Como era o esperado, as operadoras Braztoa continuaram a comercializar mais produtos nacionais nos primeiros três meses do ano. Porém, a disparidade frente os produtos internacionais caiu. Agora, das vendas realizadas entre janeiro e março de 2022, 86% foram para viagens nacionais e 14% para o exterior.

A diminuição da diferença entre os dois segmentos do último trimestre de 2021 para o primeiro trimestre de 2022 pode não ter sido grande, mas mostra sinais claros da tendência dos viajantes para os próximos meses. Cancun (México), Lisboa (Portugal) e Orlando (EUA) ficaram empatados em primeiro lugar, seguidos de Paris (França) em segundo, e Dubai (Emirados Árabes Unidos) e Egito figurando em terceiro no ranking dos destinos internacionais mais vendidos para o período.

O grande “vilão” do internacional neste primeiro trimestre do ano foram os preços das passagens aéreas. Assim, 62% das operadoras indicaram uma alta significativa nos preços das viagens internacionais.

Contudo, isso parece não ter inibido o interesse e procura das pessoas, já que, para 85,2% dessas empresas a procura por viagens internacionais cresceu muito. Enquanto para 14,8% a procura se manteve ou teve pouco aumento.

indices braztoa 1o trimestre 2022

Para 85,1% das operadoras, a abertura de fronteiras e a queda gradativa do dólar foram os principais responsáveis por esse avanço do turismo internacional. Assim, 55% dessas empresas perceberam um fluxo de passageiros que trocaram viagens domésticas por países fora do Brasil, sendo que, deste montante, 48,5% afirmaram terem efetuado trocas de destinos nacionais por internacionais.

Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa, Rayane Ruas, CEO da Sprint Dados, Mariana Aldrigui, professora doutora e pesquisadora vinculada à Universidade de São Paulo e Marco Aurélio Di Ruzze, vice-presidente da BRT Consolidadora e Operadora, apresentaram os dados com sentimento misto, sendo otimistas com os roteiros nacionais, mas cautelosos no que diz respeito aos internacionais, no aguardo dos desdobramentos da pandemia, como o fato dos Estados Unidos ainda exigirem teste negativo de covid para o embarque, seja de turistas ou de moradores.

“As viagens mais curtas e com pouca antecedência são provenientes das cartas de crédito que as pessoas estão usando”

Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa

“Alguns países já estão abrindo e devemos ter mudanças mais profundas nos índices para o próximo trimestre, mas outros sejam com restrições como o Butão, que ainda não deu sinais de reabertura, os Estados Unidos, que ainda pede teste, e a Alemanha que não aceita viajantes vacinados com a Coronavac”, apontou Roberto Nedelciu.

“No internacional, tínhamos o problema das fronteiras fechadas, as filas de visto, entre outros contextos, mas com essas barreiras sendo derrubadas isso vai mudar bastante.  Os números já tem mudado de maneira significante”, salientou Marco Aurélio Di Ruzze.

“Isso é um problema de gestão pública. Não estamos conseguindo que o Governo Federal tenha um postura que inclua preços e politicas de impostos que viabilizem preços mais acessíveis aos viajantes e precisamos ser claros com os clientes, apresentando as alternativas viáveis”, destacou Marina Aldrigui.

Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP

Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP

Sem tempo a perder

Um dos grandes destaques positivos do boletim Braztoa para o primeiro trimestre deste ano, é a consolidação de novas vendas, ou seja, daquelas que não fazem parte das remarcações ocasionadas pela pandemia da covid-19. Segundo os dados, 71% dos embarques nacionais foram de novas vendas, sendo que 51% englobavam seguro viagem, e 67% dos embarques internacionais, com 78% deles contendo seguro.

“As viagens mais curtas e com pouca antecedência provém das cartas de crédito que as pessoas estão usando. Elas usam esse crédito para viajar, aproveitando o dólar mais baixo do que quando ela comprou ou até alguma promoção, e ela acaba viajando”, disse Nedelciu.

Voltando os olhares para o desempenho das operadoras, 66,6% faturaram mais que no mesmo período de 2021 e 18,5% alcançaram a margem de 76% a 100% do ano passado. No comparativo com 2019, o número de operadoras que ultrapassou 100% do faturamento cai para 14,81%, enquanto 37% faturaram entre 50% e 100%, e 48,1% ainda trabalham para alcançar 50% do que venderam em 2019.

Faturamento operadoras braztoa t122

Turismo nacional e o Ecoturismo

Dentre as vendas nacionais, sem surpresas. Os destinos do Nordeste seguiram na ponta durante o primeiro trimestre de 2022. O
primeiro lugar ficou com Salvador, seguido de Fortaleza, Maceió e Natal em segundo lugar, e Porto de Galinhas (PE) e Porto Seguro (BA) em terceira colocação.

Os índices apresentados pela Braztoa corroboram com a impressão que outras operadoras da entidade tiveram durante o Seminário Internacional Inspira Ecoturismo, promovido pelo Sebrae-MS, em Bonito (MS), na última semana, de que as experiências e os destinos nacionais devem continuar despontando.

Representantes de 11 empresas, entre elas Ambiental, Butterfly, BWT, CVC, Diversa, Incomum, Promptur, Transmundi, Voetur, Schultz e Raidho estiveram no evento, conhecendo ainda alguns dos novos atrativos do destino e exaltando o segmento no âmbito nacional.

Novidades no Boletim Braztoa

Esta edição do Boletim chega embalada por duas novidades: a nova periodicidade, que passa a ser trimestral, e inovação na visualização dos dados, com os dados em Business Intelligence (BI), formato que condensa todas as pesquisas desde o início do Boletim Braztoa e as disponibiliza em gráficos dinâmicos que permitem filtros dentro de pontos específicos.

Agora, os levantamentos ficarão disponíveis, de maneira interativa, no site da associação.


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