A Accor divulgou, nesta terça-feira (25), os resultados financeiros de 2024 durante uma coletiva de imprensa realizada no hotel Pullman São Paulo Ibirapuera. O grupo atingiu receita de 5,6 bilhões de euros, um aumento de 11% em relação ao ano anterior, e EBITDA de 1,12 bilhão de euros, crescimento de 12% sobre 2023. O RevPAR global também subiu 5,7%, com destaque para as Américas, onde a alta foi de 12% nas categorias midscale e econômica.
“Foi um ano excepcional para a Accor, consolidamos nossa estratégia e entregamos resultados que superaram as expectativas”, afirmou Thomas Dubaere, CEO da Accor Américas. Segundo ele, apesar dos desafios globais como alta da inflação e das taxas de juros, instabilidade geopolítica e mudanças climáticas, a empresa soube navegar bem o cenário e manter sua rota de crescimento. “O mercado está se transformando e precisamos estar atentos a três grandes influências: geopolítica, consciência ecológica e tecnologia”, destacou.
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Thomas Dubaere, CEO da Accor Américas. Foto: Matheus Alves
No portfólio, a Accor encerrou o ano com 5,6 mil hotéis e 850 mil quartos em operação. O pipeline também cresceu, totalizando quase 1,4 mil projetos em andamento, somando mais de 233 mil quartos. Nas Américas, a empresa assinou 28 novos contratos em 2024, sendo 19 no Brasil. “O Brasil foi um dos mercados mais dinâmicos da região, com expansão para novos destinos e uma estratégia agressiva de franquias”, destacou Abel Castro, CDO da Accor Américas.
A divisão Premium, Midscale & Economy (PM&E) das Américas apresentou um crescimento de 11% no RevPAR, impulsionado pelo aumento da tarifa média e uma ocupação em recuperação. A região contou com 11 novas aberturas em 2024, incluindo o ibis Styles Maragogi, primeiro hotel “pé na areia” da marca nas Américas, e o Novotel Recife Marina. Para 2025, a previsão é de abrir um hotel por mês, com confirmações para o Tribe Belo Horizonte, Novotel Uberlândia e ibis Styles Foz do Iguaçu.
Outro avanço relevante foi a expansão da Accor para a República Dominicana, onde foram assinados três contratos para as marcas ibis, com expectativa para alcançar 10 empreendimentos. “Nossa entrada na República Dominicana marca um passo estratégico no crescimento da Accor no Caribe”, afirmou Castro.
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Abel Castro, CDO da Accor Américas. Foto: Matheus Alves (Brasilturis)
Desafios e tendências
Para Dubaere, o contexto geopolítico segue imprevisível, com impactos diretos no turismo e na economia global. “Ainda lidamos com conflitos internacionais, como a guerra entre Ucrânia e Rússia, e a incerteza sobre as políticas dos Estados Unidos, especialmente com o retorno de Trump ao cenário político. Isso afeta a confiança do investidor e pode trazer mudanças regulatórias que impactam nossa operação nas Américas”, explicou.
A segunda grande força transformadora destacada pelo CEO foi a consciência ecológica. “O ano de 2024 foi o mais quente da história, com desastres naturais devastadores. No turismo, vemos o crescimento do ‘overtourism’, com 95% dos viajantes concentrados em apenas 5% dos destinos globais, o que gera pressão ambiental e social nessas regiões”, disse. Segundo ele, há uma necessidade crescente de descentralizar fluxos turísticos e incentivar viagens mais sustentáveis.
Por fim, a tecnologia tem transformado radicalmente a hotelaria. “A inteligência artificial e o big data estão redefinindo a experiência do hóspede e a gestão de receita. Os consumidores estão cada vez mais digitais e exigem personalização em tempo real. O desafio é equilibrar automação e humanização para garantir uma experiência memorável”, afirmou Dubaere.
Experiências e sustentabildiade
A Accor também avançou em suas metas de sustentabilidade, com 80 hotéis certificados nas Américas e uma transição crescente para energia renovável. “Estamos comprometidos com a redução de emissões de carbono e a certificação de todos os nossos hotéis até 2026”, afirma Antonietta Varlese, vice-presidente de Sustentabilidade.
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Antonietta Varlese, vice-presidente de Sustentabilidade. Foto: Matheus Alves (Brasilturis)
Para Thomas Dubaere, a sustentabilidade é um dos pilares fundamentais para a hotelaria do futuro. “Estamos enfrentando um mundo onde 95% dos turistas se concentram em apenas 5% dos destinos globais. Isso gera pressão ambiental e exige uma mudança de mentalidade para promover o turismo responsável”, explica. Segundo ele, 75% dos viajantes globais já demonstram preocupação com práticas sustentáveis em suas viagens.
No segmento de Alimentos & Bebidas, a Accor investiu em conceitos gastronômicos diferenciados, como o Base BBQ, focado em churrasco brasileiro, e o Lolatella Trattoria, especializado em culinária italiana, entre muitas outras iniciativas que buscam atender a alta demanda por experiências. Afinal, só no Brasil, esse segmento representou 21% da receita dos hotéis PM&E, somando R$ 1 bilhão.
Promoção e fidelização
O programa de fidelidade ALL cresceu 14% em 2024, atingindo um bilhão de pontos transferidos por meio de parcerias com Banco BRB, Esfera Santander e Azul. O ALL Signature, clube de assinatura da Accor, dobrou sua receita no ano passado, impulsionado pelo lançamento do plano Essential.
Com um crescimento consistente e estratégias alinhadas às tendências globais, a Accor projeta 2025 com novas aberturas e avanços em sustentabilidade, tecnologia e experiências hoteleiras. “Seguimos comprometidos com a evolução da hotelaria, acompanhando o comportamento dos viajantes e investindo no que realmente agrega valor para nossos clientes”, concluiu Dubaere.
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