Há muito tempo, na intocada floresta amazônica, os espíritos ancestrais dos Yanomami escolheram um lugar sagrado para residir: o Yaripo, conhecido como Pico da Neblina, Serra dos Ventos ou a Casa dos Espíritos. Segundo as lendas, o grande Pajé Yoyoma, em uma visão espiritual, descobriu a imponente montanha, que agora abre sua temporada de visitação para 2024 e 2025, recebendo viajantes em busca de aventura e reconexão com a natureza.
O Pico da Neblina, considerado sagrado pelos Yanomami, é associado a poderes de cura e proteção espiritual. “O Pico da Neblina é a casa dos espíritos, onde invocamos os espíritos para salvar alguém que está doente espiritualmente, o que é diferente da dor física”, explica Renê da Cruz Pinto, Yanomami e guia da Vivalá.
Com 2.995 metros, o Pico da Neblina é o ponto mais alto do Brasil. “Nossa cultura é forte e viva, e é por isso que o Yaripo é sagrado”, afirma Renê. Antes de subirem a Serra dos Ventos, os visitantes não indígenas recebem proteção dos caciques e tuxauas, respeitados líderes espirituais da comunidade. “Acreditamos que o Pico da Neblina é perigoso para visitantes não indígenas, por isso os Pajés fazem uma proteção para que não adoeçam ou se machuquem”, destaca Érica Figueiredo, coordenadora do projeto Yaripo.
Visitação Retomada após 20 Anos
Localizado entre duas unidades de conservação, a Terra Indígena Yanomami e o Parque Nacional Pico da Neblina, o Yaripo teve sua visitação suspensa por mais de 20 anos, sendo retomada apenas em 2021. Esse retorno foi possível após anos de planejamento para garantir que as visitas fossem sustentáveis e benéficas para a comunidade local.
Duas empresas receberam autorização da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para operar na região. Uma delas é a Vivalá, que promove experiências de ecoturismo, turismo de aventura e turismo de base comunitária em diversas unidades de conservação do Brasil.
“Participamos do edital de lançamento do projeto, feito pelo ICMBio, Funai e ISA, e fomos escolhidos pelo governo e pelo povo Yanomami para desenvolver esse projeto. Estamos felizes em iniciar nossa jornada ao ponto mais alto do Brasil, promovendo preservação ambiental, valorização cultural e experiências inesquecíveis”, afirma Daniel Cabrera, Cofundador e Diretor Executivo da Vivalá.
Roteiro de 15 Dias
A expedição ao Pico da Neblina dura 15 dias, ideal para aventureiros de trekking. Inicia em São Gabriel da Cachoeira (AM), com preparação na pousada local e explorações na cidade. A jornada combina estradas, voadeiras e trilhas imersivas, atravessando paisagens diversas até Maturacá, sempre guiada pelo povo Yanomami.
“A relação dos Yanomami com o Pico da Neblina é fundamental para entender a profunda ligação dos povos indígenas com a natureza”, complementa Daniel Cabrera. Os primeiros dias incluem bênçãos dos Pajés e acampamentos em locais estratégicos, como Irokae e Gavião. O ponto alto é a ascensão final ao acampamento Base, a 2.030 metros, preparando os aventureiros para a escalada até os 2.995 metros.
Letícia Cristina, produtora de experiências da Vivalá, destaca a diversidade da Amazônia: “Os cenários são deslumbrantes, e a Amazônia lá é única, cheia de serras e flora endêmica pela altitude. Todos que sobem o Pico da Neblina recebem uma bênção dos caciques para proteção durante a jornada.”
Após a conquista do pico mais alto do Brasil, os viajantes se despedem dos Yanomami, compram artesanato local e celebram em São Gabriel da Cachoeira. A temporada 2024/2025 terá 12 saídas e 120 vagas, com investimento de R$ 17.500, que pode ser pago à vista ou parcelado. A expedição inclui treinamentos, hospedagem, transporte, alimentação e uma equipe capacitada para garantir a segurança.
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