Ao que tudo indica, 2023 deverá ser marcado pelo impulsionamento do turismo brasileiro, sobretudo no mercado internacional. Se no ano passado, após os impactos sofridos pela pandemia de Covid-19, o setor já apresentou melhora significativa em seus principais indicadores, a expectativa agora é de que, cada vez mais, as pessoas sintam-se estimuladas a cumprirem uma das prioridades definidas durante o período de isolamento: viajar mais.

Estimativas do IPC Maps, especializado em potencial de consumo nacional, apontam que o segmento deverá movimentar cerca de R$ 82,7 bilhões ao longo deste ano — quase R$ 15 bilhões a mais que no ano passado. Da mesma forma, segundo dados divulgados recentemente pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2022 a quantidade de voos domésticos e internacionais cresceu 39% em comparação a 2021.

Nesse contexto, os destinos internacionais contabilizaram aproximadamente 100 mil voos, o que representa um aumento de 89% sobre os 53 mil registrados no ano anterior. O número de passageiros transportados aumentou 227%, saltando de 5 milhões para 16 milhões. Ainda sobre o mercado estrangeiro, a taxa de aproveitamento das aeronaves subiu de 55% em 2021 para 83% no ano passado.

A alta da demanda é confirmada pela Associação Turismo de Lisboa (ATL). “O destino Lisboa atravessa um momento muito promissor, tendo recebido no início de agosto a  Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um evento  que reuniu mais de 1 milhão de jovens e que teve uma repercussão gigantesca a nível mundial. Após o período da pandemia, Lisboa recuperou rapidamente, sendo o destino que mais cresce no cenário nacional e, também, entre as cidades europeias. Estamos muito otimistas, mas cientes que devemos continuar a trabalhar a nossa estratégia para a consolidação do crescimento sustentado em Lisboa”, afirma Paula Oliveira, diretora executiva da ATL.

Considerando que o setor de turismo responde, sozinho, por 19% do PIB de Portugal, a ATL vem investindo mais de €10 milhões por ano em ações visando atrair esses viajantes. “Apesar do excelente momento que atravessamos, temos consciência que a concorrência internacional é muito forte. Por isso, programamos regularmente nossas campanhas e programas promocionais”, revela Paula.

“Durante a JMJ, por exemplo, lançamos uma campanha saudando os participantes e que deverá ser continuada para também gerar efeitos no período do inverno”, explica a executiva, antecipando que o mote das iniciativas será “os sons de Lisboa”, com um “ângulo diferente e original”. Além disso, diversos outros eventos, como os festivais de verão e o Web Summit, previstos ainda para este semestre, deverão também atrair milhares de vistantes. Pelo mesmo motivo, diversas companhias aéreas estão reforçando o número de assentos e voos do Brasil para Lisboa.

Paula reforça ainda que o mercado brasileiro é um dos mais importantes estrategicamente, sendo o terceiro com maior presença em Lisboa, superado apenas por França e Estados Unidos. “Em 2019, o Brasil foi o principal mercado em termos de pernoites, mas com a pandemia tudo paralisou e, desde o ano passado, constatamos que o mercado  começou a reagir ”, lembra.

Conforme dados da ATL, de janeiro a abril de 2023, foram registradas 442 mil pernoites de brasileiros em terras lisboetas — 52% a mais que o mesmo período de 2022 e 3,4% a menos ante a 2019. Já, em relação à quantidade de hóspedes, a cidade recebeu cerca de 171 mil, o que representa um acréscimo de 60% em comparação a 2022 e de 2% perante 2019.

Segundo a diretora executiva da entidade, até maio último, mais de 580 mil brasileiros pernoitaram na capital portuguesa. “Embora ainda estejamos ligeiramente abaixo dos números anteriores a 2020, as perspetivas são positivas. Sabemos que os brasileiros sentem cada vez mais atração por Lisboa, com variadas motivações. Afinal, aqui, são todos bem recebidos”, finaliza.