Localizado no coração do Brasil, o Pantanal Matogrossense tem sua fauna e flora extremamente diversas, com muitas espécies de plantas, flores, pássaros e animais. Hoje, o Pantanal possui um dos maiores volumes de água doce do mundo, rodeado por rios.

“Apresentar o Mato Grosso como destino turístico é muito importante, pois ele é reconhecido como o principal produtor de alimentos do mundo. Além disso, oportuniza diversas experiências turísticas. Aqui temos uma variedade incrível de roteiros e destinos turísticos, além da diversidade cultural marcada pela sua miscigenação”, revela André Luiz Schelini, diretor técnico do Sebrae Mato Grosso.

A convite do Sebrae Mato Grosso, o Brasilturis percorreu o Pantanal Matogrossense e revela suas particularidades.

Por dentro da natureza

A fauna pantaneira é muito variada com um equilíbrio delicado entre espécies aquáticas e terrestres. Devido às suas características únicas, o Pantanal é considerado um paraíso para observadores de aves e biólogos, abrigando aproximadamente 650 espécies de aves, incluindo araras, tucanos, colhereiros, garças e o majestoso tuiuiú, símbolo da região.

Além das aves, os mamíferos também têm sua presença marcante no Pantanal. A onça-pintada, o maior felino das Américas, é uma das espécies mais emblemáticas do local. Outros animais notáveis incluem a anta, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a capivara, o veado-campeiro e o jacaré, que podem ser vistos em grande quantidade nas águas pantaneiras.

A flora do Pantanal é igualmente exuberante e adaptada às condições únicas do ecossistema. A vegetação é diversificada, incluindo áreas alagadas, cerrados, campos e matas ciliares. As plantas aquáticas, como a vitória-régia, o camalote e o aguapé, formam verdadeiros jardins flutuantes nos corpos d’água. O capim-sapé é um elemento marcante da paisagem pantaneira e é uma fonte essencial de alimento para a fauna local. Já as árvores de maior porte, como o ipê, a aroeira e o bocaiúva, também desempenham papéis importantes na sustentação da vida selvagem, fornecendo abrigo e alimento para diversas espécies.

As matas ciliares que margeiam os rios e lagoas são vitais para a preservação do Pantanal, pois servem como corredores ecológicos, garantindo a conectividade entre diferentes habitats e facilitando a migração e a dispersão de animais e plantas.

Cultura Matogrossense

A cultura do Pantanal é um reflexo da convivência harmoniosa entre o homem e a natureza. As comunidades tradicionais, como os ribeirinhos e os pantaneiros, têm uma relação estreita com o ambiente em que vivem, respeitando e preservando suas riquezas naturais.

Um dos destaques da cultura local são as danças tradicionais da região, o cururu e o siriri. O cururu é uma dança de origem indígena que é tradicionalmente realizada como uma forma de devoção religiosa e também como manifestação cultural em festividades populares. A dança é conhecida por sua rica musicalidade e por incorporar elementos da cultura indígena e caipira. As letras das músicas do Cururu abordam temas religiosos, históricos e cotidianos, transmitindo conhecimentos e histórias passados de geração em geração. A dança é uma forma de expressão e de conexão com as tradições e crenças do povo pantaneiro.

Já o siriri tem influências mais marcantes da cultura europeia, especialmente da tradição folclórica portuguesa. Assim como o cururu, o siriri é realizado em grupo, com dançarinos formando fileiras que se movimentam de maneira coreografada. Os passos são rápidos e alegres, e os trajes coloridos dos dançarinos dão um toque vibrante à apresentação.

Tradição culinária

Um dos pratos típicos do Pantanal é o quebra-torto, uma refeição que representa uma espécie de café da manhã reforçado ou um almoço matinal. Essa tradição gastronômica é muito apreciada pelos pantaneiros, que precisam de energia para enfrentar as atividades diárias na região. O quebra-torto desempenha um papel importante na rotina dos pantaneiros, especialmente para os trabalhadores rurais e pecuaristas que enfrentam longas jornadas de trabalho em meio à natureza. Seu nome vem da função da refeição, que é uma espécie de “quebra” do jejum noturno, fornecendo sustento e energia para superar a fadiga matinal – ou “torto”, como é conhecido popularmente.

Música entre gerações

No Museu da Viola de Cocho tivemos a oportunidade de conhecer a família do Luthier Alcides, que mantém a tradição familiar de confeccionar e tocar a viola de cocho. A fabricação do instrumento é um processo artesanal que exige grande habilidade dos artesãos. Uma peça única de madeira é escolhida, normalmente de árvores nativas da região, como aroeira, vinhático ou cedro, que possuem acústica adequada para o instrumento. A madeira é cuidadosamente esculpida em formato de viola e, em seguida, são feitas cavidades na peça para acomodar as cordas.

A viola de cocho geralmente possui dez cordas dispostas em cinco pares, afinadas de forma peculiar, o que lhe confere um som único e característico. A afinação mais comum é a de “cebolão”, que consiste em afinar as cordas em terças e quintas. Isso proporciona uma sonoridade mais rústica, melódica e cheia de nuances, que reflete a identidade da música pantaneira.

