Dados são imprescindíveis para o bom desenvolvimento do setor turístico. Em virtude disso, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), em parceria com a Sprint Dados, acaba de lançar os resultados do primeiro semestre e as expectativas para o segundo semestre. Na manhã desta terça-feira (22), o Boletim Braztoa 2023 foi divulgado por meio de evento online, que contou com a participação de Fabiano Camargo, presidente da Braztoa, Marcelo Andrade, VP da Braztoa, e Rayane Ruas, fundadora e CEO da Sprint Dados.

“Agora estamos fazendo semestralmente o boletim, que nasceu durante a pandemia, quando vimos necessidade de dados mais precisos para a tomada de decisões em um momento de crise do setor”, começa Camargo. “Foi muito importante entender o que passamos, onde estamos e para onde vamos. Essas informações nos permitem tomar decisões mais precisas e qualificadas no futuro”, reforça o executivo.

Os dados trabalhados e apresentados por Rayane começam pelo faturamento e número de embarques, em que mais de 60% das operadoras registraram números superiores ao ano anterior, conforme previsto pela Braztoa mais cedo neste ano. “Há ainda algumas que enfrentaram maiores dificuldades e não conseguiram se recuperar completamente. Em comparação com a média histórica de cada uma das empresas, os valores são mais contidos, mas o número de operadoras no positivo mantém-se na casa em torno de 60%”, revela a executiva.

“As pessoas estão retornando e valorizando a importância das agências de viagens e, consequentemente, das operadoras. Isso demonstra o retorno a um modelo mais híbrido de venda e não mais focado no online ou em vendas diretas, que estava mais popular no período pré-pandemia”, avalia Camargo. “Fora isso, há muitos operadores de nichos mais específicos cujo ano de retomada definitiva está sendo este ano ou nos próximos”, complementa.

Quando se dividem os dados entre viagens nacionais e internacionais, o faturamento e número de embarques se encontram na casa dos 43% e 57%, respectivamente. “Isso não significa que o nacional baixou, mas que o aéreo e as viagens internacionais estão retomando ao patamar que estamos acostumados a trabalhar. É fruto de maior disponibilidade aérea, com a retomada da malha aérea, pequenas rotas e aeroportos, além do crescimento dos grandes hubs”, comenta Andrade.

O comportamento de compra dos viajantes também tem apresentado grandes mudanças nos últimos anos. Entre eles, está a maior procura por viagens em períodos de baixa temporada, longe de feriados e férias, liderando com quase 24% do faturamento total e contando. “As pessoas têm buscado férias mais curtas e recorrentes. É uma tendência que já tínhamos percebido antes, mas está se consolidando este ano e é muito positivo a mudança na cultura dos brasileiros”, aponta Camargo.

Além disso, a tendência de maior antecedência no planejamento de viagens também segue em alta. “O que antes era mais de 40% pesquisando viagens para o mesmo mês, hoje fica em torno de 10% em internacionais e 20% em nacionais, com aumento expressivo até mesmo para planejamentos com antecedência maior do que nove meses”, revela Rayane.

“Isso reflete uma estabilização dos períodos de férias e busca por melhores preços. È muito positivo as pessoas se planejarem, garantindo tarifas mais baratas, maior disponibilidade de hotéis melhores e, sobretudo, maior custo-benefício”, infere Andrade.

Um dos principais elementos que ainda seguram o percentual de viagens de última hora é o segmento corporativo. “Embora a Braztoa seja mais focada em lazer, temos diversos associados que trabalham com viagens de negócios. Temos que ver como esse movimento se encontrará no próximo boletim, mas acredito que essa mudança deve se estabilizar nos próximos meses”, opina Camargo.

Quando se trata dos produtos mais comercializados, Experiência Completa e Só Hotel representam 36,95% e 27,82% das vendas. Estes são seguidos por Só Terrestre (15,85%), Cruzeiro (8%), Só Aéreo (4,45%) e outros (6,95%), contando com seguro-viagem em 30% das vendas. “A porcentagem de 8% para cruzeiros, sendo um produto específico, é um dado importante e expressivo, que demonstra como este segmento está se fortalecendo”, afirma Andrade.

Em relação ao internacional, em que os desafios são mais expressivos, as Experiência Completa (29,5%), Só Terrestre (26,7%) e Só Hotel (24,5%) se encontram na liderança, seguidos por Cruzeiros (11,6%), Só Aéreo (2,31%) e Outros (5,5%). Entretanto, a maior diferença se dá no percentual de 53% das vendas com seguro-viagem, efeito remanescente da pandemia, segundo os executivos.

Entre os principais destinos nacionais, estão Maceió (AL), Porto de Galinhas, Rio de Janeiro, Porto Seguro e São Paulo, com Manaus (AM) como integrante inédito na lista de destinos emergentes, demonstrando crescimento do turismo na região Norte. “São Paulo na lista também demonstra amadurecimento do mercado brasileiro. Não estão apenas buscando praias e natureza, mas cultura, gastronomia, experiências e eventos, que a capital paulista é muito forte e está se fortalecendo nesse sentido”, afirma Camargo.

Quanto aos destinos internacionais, os mesmos de sempre seguem na lista, como Lisboa, Orlando, Buenos Aires e Paris. A novidade está na lista de emergentes, que agora conta com mais destinos latinoamericanos, como Cartagena, Cusco e Mendoza. “Brasil sempre esteve de costas para a América Latina e é muito interessante ver que está se abrindo mais para conhecer os países vizinhos”, comenta Rayane.

Quanto aos feriados, os mais esperados para o segundo semestre são: 15 de novembro (Dia da Proclamação da República), 2 de novembro (Dia de Finados); Natal; 7 de setembro (Dia da Independência do Brasil); 12 e 15 de outubro (Dia de Nossa Senhora Aparecida e Dia do Professor); e réveillon. Para o fim de ano, a projeção de crescimento em relação ao ano passado se encontra em 37,6% para o Natal e 47,7% para o Réveillon.

“O cenário é bastante positivo, mas conta com grandes desafios, como o preço e disponibilidade aérea e hoteleira, instabilidade cambial e econômica, além da burocracia dos vistos”, aponta Rayane. “Mesmo assim, a demanda e as vendas estão em alta e o setor segue em crescimento constante, ainda mais com o retorno gradual da conectividade aérea e a estabilização dos preços”, finaliza a CEO da Sprint Dados.