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Terra do Maracatu rural, Nazaré da Mata exala cultura e história no Carnaval

Entre ruas estreitas e casas coloridas, essência de interior e casa de vó, à frente da grande Catedral amarela, Nazaré da Mata se transforma em um grande palco a céu aberto durante o Carnaval. E com cor e alegria, olhares fortes e tradição, cada flor na boca é história, enquanto cada lança de caboclo levanta um coração.

Do engenho à rua, o canto é imortal, histórias pulsam no maracatu rural. Foi aproximadamente a 70 quilômetros de Recife que Nazaré da Mata criou o Maracatu de Baque Solto, uma expressão cultural que mistura elementos africanos, indígenas e europeus. Diferente do Maracatu de Baque Virado (típico do Recife), o Maracatu Rural tem um ritmo mais acelerado e é marcado pela presença de personagens icônicos, como os caboclos de lança, figuras centrais da festa.

Vestidos com roupas coloridas, chapéus decorados com espelhos e fitas, e portando lanças, os caboclos de lança dançam e rodopiam ao som da orquestra de percussão e do coro das mulheres, conhecidas como baianas.

Caboclo de lança é símbolo de força e proteção (foto: Geovana Fraga)
Caboclo de lança é símbolo de força e proteção e representa a cultura brasileira (foto: Geovana Fraga)

A festa atinge seu ápice com o Encontro Nacional de Maracatus Rurais, que abrange uma população de cerca de 30 mil habitantes. Grupos locais e agremiações de municípios vizinhos, como Vitória de Santo Antão e Tracunhaém, ocupam as ruas em um espetáculo que gerações atravessam.

Personagens e significados

Cada figura do maracatu rural carrega simbolismos que resgatam a história da região:

  • Caboclo de lançamento: Símbolo maior da manifestação, com roupas bordadas em lantejoulas e espelhos que refletem a luz do sol. A flor branca na boca representa disciplina, enquanto o lançamento é um símbolo de força e proteção.
  • Mestre e contramestre: Responsáveis ​​por entoar as loas, versos improvisados ​​que contam histórias, fazem desafios e exaltam a cultura popular.
  • Dama do passo: Figura feminina que desfila com roupas elegantes e carrega a calunga, boneca que representa entidades espirituais e ancestrais.
  • Rei e rainha: Representam a corte do maracatu, inspirados nas coroações dos reis do Congo, uma tradição trazida pelos povos africanos.
Caboclo de lançamento (foto: Geovana Fraga)
Caboclo de lançamento (foto: Geovana Fraga)

Instrumentos do Maracatu

Os instrumentos são essenciais para o ritmo e a identidade do maracatu. Entre os principais estão:

  • Alfaias: tambores grandes que marcam o ritmo base.
  • Gonguê: instrumento de metal que dá o tom melódico.
  • Caixa de guerra: tambor que produz um som rufado.
  • Ganzá: chocalho que complementa o ritmo.
  • Agbê (Xequerê): cabaça coberta por uma rede de miçangas, que produz um som característico.

Do preconceito ao protagonismo feminino

Por décadas, a participação feminina no maracatu rural era restrita. Até os anos 1960, as mulheres não podiam desfilar, sendo relegadas aos bastidores. Com o tempo, passou a ocupar papéis como a dama do passo e a baiana, ganhando visibilidade dentro da tradição.

Hoje, a presença feminina é símbolo de resistência e empoderamento. O Maracatu Coração Nazareno, criado em 2004, é formado exclusivamente por mulheres, reafirmando o protagonismo feminino. A Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), criada em 1988, também atua para inserir trabalhadores rurais em atividades culturais, como coco de roda, ciranda e, claro, o maracatu.

As crianças também participam e tem contato com toda a produção do desfile (Foto: Geovana Fraga)
As crianças também participam e tem contato com toda a produção do desfile (Foto: Geovana Fraga)

Para Raquel Lyra, governadora de Pernambuco, a festa simboliza a força da cultura popular brasileira: “Aqui em Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, acontece o Encontro do Maracatu de Baque Solto, o Maracatu Rural, uma tradição com mais de 100 anos. Os grupos, como se pode ver, reinventam-se a cada ano, dos pequenininhos aos mais velhos, expressando a força da nossa cultura popular.”