Comunidade Quilombola Mata Cavalo

A Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, situada a cerca de 50 quilômetros da capital Cuiabá, é um verdadeiro tesouro cultural do Mato Grosso. Abrigando aproximadamente 500 famílias, essa comunidade remanescente de escravos tem se dedicado incansavelmente à preservação de suas tradições e identidade quilombola.

Em meio a uma área de solo fértil e rica em recursos naturais, os moradores de Mata Cavalo trabalham em comunhão para plantar uma diversificada cultura agrícola, onde a banana tem um papel de destaque. O espírito de cooperação é evidente, com cada membro da comunidade ajudando o outro para garantir o sustento e o bem-estar coletivo.

A conexão com a natureza é parte intrínseca da vida cotidiana em Mata Cavalo, e os moradores vivem em harmonia com a terra, respeitando seus ciclos e cuidando para não esgotar os recursos. Esse cuidado com o meio ambiente é fundamental para a sustentabilidade do quilombo e para a perpetuação das tradições ancestrais.

O artesanato é uma manifestação viva da cultura quilombola na comunidade. Grupos de mulheres talentosas produzem delicadas bonecas de pano e palha, que representam um pouco da identidade e história da comunidade. A sabedoria das artesãs também é compartilhada com os alunos nas salas de aula, garantindo que as futuras gerações valorizem e preservem essa expressão cultural.

As danças são outra expressão rica da cultura afro-brasileira presente em Mata Cavalo. Grupos de jovens dedicam-se a apresentar as danças tradicionais, mantendo viva a memória dos ancestrais e celebrando sua herança cultural. As danças são uma forma de conexão com a história e também de celebração da vida comunitária.

Porém, nem tudo são flores para a Comunidade Quilombola de Mata Cavalo. Ao longo dos anos, eles têm enfrentado desafios e ameaças à preservação de suas terras, vindas de fazendeiros e grileiros. A luta pela conservação de suas tradições e pela proteção de seu território é constante e representa uma batalha para manter a identidade e o modo de vida quilombola.

Apesar das dificuldades, a Comunidade Quilombola de Mata Cavalo persiste em sua resistência, e o legado de seus ancestrais é honrado a cada passo dado em direção à preservação das raízes culturais. A determinação e a união dos moradores são fundamentais para enfrentar os desafios, fortalecendo sua identidade e protegendo o patrimônio cultural para as gerações futuras.

A Comunidade Quilombola de Mata Cavalo é um exemplo inspirador de como a preservação das tradições e do meio ambiente pode ser alcançada através da força coletiva e da conexão com a história. É um símbolo de resistência e uma valiosa peça no mosaico da diversidade cultural brasileira.

A magia da Transpantaneira

A Transpantaneira é uma estrada mítica situada no coração do estado do Mato Grosso. Ela se estende por cerca de 150 quilômetros, partindo da cidade de Poconé e chegando até a região do Porto Jofre, adentrando profundamente o Pantanal Matogrossense. Essa estrada única é mais do que um simples caminho, é uma jornada que oferece aos viajantes uma experiência inesquecível pelas terras alagadas mais ricas em biodiversidade do mundo.

A construção da Transpantaneira teve início na década de 1970, durante o governo do então presidente Emílio Garrastazu Médici. O objetivo era conectar a cidade de Cuiabá, capital de Mato Grosso, ao Pantanal, permitindo melhor acesso à região e facilitando o escoamento da produção agropecuária local. A estrada foi projetada para superar os desafios das inundações sazonais do Pantanal e, por isso, possui um projeto especial com mais de 120 pontes de madeira, permitindo que a água flua livremente durante o período de cheias. Em alguns trechos, a Transpantaneira se transforma em uma verdadeira passarela sobre as águas, criando um cenário único e fascinante.

A Transpantaneira tornou-se uma importante via de acesso para a região pantaneira, facilitando o turismo e a exploração sustentável das belezas naturais dessa imensa planície alagada. Viajantes, fotógrafos, pesquisadores e amantes da natureza de todo o mundo são atraídos pelas riquezas e encantos do Pantanal, e a Transpantaneira é o caminho que os conduz a essa experiência única. Além do turismo, a estrada também é fundamental para os moradores da região. Ela é um elo vital de transporte para as comunidades rurais e para a distribuição de mercadorias e insumos. A pesca, a agricultura e o ecoturismo são atividades econômicas importantes para as comunidades pantaneiras, e a Transpantaneira impulsiona o desenvolvimento dessas atividades.

Conhecer o Mato Grosso e percorrer a Transpantaneira é como adentrar um mundo mágico, onde a natureza reina soberana. Ao longo da estrada, é possível avistar a diversidade em espécies de animais, como capivaras, jacarés, tuiuiús, garças, araras, onças-pintadas e uma infinidade de aves migratórias. A paisagem se transforma em um espetáculo de cores e sons, com o pôr do sol pintando o céu de tons dourados e o canto dos pássaros ecoando na imensidão pantaneira.