Um local para ser acarinhado e nutrir o espírito. Assim se descreve a Vila Cerrado. Situada em Alto Paraíso (GO), no coração da Chapada dos Veadeiros, uma propriedade é inspirada nesse importante ecossistema brasileiro – o segundo mais ameaçado do país – e na região Centro-Oeste o conceito de hospedagem como um “hotel-casa”, que acolhe com a ternura de um lar. Com denominações que evocam árvores e frutos, há cinco opções de acomodação – três residências e dois chalés. Juntas, formam uma vila charmosa e sustentável projetada para proporcionar uma estadia autônoma e envolvente com serviços de hotelaria.

A pousada surgiu a partir do sonho de um casal em criar um lugar em perfeita sintonia com a natureza em prol do Cerrado e do turismo sustentável, ao mesmo tempo em que servisse como um refúgio de bem-estar e natureza espiritual. Durante a pandemia, vivida na inspiração da metrópole paulistana, a atriz Melina Menghini e seu marido, o engenheiro André Cardinali, juntamente com seu filho recém-nascido, Ben, de apenas três meses na época, decidiram embarcar nessa aventura na Chapada dos Veadeiros.

Melina havia acabado de perder sua mãe e, ao acompanhar todo o processo da doença, adquiriu um conhecimento valioso sobre a importância dos cuidados paliativos e terapias energéticas no processo de cura. Por sua vez, André sempre teve preocupação com o planeta, sustentabilidade e crises humanitárias. Com a colaboração de sua esposa e especialistas locais (guardiões de uma cultura ancestral), ele pôde desenvolver e experimentar uma estrutura original e aderida, utilizando recursos que não se encaixavam em um modelo convencional. Assim, o projeto de construção da Vila Cerrado tomou forma e foi concretizado em apenas nove meses.

“Somos um refúgio para o autocuidado e experiências que permitem ampliar a consciência de se manter hábitos diários saudáveis e como isto impacta o nosso planeta. Desde o princípio tivemos por objetivo criar um lugar para acolher pessoas e inspirá-las”, diz Melina.

Estrutura de aconchego

No que diz respeito às opções de hospedagem, a Vila Cerrado oferece três casas-boutique: Copaíba, Jatobá e Buriti. Cada uma delas possui uma área de 70m2, com uma cozinha gourmet totalmente equipada, um deck com vista para o exuberante jardim e banheiros privativos ao ar livre, com banheiras de imersão esculpidas em pedra natural. Além disso, as casas preservam elementos projetados e de design que resgataram técnicas ancestrais dos quilombolas, como a utilização de pau a pique, em uma abordagem contemporânea que valoriza a expressão cultural dos kalungas, conhecida por sua habilidade na construção com barro e bambu. Essas técnicas foram aplicadas por uma equipe de profissionais da própria comunidade. Na decoração interna, é possível encontrar trabalhos manuais criados por escultores e artesãos locais e nacionais, incluindo trançados de palha.

Em relação aos chalés Baru e Pequi, eles oferecem uma área privativa de 36 m2 e apresentam um layout estilo loft, com espaços integrados entre si. Ambos possuem um deck aconchegante com vista para o jardim deslumbrante, uma cozinha compacta equipada com os utensílios principais, uma mesa bistrô gourmet e um banheiro com divisões separadas para lavatório, vaso sanitário e chuveiro. No interior, esses chalés seguem a mesma proposta de decoração, design e arquitetura das casas-boutique, refletindo a dedicação e o talento de Melina, que concebeu todo o ambiente com carinho. “Durante anos viajei pela Chapada e criei uma rede de amigos artistas e artesãos, a quem recorreu no momento de criar o hotel”, afirma a proprietária.

Para todos os hóspedes, é disponibilizado um delicioso café da manhã caseiro e regional, com uma variedade de iguarias personalizadas de forma tradicional e acolhedora. Além disso, oferece-se a opção do Café Sensus, uma experiência gastronômica que se baseia nos princípios do movimento Slow Food e da medicina Ayurveda. Esse café tem como objetivo proporcionar uma vivência sensorial, onde se valoriza uma segurança mais profunda da comida, entendendo-a como algo significativo, fonte de prazer e um meio de responsabilidade socioambiental. Servido de forma personalizada, busca inspirar a reconexão com a natureza e com o ecossistema local, destacando a alimentação como um agente transformador que busca causar um impacto mínimo e incentivar as pessoas a viverem com mais saúde. “Acreditamos que o alimento deve nutrir o corpo, alimentar a alma e regenerar o planeta”, afirma Melina.

Experiências para todos os sentidos

A região da Chapada dos Veadeiros, que abriga a maior placa de quartzo subterrânea do mundo e é atravessada pelo paralelo 14, coincidindo com a lendária cidade de Machu Picchu no Peru, oferece um ambiente propício para o aprofundamento do autoconhecimento. Essas características inspiraram os proprietários da Vila Cerrado a criar o Salvia – Centro de Reconexão. Esse espaço oferece uma variedade de terapias holísticas para aqueles que desejam relaxar, se conectar consigo mesmos ou processos específicos.

Inspirados pelos quatro elementos (ar, terra, fogo e água), foram projetados ambientes que representam simbolicamente cada um deles no jardim da propriedade. O Templo Ser foi concebido para representar o elemento ar, enquanto o espaço Terra do Fogo cria um ambiente acolhedor para as noites frias, emoldurando o céu estrelado e os seus mistérios. A conexão com o elemento terra é explorada através de revigorantes passeios de bicicleta, disponíveis para os hóspedes no bicicletário.

Além disso, a propriedade oferece outras experiências para promover a conexão dos hóspedes com a natureza. Ao chegarem ao hotel, todos são recebidos com um ritual de boas-vindas inspirado na tradição xamânica. A Vila espiral também mantém a Horta Alquimia, uma horta 100% orgânica em formato, que disponibiliza ervas medicinais, especiarias e hortaliças para potenciar a preparação de refeições e chás.

Comprometida com ações ambientais e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a Vila Cerrado valoriza questões de ESG (Ambiental, Social e Governança). Em parceria com a Associação Cerrado de Pé, eles oferecem a expedição de turismo regenerativo “Salve Cerrado”, que contribui para a autonomia de 80 famílias locais, incluindo comunidades cerradenses e kalungas. O objetivo é estabelecer uma conexão entre os turistas e o bioma, destacando a importância da conservação e biodiversidade do ecossistema, bem como replantar sementes e espécies nativas para proteger as nascentes que abastecem as principais bacias hidrográficas do Brasil.


Leia também: CONHEÇA SETE DESTINOS PARA TRILHAS