As viagens de ônibus do Brasil para a Argentina despencaram 80% em 2024, totalizando apenas 4,2 mil passageiros transportados ao longo do ano, ante 20,2 mil em 2023. Os dados são do Anuário Estatístico TRIIP, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e revelam um forte impacto das mudanças na política cambial argentina, que tornaram o destino menos atrativo para brasileiros.
A retração coloca a Argentina, que liderava o ranking de destinos rodoviários internacionais em 2023, agora na terceira posição. O Uruguai assumiu a dianteira, com 22,5 mil passageiros recebidos, seguido pela Bolívia, com 20 mil. No total, 51,3 mil passageiros utilizaram o transporte terrestre internacional no último ano.
A média de brasileiros viajando de ônibus para a Argentina nos três anos anteriores era de cerca de 12 mil, atrás apenas da Bolívia e em empate com o Paraguai. Com o novo cenário cambial, a valorização do peso argentino encareceu significativamente os custos para quem gasta em real — provocando um esfriamento na demanda, não apenas por ônibus. Alem disso, vale reforçar que a Argentina agora exige seguro-saúde para turistas.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o fluxo total de brasileiros na Argentina também caiu 42,8% somente em fevereiro de 2025, atingindo 57,3 mil turistas. Por outro lado, os argentinos aumentaram expressivamente sua presença no Brasil: 703,6 mil visitaram o país no mesmo mês, alta de 96,9% em relação a fevereiro de 2024.
A ANTT ressalta que os dados podem ser ainda maiores, já que empresas de transporte internacionais com sede fora do Brasil não têm obrigação de informar toda a demanda à agência.
O atual panorama reforça o efeito da política monetária argentina sobre o turismo regional: enquanto os brasileiros enfrentam um cenário menos vantajoso para viagens ao país vizinho, os argentinos veem no Brasil uma alternativa econômica mais atraente para consumo e lazer.