BRL - Moeda brasileira
EUR
6,30
USD
5,66

Crise na Azul coloca em xeque união com a Gol

Possível recuperação judicial da Azul nos EUA reacende dúvidas sobre viabilidade da união da companhia com a Gol

As conversas entre os acionistas da Gol e da Azul na direção de unir os negócios das duas empresas encontraram uma barreira adicional: a escalada na crise da Azul, com a chance de um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos voltando ao radar. Na contramão, a Gol deu um passo importante ao concluir uma captação de US$ 1,9 bilhão, abrindo assim as portas para o grupo receber o aval da Corte de Nova York no próximo dia 20 para encerrar sua reestruturação financeira.

A semana passada foi turbulenta para a Azul, com o noticiário se voltando para o receio do mercado de que o andamento da sua reestruturação financeira não seria suficiente, levando a aérea a entrar em recuperação judicial nos EUA. Além disso, a aérea teve sua nota de crédito cortada pela agência de classificação de risco em moeda estrangeira e local de “CCC” para “CCC-“, no dia 7.

Em teleconferência com jornalistas na semana passada, John Rodgerson, CEO da Azul, chegou a ser questionado se a recuperação judicial era uma das alternativas. Rodgerson se limitou a dizer que aquele não era o momento para falar do tema. O posicionamento chamou a atenção, uma vez que o executivo sempre foi bastante enfático ao descartar totalmente essa possibilidade.

O mercado tem se preocupado com a posição de caixa da Azul. A empresa fechou o primeiro trimestre com um caixa e equivalente de caixa de R$ 655 milhões, queda de 51% na comparação com igual período de 2024. Fontes do mercado lembraram que a própria Latam, no início de sua recuperação judicial em 2020, tinha cerca de US$ 1 bilhão em caixa. Durante crises, empresas costumam ter mais necessidade de caixa ao serem pressionadas a pagar à vista por produtos como combustível

Uma das condições firmadas entre os acionistas da Azul e a holding Abra, que controla a Gol, é que uma eventual empresa consolidada não poderá ter uma alavancagem maior do que a da Gol. No primeiro trimestre, a Gol fechou com alavancagem de 5,8 vezes e dívida líquida de R$ 31,1 bilhões, salto de 43%, sobretudo por causa da desvalorização cambial. Pesa sobre o endividamento o empréstimo DIP (modalidade concedida dentro da reestruturação) de R$ 5,1 bilhões – mais caro, ele tende a ser quitado logo após a conclusão da reestruturação, reduzindo assim a alavancagem.

Já a Azul fechou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 31,35 bilhões, salto de 50,3% na comparação anual. O endividamento foi de 5,2 vezes, contra 3,7 vezes um ano antes. Rodgerson chegou a ser questionado sobre as negociações com a Abra, mas se limitou a dizer que não havia novidades sobre o tema.

O mercado já estava preocupado com a Azul após a empresa ter buscado levantar R$ 4 bilhões via oferta pública de ações. O grupo, entretanto, conseguiu captar apenas R$ 1,6 bilhão desse total, que já era garantido nas negociações junto aos seus credores. O baixo interesse, no fim, acabou sendo interpretado de forma negativa e motivou a queda das ações.

Questionada sobre uma eventual recuperação judicial nos EUA, a Azul disse que está engajada em diálogo com seus investidores desde 2024, para identificar caminhos que garantam a sustentabilidade da companhia. “Como empresa competitiva, a Azul está constantemente avaliando oportunidades para melhorar a liquidez e sua estrutura de capital, sem nunca deixar de honrar seus compromissos”, disse, em nota.

Reestruturação da Gol

O futuro do negócio da Gol e Azul ainda é incerto. Celso Ferrer, CEO da Gol, já deixou claro em entrevistas que o grupo trabalha para que a aérea saia forte da sua reestruturação. Um negócio, disse, não seria uma necessidade para a Gol.

Na sexta-feira (16), a Gol deu o seu último passo para se ver livre da recuperação ao conseguir um financiamento de US$ 1,9 bilhão junto aos credores e investidores. A Gol elevou seus esforços para fechar a captação e assim fugir da atual turbulência do mercado global.

No fim do ano passado, a empresa teve de refazer seu plano de saída da recuperação judicial por causa da disparada do dólar em relação ao real. Em abril, uma nova turbulência, desencadeada pelo tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, atrapalhou as conversas.

A empresa conseguiu levantar junto a fundos (entre eles Elliot e Castlelake) US$ 1,25 bilhão numa modalidade garantida. O recurso, segundo fontes, foi fundamental para a empresa conseguir ancorar a entrada de novos investidores.

Agora, a Gol terá uma audiência no próximo dia 20 na Corte de falências de Nova York em que o juiz Martin Glenn irá dar seu veredicto sobre o plano de saída da reestruturação.

A Gol chegou até a antecipar no início de maio dados do seu primeiro trimestre previstos para serem divulgados apenas no dia 15. A antecipação, segundo fontes, veio para acelerar as negociações com investidores. Sem conseguir o recurso antes do dia 20, a empresa teria de postergar o fim da sua reestruturação para depois de julho.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

MAIS LIDAS

Senado aprova projeto que garante livre...

Proposta altera o Estatuto da Cidade e proíbe privatização do acesso a áreas naturais de interesse turístico, como praias e cachoeiras

Saiba os paí­ses que exigem o...

Com as férias se aproximando, é comum que as...

Sabino diz que fundo para aviação...

Ministro do Turismo descarta ajuda específica à Azul e reforça que recursos do Fnac estarão disponíveis em breve

Hackatour Cataratas premia soluções inovadoras para...

Evento em Foz do Iguaçu reforça integração entre tecnologia e sustentabilidade, com apoio a startups e novos empreendedores

Hurb tem cadastro cancelado pelo Ministério...

Medida se baseia em denúncias de descumprimento contratual e pode impactar direitos dos consumidores

NEWSLETTER

    AGENDA

    .

    REDES SOCIAIS

    PARCEIROS