De acordo com a quebra de sigilo da CPI das Pirâmides Financeiras, Ramiro e Augusto Madureira, sócios da 123 Milhas, transferiram dinheiro da empresa para contas pessoais e de parentes antes de anunciarem a suspensão dos pacotes da linha “Promo”, que afetou 700 mil pessoas. Ainda de acordo com as investigações da CPI, a OTA já operava no vermelho quatro anos antes depedir recuperação judicial.

Segundo a CPI, no dia 31 de julho, três semanas antes do ocorrido, foram retirados R$ 13,5 milhões do caixa da empresa. Entre os crimes cometidos, a comissão apontou estelionato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e atuação como organização criminosa. Para a 123 Milhas, a acusão é “leviana”.

Com auxílio da Polícia Federal (PF), a CPI investigou a empresa e mostrou que a 123 Milhas vendia “hoje” para pagar “amanhã”, anunciando preços que não estavam no controle e escolha deles. O relator, deputado Ricardo Silva, do PSD, questionou um dos sócio sobre a venda de viagens para dois ou três anos à frente, datas em que as companhias aéreas nem haviam começado a oferecer passagens.

“Gostaria de voltar aqui, novamente, nas premissas dessa linha promocional que seria, primeiro: o momento correto de emissão da passagem que a gente conseguiria um preço mais barato. Essa é a um. Premissa dois: a redução do marketing da empresa ajudaria a custear essa diferença para essa linha promocional. Terceiro: várias pessoas acessando a 123 Milhas com essas promoções trouxeram outras receitas adicionais e marginais”, respondeu Ramiro Madureira, sócio da 123 Milhas, na ocasião – trecho do relatório obtido pelo G1.

A PF ainda analisou 11 contas bancárias da empresa, onde as operações financeiras das contas somam R$ 46 bilhões entre janeiro de 2019 a agosto de 2023. No relatório, a PF concluiu que a empresa opera com saldo negativo desde 2019, sem capital de giro no caixa para cumprir os compromissos.

Em trecho do relatório obtido pelo Uol, o deputado ainda disse: “enquanto a empresa ficava pobre, os sócios ficavam ricos.”

O relatório da CPI também aponta que em 29 de agosto, José Augusto Madureira, pai dos sócios, solicitou um provisionamento para saque de R$ 839 mil. Ele era dono de uma empresa de publicadade que prestava serviços para a 123 Milhas e, portanto, recebia depósitos.

As tentativas de explicação das transferências da empresa para os sócios e parentes foram negadas pelo relatório. Um exemplo é uma operação de R$ 1.083.000 ocorrida no dia 1º de agosto. Os valores saem do caixa da 123 Milhas para a conta de José Augusto, que transfere para um parente. Em depoimento, o pai justifica que as transferências foram para a compra de uma fazenda. Mas os valores não batem, já que o valor da propriedade rural é de R$ 2,84 milhões.

Com informações do G1 e Uol.