Nos dias atuais, a aviação não é apenas um meio de transporte; ela vai além da habilidade de encurtar distâncias e alimenta o Turismo global, seja em viagens a lazer ou corporativo. E com o aquecimento do Turismo no período pós-pandemia, a aviação é um dos setores mais requisitados. Em 2023, companhias aéreas que atuam no Brasil apresentaram, em média, bons resultados e desempenhos acima do que havia sido registrado em 2019, ano anterior à pandemia de covid-19.
No entanto, a Gol Linhas Aéreas e Azul Linhas Aéreas Brasileiras enfrentam um grande obstáculo: o atraso na entrega de aeronaves encomendadas. Apesar de não ser uma novidade, os atrasos afetam a capacidade das companhias de expandir as suas operações, tanto no número de voos quanto na malha aérea.
Já se falava sobre atrasos na cadeia produtiva de alguns setores como a aviação em 2022, devido às interrupções por conta da pandemia. E agora, sem as aeronaves, as companhias não conseguem ampliar a capacidade e, consequentemente, elevar suas receitas. Uma maior oferta de voos permite que os custos sejam melhor diluídos e amplia as margens de lucro.
Em novembro, John Rogerdson, CEO da Azul, chegou a falar sobre a situação durante coletiva de imprensa em que apresentava resultados do último trimestre de 2023. “Estamos para receber um avião da Airbus em dezembro e dois da Embraer no final de novembro. Isso impacta nossa capacidade voar”, afirmou na ocasião. Ainda de acordo com o CEO, em 2023 a companhia reduziu as projeções de oferta de assentos, saindo de uma alta de 14% para uma de 9%, mais condizente com o cenário.
Procurada pelo Brasilturis Jornal, a aérea informou que a questão dos atrasos nas entregas é uma situação setorial. “A Azul teve atrasos pontuais, mas que não impactaram as operações e planejamento da companhia”, afirma a nota.
Para 2024 estão previstas a entrega de um total de 19 aeronaves, sendo três ATR 72-600, três A320neo, além de 13 Embraer E2, a maior e mais moderna aeronave fabricada no Brasil. Ainda, a partir de 2026, a companhia receberá sete novos Airbus A330neo para operar voos de longas distâncias.
A companhia ainda informou que atua de maneira intensiva junto a fabricantes e fornecedores para assegurar o devido cumprimento de seus contratos de fornecimento.
Em uma breve análise, a situação da Gol é semelhante. Em novembro de 2023, a companhia havia recebido apenas uma das 15 aeronaves Boeing 737 Max-8 que estavam previstas para serem entregues durante o ano. O atraso na chegada das novas unidades obrigou a companhia a rever as projeções de frota que, no momento, contava com 108 aviões em operação – sete a menos do que possuía no terceiro trimestre de 2019, antes da pandemia de covid-19.
O modelo Boeing 737 Max-8 é 15% mais econômico no consumo de combustível, que hoje representa cerca de 40% dos custos de uma companhia aérea. É preciso destacar que, com a maior necessidade de antecipar eventos de manutenção para aeronaves que inicialmente seriam substituídas por modelos mais econômicos, gera-se um custo que seria evitado caso o cronograma de entregas de novos aviões fosse executado como o planejado.
Ao Brasilturis, a companhia aérea informou ter encerrado o ano com seis aeronaves entregues, restando apenas nove unidades a receber. A Gol afirmou que não fará comentários sobre previsão de entregas para 2024. “A Gol vem mantendo conversas ainda mais próximas com a Boeing para tentar contornar este cenário de incertezas, fruto de uma já conhecida crise global de suprimentos da indústria aeronáutica que afeta o setor como um todo. Desta forma, algumas medidas vêm sendo tomadas, sempre de maneira planejada para possíveis contingências e se adaptando com muita velocidade às mudanças de panorama”, declarou a companhia em resposta. Por sua vez, a Boeing informou que está focada em cumprir os compromissos com o cliente Gol.
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