Para ela, é importante fortalecer esse, que é o patrimônio imaterial do estado.

“Para nós, do governo de Pernambuco, é nosso dever, mas, sobretudo, nossa missão preservar, salvaguardar e fortalecer o patrimônio imaterial do nosso estado, que está expresso na força e na arte desse povo que vive neste chão. Aqui estão canavieiros e pessoas simples que se preparam o ano inteiro, vestindo as roupas, bordando as roupas e se apresentando na apoteose do Carnaval”, diz a governadora de pernambuco.

Ela ainda cita como é importante incentivar esses movimentos culturais, como é bom para o povo e como é importante transmitir isso para todo o estado: “Para mim, é uma alegria e uma honra, como governadora de Pernambuco, incentivar, através do Festival Pernambuco Nação Cultural, mais de 1.100 agremiações, movimentos culturais e artistas populares da cultura do nosso estado”, finaliza Raquel Lyra.

O Maracatu Rural foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O que reforça a importância de preservar e valorizar essa manifestação.

Famosas baianas que carregam a história do Maracatu rural (foto: Geovana Fraga)
Famosas baianas com a rosa branca na boca que carregam a história do Maracatu rural (foto: Geovana Fraga)

A Estrutura do Carnaval

O Carnaval de Nazaré da Mata acontece principalmente no centro da cidade, onde os maracatus desfilam pelas ruas em um cortejo cheio de energia e alegria. Além dos maracatus, outros grupos culturais também participam da festa, como os bois-bumbás, os ursos e os blocos de pau e corda, que animam os foliões com músicas tradicionais e muita dança.

A programação inclui ainda shows de artistas locais e regionais, que tocam ritmos como o frevo, o coco e o cavalo-marinho, enriquecendo ainda mais a diversidade cultural da festa. A Praça da Matriz e o Polo Carnavalesco são os principais pontos de concentração dos festejos.

Já para a Aninha da Ferbom, prefeita de Nazaré da Mata, ela destaca a importância de resgatar e preservar essa manifestação: “É muito importante resgatarmos essa cultura e as apresentações dos Maracatus, com os encontros ocorrendo aqui na Praça da Catedral. Isso faz com que a economia de Nazaré da Mata se movimente, e estamos trabalhando fortemente nisso, porque o Carnaval aqui não pode deixar de existir.” O Carnaval, que transforma a cidade em um grande palco a céu aberto, é um momento de orgulho para os moradores e uma oportunidade de movimentar a economia local.

Cada figura do maracatu rural carrega simbolismo e história (foto: Geovana Fraga)
Cada figura do maracatu rural carrega simbolismo e história (foto: Geovana Fraga)

Para garantir que o Carnaval acontecesse, a prefeitura investiu cerca de um milhão de reais, mas com responsabilidade e foco nas prioridades. “Foi feito com pé no chão, pois temos outras necessidades, como educação e saúde. Não gastamos além do necessário, mas valorizamos os artistas locais e a cultura da nossa cidade,” explica a prefeita.

Para os moradores de Nazaré da Mata, o carnaval é um momento de orgulho e pertencimento. É quando eles podem mostrar ao mundo a riqueza de suas tradições e a força de sua cultura. Para os visitantes, é uma oportunidade única de vivenciar uma festa autêntica, cheia de história e significado.

Para as moradoras, da janela, é gracioso assistir toda a cores passando pela rua e a força que representam (foto: Geovana Fraga)

Dicas para quem vai

  • Quando ir: O Carnaval de Nazaré da Mata acontece nos dias tradicionais da festa, geralmente entre fevereiro e março.
  • O que levar: Roupas leves e confortáveis, protetor solar e muita disposição para dançar.
  • Como chegar: Nazaré da Mata fica a cerca de 65 km do Recife. O acesso pode ser feito de carro ou ônibus.
  • Onde ficar: A cidade oferece opções de hospedagem simples, mas muitos foliões preferem se hospedar no Recife e fazer o trajeto diariamente.

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