Hoje (9) foi o primeiro dos três dias do Portugal 360, evento de promoção do turismo do país no Brasil, realizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A cerimônia de abertura deu espaço para a conferência “Que Turismo queremos para o futuro”, que contou com a cobertura jornalística do Brasilturis. No mesmo ambiente também ocorre, simultaneamente, o Portugal Trade Meetings, evento que reúne capacitações, workshops e experiências de relacionamento do trade turístico.

Com a apresentação de Nelson Gomes, âncora da BandNews TV, o evento teve início com as considerações iniciais de autoridades do setor público e convidados especiais de Portugal e Brasil. Entre eles, Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do estado de São Paulo; Antônio Pedro Rodrigues Silva, cônsul-geral de Portugal em São Paulo; Nuno Fazenda, secretário de Estado do turismo, comércio e serviços de Portugal; 

Conferência

Após as apresentações iniciais do destino e das atrações e experiências proporcionadas pelos três dias de evento, foi dado início à conferência “Que Turismo queremos para o futuro”. A sessão reuniu Marcelo Freixo, presidente da Embratur, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, e Michael Barkoczy, presidente da Easy Travel Shop, para discutir a definição de estratégias de políticas do turismo voltada para o futuro.

“A estratégia que implementamos em 2017 teve como pontos centrais a sustentabilidade, com metas para até 2027, e a valorização das pessoas. Não só os visitantes, que têm de ter a melhor experiência, mas todos que vivem no território e trabalham no setor”, afirma Araújo. “Os resultados falam por si só. Em 2022, dobramos a receita registrada em 2017 e nosso objetivo é continuar ampliando esses resultados”, acrescenta o presidente.

Os principais mercados emissores de longa distância de Portugal, segundo Araújo, são Estados Unidos, Brasil, Canadá, Israel e Austrália. “Para reforçar essa conectividade, estivemos trabalhando no desenvolvimento do produto e investindo no relacionamento e participação de eventos com agentes, operadores e clientes finais. O Portugal 360 é um grande exemplo disto”, salienta o presidente do Turismo de Portugal.

Para o Brasil, Freixo destaca que os desafios são grandes, mas a perspectiva é ainda maior. “Temos que aprender com Portugal e não digo isso para agradar nosso amigo Araújo, mas porque os resultados não são por sorte, mas por competência e planejamento estratégico. É isso o que faltou bastante no Brasil nos últimos anos”, afirma o presidente da Embratur.

“O título desta conferência é muito pertinente, afinal precisamos definir que futuro queremos ter e o turismo é uma ferramenta para isso”, aponta Freixo. “A sustentabilidade não é um debate da moda, mas da necessidade, pois a economia é sustentável ou não há economia. Precisamos pensar nas pessoas, no planeta e em nossas responsabilidades para com esses elementos. O Brasil tem uma diversidade e potencial enorme para atingir esses objetivos e queremos transmitir essa mensagem”, complementa.

“Quando falamos, por exemplo, do problema do garimpo e tráfico madereiro ilegal, é necessário identificar a raiz dessas questões e encontrar soluções por meio de políticas públicas. O turismo pode ser uma grande alternativa sustentável para essas famílias. Já sabemos, com base num estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que a cada R$1 investido no turismo, são R$ 20 reais gerados para economia local dos destinos”, salienta Freixo.

Alinhado à essa posição, Barkoczy destaca a importância de se divulgar os destinos menos comuns. “É muito comum que se invista nas capitais, mas temos que entender que o turismo é capaz de movimentar a economia de milhares de municípios. Para isso, precisamos fomentar e estruturar as atividades turísticas, pois não se faz turismo apenas com voos e hotéis. O que faz o setor funcionar e o viajante sair do país dele é conhecer o que o destino tem a oferecer de melhor e isso Portugal faz muito bem”, explica o executivo.

Reforçando o discurso de Barkoczy, Freixo reforça a importância de transformar esse enorme potencial turístico brasileiro em produto. “Portugal investe um valor significativo no setor, pois eles reconhecem a importância do turismo. É por esse motivo que é responsável por 18% do PIB nacional, enquanto que aqui, mesmo com os recentes incentivos, estamos chegando a apenas 8%”, revela o presidente da Embratur.

De acordo com Araújo, o turismo precisa de apoio e financiamento, mas voltado à economia local. “O turismo, em sua estrutura, é composto pela atuação de pequenos negócios, comerciantes e trabalhadores e não pelas multinacionais e grandes redes hoteleiras”, salienta.

Quanto aos turistas que Portugal vem investindo, Araújo explica que não está tão preocupado com a quantidade, mas com a qualidade desses visitantes. “Queremos atrair aqueles que querem conhecer nosso país, nossa cultura, nossa culinária e povo. Queremos aqueles que ficam mais tempo, gastam mais e circulam mais pelo território, movimentando a economia local. 

Para isso, destaca Barkoczy, é necessário mapear as experiências, apresentar as ofertas, desenvolver plataformas que unifiquem e facilitem a divulgação dessas atividades turísticas. 

“Acredito que estamos no caminho certo, pois colocamos o turismo no lugar de debate”, reflete Freixo. “Não podemos ver o turismo apenas como um negócio, pois é muito mais do que isso. É necessário ter mais humanidade, diversidade, sustentabilidade e inclusão social para fazer o setor funcionar plenamente. Afinal, não queremos que o mundo visite um lugar racista, machista e que não preserva seus biomas. Isso é a sustentabilidade no turismo”, finaliza.


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