O governo de Portugal, junto à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), anunciou que vai intensificar a fiscalização das regras de acesso público às praias em uma faixa de 45 quilômetros do litoral, que inclui regiões como Melides, Comporta e Tróia. A decisão surge após denúncias de moradores e empresários sobre o aumento do custo de vida, a restrição ao uso de espaços públicos e a descaracterização cultural provocada pelo avanço de resorts de alto padrão na área.
Nos últimos anos, a costa portuguesa tem atraído investidores internacionais e turistas de alto poder aquisitivo, que transformaram antigas áreas de acampamento e vilarejos de pescadores em redutos de luxo. O impacto dessas mudanças já é sentido pela população local, que relata dificuldades para acessar praias onde muitos cresceram.
Uma inspeção realizada pela APA em 22 praias do trecho revelou que nove delas enfrentam algum tipo de restrição ao acesso público — sendo duas com entrada controlada e sete bloqueadas por empreendimentos privados. Entre os casos mais emblemáticos estão as praias Tróia-Galé e Galé-Fontainhas, onde os visitantes precisam apresentar documentos ou atravessar áreas privadas para chegar à faixa de areia. Além disso, o acesso por estacionamento é limitado ou distante da orla, o que reforça o desafio enfrentado por moradores e turistas não vinculados aos resorts.
A pressão para garantir a preservação do acesso democrático às praias portuguesas cresce à medida que o litoral se torna alvo da especulação imobiliária e da elitização. As autoridades afirmam que novas medidas serão implementadas para assegurar o uso público e preservar a identidade local diante da crescente valorização imobiliária e da ocupação por grupos privados.