A demanda global por carga aérea registrou alta de 3,2% em janeiro de 2025 na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata). O resultado marca o 18º mês consecutivo de crescimento do setor, mas sinaliza uma desaceleração em relação ao desempenho registrado em 2024, quando os avanços chegaram a dois dígitos.
A capacidade total das companhias aéreas, medida em toneladas de carga disponível por quilômetro (ACTKs), aumentou 6,8% na mesma base de comparação. Apesar da expansão, o setor enfrenta desafios relacionados à redução dos yields – que recuaram 9,9% em relação a dezembro –, além de um leve declínio nas taxas de ocupação.
“Janeiro foi o 18º mês consecutivo de crescimento da demanda por carga aérea, mas o aumento de 3,2% registrado em janeiro em relação ao mesmo mês do ano anterior foi moderado em comparação com os valores recordes de dois dígitos observados em 2024”, afirmou Willie Walsh, diretor geral da Iata. “Embora fatores externos, como crescimento do comércio, redução dos custos de combustível e expansão do comércio eletrônico, permaneçam positivos para a carga aérea, é importante observar atentamente a evolução das condições do mercado neste momento.”
Entre os aspectos que influenciam o setor, a produção industrial global cresceu 2,6% em dezembro, enquanto o comércio internacional de mercadorias avançou 3,3% no mesmo período, mantendo uma sequência de nove meses seguidos de crescimento. O índice PMI de manufatura global atingiu 50,62 pontos em janeiro, o maior patamar desde julho de 2024, o que indica um cenário favorável para a demanda.
O desempenho por região variou significativamente. As transportadoras da América Latina lideraram o crescimento, com alta de 11,2% na demanda de carga aérea e aumento de 10,6% na capacidade. As companhias da Ásia-Pacífico também apresentaram um avanço expressivo, de 7,5% na demanda e 10,9% na capacidade.
Na América do Norte, o crescimento da demanda foi de 5,3%, enquanto a capacidade aumentou 7,5%. Já na Europa, o avanço foi mais moderado, com alta de 1,3% na demanda e 3,5% na capacidade. Em contrapartida, as transportadoras do Oriente Médio registraram queda de 8,4% na demanda e retração de 1,2% na capacidade. A África também teve desempenho negativo, com recuo de 3,4% na demanda, apesar da expansão de 5,4% na oferta.
No recorte por rotas comerciais, a maioria registrou crescimento. Os destaques ficaram com América do Norte-Europa (+9,7%) e Ásia-América do Norte (+6,1%), beneficiadas pelo comércio eletrônico. Por outro lado, a rota África-Ásia apresentou a maior retração, com queda de 26,1%.
Para os próximos meses, a Iata acompanha possíveis impactos de políticas comerciais protecionistas, como tarifas impostas pelos Estados Unidos. “Embora fatores externos favoreçam a carga aérea, é essencial monitorar as condições do mercado. Em particular, um fator imprevisível é a possibilidade de políticas comerciais baseadas em tarifas da administração dos Estados Unidos com Trump”, alertou Walsh.
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