A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) apresentou, nesta terça-feira (25), o Anuário do Setor de Locação de Veículos 2025, destacando o desempenho da indústria em 2024. O setor registrou um faturamento de R$ 52,9 bilhões, um aumento de 17,8% em relação ao ano anterior. Apesar disso, o crescimento da frota foi de apenas 3%, refletindo um movimento de renovação de veículos, mas não de ampliação significativa.
Segundo Paulo Miguel Jr., vice-presidente da Abla e coordenador do anuário, o crescimento da receita foi impulsionado por ajustes tarifários e pela demanda do mercado. “Apesar do aumento no faturamento, a frota total não cresceu na mesma proporção. O ano de 2024 foi marcado pela substituição de veículos, não por uma expansão do setor”, explicou.
A carga tributária sobre a compra de veículos subiu 4,1%, enquanto os impostos incidentes diretamente sobre a locação cresceram 17,5%, atingindo R$ 6,7 bilhões. A compra total do setor chegou a 649.399 veículos, representando 26,1% dos emplacamentos nacionais – um patamar consistente com a média histórica, que oscila entre 26% e 27%.
O mix de veículos comprados também sofreu alterações. “Observamos uma tendência de aquisição de modelos mais econômicos, como hatches e sedãs pequenos, que juntos representaram mais de 50% das compras”, afirmou Miguel Jr. O movimento reflete a busca por veículos mais acessíveis, alinhados ao poder de compra do consumidor brasileiro.
O setor também registrou um crescimento de 7,5% no número de empregos, totalizando 105.637 postos de trabalho. A qualificação da mão de obra segue como prioridade, com investimentos em capacitação por meio da Universidade Corporativa da Abla (UniAbla).
Renovação da frota e eletrificação
A idade média da frota diminuiu de 18,3 meses para 17,5 meses, reflexo da renovação impulsionada pelo mercado. “Embora a idade média tenha caído, a tendência para 2025 é manter um equilíbrio entre renovação e crescimento da frota”, destacou o executivo.
A eletrificação do setor ainda ocorre em ritmo lento. Em 2024, as locadoras adquiriram 7.895 veículos eletrificados, sendo a maioria híbridos leves. O número total de veículos elétricos na frota de locação chegou a 14.951 unidades, com o segmento ainda fortemente voltado a contratos de longa duração e operações logísticas.
Impacto dos juros e perspectivas para 2025
Um dos desafios destacados foi o impacto da alta dos juros no custo de capital do setor, que depende de grandes investimentos para renovação e expansão da frota.
“O setor de locação é extremamente dependente de capital, e o Brasil possui uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Isso nos obriga a repassar parte desses custos às tarifas para garantir a sustentabilidade do negócio”, afirmou Marco Aurélio Nazaré, presidente da Abla.
Para 2025, a expectativa da Abla é que as compras se mantenham no patamar de 650 mil veículos, dependendo da política comercial das montadoras. “Se as montadoras forem mais agressivas em suas condições de venda, poderemos observar uma renovação ainda maior da frota e até um leve crescimento no número total de veículos”, projetou Miguel Jr.
A demanda pelo aluguel de veículos segue em alta, especialmente em momentos de crise. Segundo Nazaré, o setor tem demonstrado resiliência, crescendo historicamente acima do PIB brasileiro. “Mesmo com os desafios econômicos, o mercado continua forte. Nosso desafio agora é equilibrar renovação, crescimento e tarifas que garantam a sustentabilidade das locadoras”, concluiu.
