Autoridades espanholas e portuguesas informaram, nesta terça-feira (29), que o fornecimento de energia elétrica foi praticamente restabelecido nos dois países, após o apagão histórico que afetou a Península Ibérica na última segunda-feira (28). Segundo dados oficiais, 99,95% da rede elétrica espanhola já havia sido reativada até o início da manhã, enquanto Portugal também retomava a operação plena em quase todo o território.
O colapso, que derrubou cerca de 15 gigawatts da rede em apenas cinco segundos, deixou milhões de pessoas sem luz, afetando diretamente serviços essenciais como telecomunicações, transportes e mobilidade urbana. As causas ainda estão sob investigação, mas as operadoras nacionais não descartam a possibilidade de um fenômeno atmosférico raro ter causado instabilidade em linhas de muito alta tensão.
Entre os setores mais afetados pela falha energética está o transporte aéreo. Em Portugal, 96 voos foram cancelados na segunda-feira (28), com maior impacto no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, que concentrou quase 30% das partidas interrompidas. O terminal operou com restrições, incluindo check-ins manuais e falhas temporárias em sistemas de informação ao passageiro.
Na Espanha, os impactos nos aeroportos foram menores, mas ainda significativos. Foram cancelados 45 voos, com maior concentração nos aeroportos de Madri-Barajas (2,56% das operações) e Barcelona-El Prat (2,98%). Operações foram mantidas com o auxílio de geradores de emergência e suporte técnico das companhias aéreas.
O transporte ferroviário sofreu paralisações em toda a rede espanhola. A operadora Renfe suspendeu temporariamente os serviços de trens de longa distância, regionais e de alta velocidade. Cerca de 35 mil passageiros ficaram retidos em mais de cem trens parados. Em muitas estações, foi necessário o auxílio de equipes de emergência, e em alguns casos, passageiros passaram a noite nos terminais.
As redes de metrô de Madri e Barcelona também interromperam suas atividades. Autoridades locais pediram à população que evitasse deslocamentos urbanos em razão da falha generalizada nos semáforos e na sinalização de trânsito.
Em ambos os países, o colapso nos sistemas de transporte gerou atrasos em cadeia e sobrecarga no uso de modais alternativos, como ônibus e táxis. Os sistemas de dados de trânsito e telecomunicações também foram afetados, dificultando a atualização em tempo real das condições de tráfego.
Sinais de normalização e reforço de protocolos
Com o restabelecimento gradual do sistema elétrico, os serviços de transporte começaram a ser retomados na noite de segunda-feira, com normalização prevista ao longo da semana. Especialistas classificaram o apagão como sem precedentes na região, ressaltando a necessidade de revisão e reforço nos planos de contingência e integração entre redes de infraestrutura essenciais.
As operadoras aéreas e ferroviárias ainda avaliam os impactos operacionais e financeiros do apagão. Enquanto isso, passageiros afetados pelos cancelamentos são orientados a procurar os canais oficiais das companhias para reembolso ou reacomodação.