O setor de turismo no Japão, que registrou recorde de 3,9 milhões de visitantes em abril, enfrenta uma queda repentina na demanda após rumores sobre a possibilidade de um grande terremoto seguido de tsunami entre os dias 5 e 7 de julho. A previsão foi atribuída à artista japonesa de mangá Ryo Tatsuki, cuja obra vem sendo amplamente divulgada nas redes sociais.
Segundo relatos, muitos turistas têm cancelado viagens, especialmente para as províncias de Kagoshima e Kumamoto, localizadas no sul do país. A Hong Kong Airlines, por exemplo, suspendeu todos os voos para essas regiões em julho e agosto devido à baixa procura.
Origem dos rumores
Ryo Tatsuki ganhou notoriedade após publicar, em 1999, o livro The Future I Saw, no qual teria previsto o terremoto de 2011, que causou um tsunami e o desastre nuclear de Fukushima. Em uma versão atualizada do livro lançada em 2021, a autora menciona que “a verdadeira catástrofe” ocorreria em julho de 2025. A previsão cita especificamente um terremoto de grande magnitude, seguido por tsunami, entre os dias 5 e 7.
A difusão dessas previsões nas redes sociais resultou em ampla repercussão e aumento da ansiedade entre turistas, sobretudo em países vizinhos. Relatos de outros supostos videntes e autodenominados especialistas espirituais reforçaram os boatos.
Impacto no setor de viagens
Agências de turismo em diferentes países da Ásia, especialmente em Hong Kong, relatam aumento nos cancelamentos de pacotes turísticos para o Japão. Como resposta, algumas operadoras têm oferecido descontos e benefícios para mitigar os impactos financeiros da retração.
A Organização Nacional de Turismo do Japão (JNTO) informou que, apesar do bom desempenho do turismo no início do ano, a retração em julho ameaça comprometer a recuperação econômica de destinos turísticos ainda afetados pelos impactos da pandemia de Covid-19.
Governo japonês nega possibilidade de previsão precisa
Diante da disseminação dos rumores, o governo japonês e instituições científicas reforçaram que não há base técnica para esse tipo de previsão. Em nota divulgada na rede X (antigo Twitter), a Divisão de Prevenção de Desastres do Gabinete do Japão declarou: “Com o conhecimento científico atual, é difícil prever a data, a hora e o local de um terremoto. Eles podem ocorrer a qualquer momento”.
A Agência Meteorológica do Japão e o Comitê de Pesquisa de Terremotos do país também reiteraram que a previsão precisa de terremotos não é viável com a tecnologia atual.
Preocupações com o setor turístico
Apesar das declarações oficiais, os boatos já impactaram o turismo em regiões que dependem economicamente da chegada de visitantes na alta temporada. Segundo autoridades locais, o temor infundado pode gerar prejuízos adicionais ao setor, que ainda busca retomar o ritmo anterior à pandemia.
O governo japonês destaca que o país possui um dos sistemas mais avançados de monitoramento e resposta a desastres naturais. Além de alertas sísmicos, realiza campanhas periódicas de conscientização sobre segurança e resposta a emergências.
A JNTO e outras entidades públicas têm incentivado os viajantes a buscarem informações por meio de canais oficiais e a manterem confiança na capacidade do país de lidar com catástrofes naturais. A promoção de atrações culturais, cidades e paisagens continua sendo uma das estratégias para recuperar a confiança de visitantes.
