O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), promove nesta quarta-feira (2) um seminário internacional para debater estratégias de mitigação de riscos de colisões entre aeronaves e animais silvestres. O evento, transmitido ao vivo pelo canal do MPor no YouTube a partir das 14h30, reforça o protagonismo do Brasil no desenvolvimento de soluções inovadoras na área, com destaque para um projeto que utiliza análise genética na identificação das espécies envolvidas nos incidentes.
Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto analisa amostras biológicas de animais encontrados após colisões com aeronaves. A partir da identificação precisa das espécies por meio de DNA, é possível traçar estratégias específicas de manejo da fauna para reduzir os riscos em áreas aeroportuárias.
Desde abril de 2023, o programa já identificou dezenas de espécies — entre as mais frequentes estão pomba-de-bando, quero-quero, urubu-de-cabeça-preta, morcego-de-cauda-grossa e carcará. A proposta é garantir maior segurança operacional sem comprometer o equilíbrio ambiental.
“Estudos internacionais indicam que os benefícios econômicos das ações de gerenciamento de risco de fauna são sete vezes superiores aos custos de implementação”, afirma a SAC, reforçando a importância de iniciativas como essa. De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), as colisões com fauna causaram, no Brasil, prejuízos superiores a US$ 75 milhões entre 2011 e 2020. No cenário global, os custos estimados chegam a US$ 2 bilhões anuais.
Um dos desafios ainda é o sub-registro: estima-se que apenas um terço das ocorrências sejam oficialmente reportadas. A ampliação do conhecimento sobre os fatores de risco é, portanto, crucial para que medidas preventivas sejam mais eficazes.
O seminário conta com a participação de especialistas internacionais de instituições de renome. Kyle Horton, da Universidade Estadual do Colorado, apresentará um projeto que utiliza dados meteorológicos para prever deslocamentos migratórios de aves. Carla Dove, do Instituto Smithsonian, abordará a importância da identificação da fauna envolvida em colisões. Já Susan Ellis-Felege, da Universidade da Dakota do Norte, compartilhará pesquisas sobre o uso de radiotelemetria automatizada para rastrear aves em zonas próximas a aeroportos.