caminho que guia todas as nossas ações”, concluiu.







