O potencial dos distritos turísticos para impulsionar o turismo multi-etário foi o tema central do último painel realizado durante o 20º Encontro do Setor de Feiras e Eventos (Esfe), no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo (SP). Especialistas do setor discutiram como a organização da oferta de diversão, lazer, entretenimento, gastronomia, compras e eventos pode transformar o turismo no país.
Alain Baldacci, fundador e CEO do Wet’n’Wild, destacou a origem dos distritos turísticos, mencionando o pioneirismo da Disney ao criar um modelo de gestão integrada para suas operações, há mais de meio século atrás. “No Brasil, ainda estamos engatinhando com esse conceito”, afirma. Ele ressaltou que a Disney na Califórnia se tornou um catalisador econômico e social, levando à criação de um distrito específico na Flórida. “Disney percebeu que estava estrangulado por outros empreendimentos e decidiu que nunca mais enfrentaria esse problema. Comprou 110 milhões de metros quadrados e criou a Disney World”, explica Baldacci.
O executivo também frisou a importância da infraestrutura planejada. “O distrito turístico precisa ter autonomia para definir suas próprias regras. A Disney exigiu alterações legislativas na Flórida para que pudesse criar um ambiente adequado ao turismo”, pontua
O panorama dos parques temáticos e a expansão do setor
Carolina Negri, presidente executiva do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), apresentou um panorama do setor. “Em 2023, os parques e atrações turísticas brasileiros faturaram R$ 8 bilhões e receberam 128 milhões de visitantes”, revela.
Negri apontou que a tendência é o crescimento dos complexos integrados. “Hoje, 17% dos empreendimentos de entretenimento possuem hospitalidade integrada. Nos próximos anos, esse percentual mais que dobrará, chegando a quase 40%”, destaca.
Baldacci lembrou os desafios enfrentados pelo Brasil para implantar distritos turísticos. “Tentamos criar distritos turísticos há mais de 20 anos. Em 2003, apresentamos um projeto em Taubaté que foi aprovado na Câmara, mas nunca recebeu apoio do governo estadual”, lamenta o executivo. Somente em 2021, o estado de São Paulo oficializou sete distritos turísticos, incluindo Serra Azul.
O distrito turístico de Serra Azul já recebe 10 milhões de visitantes por ano e tem infraestrutura consolidada. “Nosso objetivo é expandir esse potencial. Temos três aeroportos próximos e uma localização privilegiada. Não há motivo para não darmos certo”, disse Baldacci.
Ibrahim Georges Tahtouh, presidente da Câmara de Arbitragem da Academia Brasileira de Eventos e Turismo (CNA EvTur), destacou o papel das viagens de incentivo. “Elas representam 40% da movimentação global do turismo e são fundamentais para a economia dos destinos”, afirmou. “Fizemos um estudo na França que mostrou que um turista de incentivo gasta o equivalente a 14 turistas normais. Isso tem impacto direto na arrecadação fiscal das cidades”, detalha.
Os painelistas concordaram que, para que os distritos turísticos se consolidem no Brasil, é necessária uma legislação específica e estabilidade regulatória. “Precisamos de segurança jurídica para atrair investidores”, disse Baldacci. “A Disney vai investir US$ 60 bilhões nos próximos 10 anos. Isso mostra o tamanho do impacto econômico que um distrito turístico pode ter”, conclui.
Agenda