Em junho, uma publicação que alcançou quase 2 milhões de usuários no X (ex-Twitter) acendeu um sinal de alerta em quem aposta no Airbnb. Nick Geril, CEO da Reventure Consulting, consultoria especializada em mercado imobiliário nos Estados Unidos, apontava que havia mais imóveis em locação na plataforma do que à venda em todo o país. Destacava também que, com a queda da receita com locação, havia chance de uma venda massiva de imóveis, o que causaria uma crise imobiliária. “Cria-se uma enorme queda no preço da casa se os proprietários do Airbnb em dificuldades decidirem vender os imóveis”, disse.
A postagem causou certo burburinho, por mais que o balanço da plataforma tenha sido positivo no primeiro trimestre do ano e que a empresa tenha justificado que nem todos imóveis disponíveis para locação estão parados. Há casas, por exemplo, em que há moradores, mas com cômodos disponíveis para aluguel.
Os danos de imagem causados pela possibilidade de uma crise imobiliária são só um dos pontos que Brian Chesky, CEO do Airbnb, está tendo que lidar em 2023. Houve ainda intensificação da concorrência da Vrbo e, agora em setembro, uma lei do governo de Nova York que proibiu o aluguel de apartamentos para estadias de menos de um mês, deixando fora de jogo boa parte dos 36 mil apartamentos turísticos da cidade.
Fora tudo isso, ainda há duas pressões. Os consumidores querem pagar menos e reclamam, por exemplo, de altas taxas de limpezas, mesmo quando o próprio hóspede precisa tirar o lixo e arrumar a cama. Já o dono do imóvel quer ganhar mais, e tem aumentado o preço com medo de uma possível queda na receita.
O resultado disso é uma revisão do negócio, considerado por Chesky como “quebrado”, justamente porque há descontentamento das duas pontas. Em entrevista à Bloomberg, o executivo admitiu que o momento é de “consertar fissuras” e de “arrumar a casa”, antes de lançar novos produtos e soluções. Na última carta a acionistas, o CEO da empresa apresentou pontos que está trabalhando, em especial, o preço. De acordo com Chesky, um novo serviço para os anfitriões está ajudando a voltar a deixar os preços das estadias mais competitivos. É uma ferramenta que simplifica a formação de preços.
“Os anfitriões disseram-nos que as nossas ferramentas de preços eram difíceis de utilizar e que tinham dificuldade em estabelecer preços competitivos”, disse Chesky na nota aos acionistas. “Para resolver essas preocupações, redesenhamos nossas ferramentas de precificação, facilitando a adição de descontos e promoções. Também adicionamos um novo recurso chamado Listagens Semelhantes, tornando mais fácil para os anfitriões definir um preço competitivo”, acrescentou.
Nessa ferramenta, o anfitrião consegue, com uso de inteligência artificial, identificar quais são os preços semelhantes cobrados na região, tanto por Airbnb como por outras plataformas de hospedagem, e oferecer um valor semelhante ou, então, mais competitivo. “Desde que oferecemos essas ferramentas, vimos os anfitriões começarem a baixar os seus preços, com mais deles a oferecer descontos semanais e mensais”, relata Chesky.
A empresa também apostou na reformulação da modalidade de locação de quartos e não de casas inteiras. O Airbnb passou a destacar mais o serviço, chamado de Airbnb Quartos, e trouxe novas ferramentas para o hóspede se sentir mais seguro ao contratar a modalidade. Agora, ele pode ver várias informações sobre o anfitrião e tem uma série de novos filtros. Pode, por exemplo, escolher apenas quartos em que é possível se trancar ou em que haja pouco nível de interação social com o dono do apartamento. Neste caso, a aposta vai no caminho de oferecer opções mais baratas para o turista.
“Dada a contínua incerteza macroeconômica, acreditamos que a Airbnb Quartos é uma oferta importante em nossa plataforma, especialmente para a próxima geração de viajantes que tendem ser mais conscientes dos custos”, conta Chesky, que também destacou novas campanhas de marketing que destacam as “experiências e hospedagens” disponíveis na plataforma.
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