Em comunicado oficial, o Grupo Maksoud anunciou, nesta quinta-feira (04), a retomada de suas atividades no setor hoteleiro, após um “bem-sucedido processo de recuperação judicial”, em que reduziu e equacionou o pagamento de todas as suas dívidas – oriundas de extintas empresas do conglomerado, não dedicadas à operação de hotéis. A empresa aponta que vem se reestruturando e pretende retornar ao mercado hoteleiro.

“Já atraímos interessados em nossa marca e know-how hoteleiro antes mesmo de fazermos o lançamento oficial da nova empresa, o que acontece apenas agora. Isso mostra a força da nossa marca e a nossa credibilidade neste mercado”, diz Henry Maksoud Neto, CEO do Grupo. 

Recentemente, a empresa esteve atuando em consultoria em gestão hoteleira, tendo conquistado três hotéis como clientes – dois deles em São Paulo e um resort em Muro Alto, na região de Porto de Galinhas (PE). Caso o Maksoud ganhe os dois processos concorrenciais em que está participando no Brasil, hotéis poderão usar a marca licenciada e a empresa ainda poderá ser operadora de algum desses hotéis.

O Maksoud também está participando de um projeto de hotel em Miami em parceria com um Grupo norte-americano, que possui 15 hotéis nos Estados Unidos. Além de licenciar a marca, o Grupo pode tornar-se sócio do empreendimento, caso consiga trazer investidores o suficiente. Fora isso, o Grupo também está negociando o uso da marca e operação de dois hotéis em Itu (SP).

Fim do Maksoud Plaza

Ícone de São Paulo e da hotelaria brasileira por 42 anos, o Maksoud Plaza teve de cessar suas atividades em função do endividamento do Grupo e das consequências da pandemia, em dezembro 2021. Sua história recente conta com diversas disputas judiciais entre os herdeiros do fundador Henry Maksoud, entre outras controvérsias.

No começo dos anos 2000, o empreendimento que bombava há mais de duas décadas passou a apresentar os primeiros sinais de problemas, em virtude da crise econômica e a expansão da concorrência. 

Em 2011, o prédio foi arrematado em leilão pelos empresários Fernando e Jussara Simões por R$ 70 milhões, nos valores da época. Ainda assim, o hotel continuou funcionando enquanto o Grupo Maksoud contestava os termos do leilão na Justiça.

Em 2013, Henry Maksoud se afastou dos negócios e passou o controle do hotel ao neto, que já trabalhava no Grupo. Pouco tempo depois do falecimento do fundador em 2014, os filhos Roberto e Claudio contestaram a validade do testamento de herança do pai.

Durante esse período, Maksoud Neto tentou reerguer o Plaza por meio da contratação de consultorias especializadas, adoção de novos procedimentos de governança e auditoria de resultados, e abertura do Frank Bar e da balada PanAnam. Com isso, o empreendimento passou a se recuperar e reduzir suas ações trabalhistas gradualmente.

Entretanto, o impacto da pandemia forçou o Grupo a solicitar abertura de um processo de recuperação judicial, em outubro de 2020, em função de dívidas estimadas em R$ 120 milhões. Na época, haviam ainda R$ 400 milhões em débitos tributários. A empresa ainda teve que pedir uma liminar para não ter o fornecimento de gás cortado.

Após o fechamento das portas do hotel em 2021, os irmãos Claudio e Roberto intensificaram a ofensiva judicial contra Maksoud Neto, tanto pelo controle do inventário, como contra o pedido de recuperação judicial.

Em agosto de 2022, os imóveis do Maksoud Plaza foram a leilão. Os lotes vendidos incluíram centenas de poltronas, cadeiras, colchões e até máquinas de costura e de sorvete. 

Em fevereiro de 2023, o acervo de obras de arte e relíquias do hotel também foi a leilão. Entre eles, seis telas a óleo, esculturas e diversas gravuras. Além disso, foram leiloados três pianos, um deles com o preço estimado em R$ 300 mil, por ser um Steinway & Sons Modelo D que foi utilizado na apresentação de Frank Sinatra no hotel em 1981.

Foto: Divulgação/Maksoud Plaza


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