Prestes a realizar sua 35ª edição, o Festuris se posicionou como uma das principais feiras de Turismo do Brasil. Suas fundadoras, Silvia Zorzanello e Marta Rossi, foram pioneiras ao escolher a cidade de Gramado (RS), que, até então, não era a potência turística atual, para sediar o evento.

Em conversa com o Brasilturis, Eduardo Zorzanello, CEO do Festuris, adiantou o que podemos esperar desta edição da feira e discutiu temas como a importância do capital humano para as relações no Turismo.

1 – O que podemos esperar da próxima edição do Festuris, que será realizada de 9 a 12 de novembro?

As expectativas são enormes. O evento atinge sua 35ª edição, ou seja, é uma data especial para nós e será, sem dúvida, a maior de todas as edições do Festuris em termos de número de ocupação e novas marcas. Além de estarmos ocupando também o terceiro pavilhão, o que é algo inédito – estamos em, praticamente, 26 mil m² do centro de eventos do Serra Park. 

Nosso foco é tanto na exposição, na feira de negócios, como também no tema central, que é o capital humano, que consideramos o pilar base de todo o evento, que sempre acreditou nas pessoas, que sempre deu palco para as pessoas, sabendo que elas são as grandes responsáveis pela transformação do nosso setor turístico.

Os algoritmos por trás da inteligência artificial, do avanço tecnológico, das mudanças, sempre carregam o fator humano como algo preponderante e norteador. Assim como as tendências de viagem, as conexões, os relacionamentos. Então, traremos esse universo como eixo temático dessa 35ª edição.

Estamos com uma expectativa de 15 mil participantes. Vale lembrar que o Festuris é um evento B2B, que não está aberto ao consumidor final. A partir do início do Festuris, fomos nos posicionando cada vez mais e ampliando o leque de procedências dos participantes. Em um primeiro momento, na década de 1990, era mais regional, muito focado no Sul. Depois, fomos aumentando e agregando novos players, novos participantes, e, hoje, temos a alegria de trazer pessoas de todo mundo, seja como expositor – serão mais de 40 destinos internacionais presentes na feira neste ano como expositores – ou como buyers, além da imprensa vinda da Europa, Estados Unidos, México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai. Isso mostra a nossa preocupação enquanto organizadores para trazer players qualificados. E, claro, pessoas vindas do Norte e Nordeste, além de outras praças que estão um pouco distantes de Porto Alegre, que é o nosso ponto central de chegada via aéreo.

Essa também é uma característica muito peculiar do Festuris. Ao longo de todo esse tempo, ele conseguiu se posicionar como um evento estratégico, como um dos melhores e mais importantes eventos de negócios turísticos das Américas, em um local que não é um grande centro. Os demais grandes eventos de Turismo estão em capitais, com um grande modal de logística, com uma capacidade de atrativo muito grande. Claro, Gramado, ao longo desse tempo, conseguiu se moldar e se converter em um dos principais destinos turísticos das Américas – chegando, inclusive, à posição número um durante a pandemia, superando o Rio de Janeiro. 

Nós passamos mais do que um ano trabalhando – aliás, já estamos empenhados no evento de 2024 com o nosso time e os nossos parceiros. E esse trabalho tem um rendimento muito importante, de alma, de entrega, de valorização dos nossos clientes, patrocinadores, apoiadores, parceiros, expositores, participantes, que estão investindo o seu tempo e seus recursos para estar em Gramado.

Estamos estimando mais de 350 estandes físicos, sem falar os cooperados, e 2.700 marcas em exposição. É uma uma força muito importante para que, quem está indo ao evento, possa absorver o principal do que está sendo vendido em termos de turismo de lazer ou de negócios. Antecipamos as tendências para o ano seguinte.

A nossa solenidade de abertura é um ato inaugural completamente diferente de tudo aquilo que vemos nas demais feiras e eventos. Seguida por uma festa de abertura, que, neste ano, contará com a parceria do estado do Rio de Janeiro e a presença de Mumuzinho. 

O Festuris é um evento muito bem estruturado, muito bem organizado, em que daremos ao nosso participante uma experiência fantástica de ponta a ponta. 

2 – Há uma sinergia entre o Festuris e Gramado. Como isso acontece?

Podemos dizer, com muito orgulho, que o Festuris cumpriu um papel fundamental no posicionamento do destino de Gramado no mundo. Além disso, a promoção do Rio Grande do Sul no mundo se deve muito ao Festuris. 

Muito mais do que ser uma feira de negócios, de conteúdo, de troca de experiências, o que estamos entregando para nossa comunidade, para a nossa região e para o nosso estado? É em função do Festuris que, hoje, Gramado e o Rio Grande do Sul estão na vitrine.

As pessoas se sentem seguras em Gramado. Temos mais de 80, quase 100 atrativos turísticos em Gramado e Canela. Praticamente se tornou uma Orlando brasileira. Com características europeias de gastronomia, no aspecto de segurança e organização, também no estilo arquitetônico, que mistura um pouco o norte-americano com o europeu. As pessoas se sentem bem, elas saem da feira de negócios e seguem fazendo negócios, seja através dos eventos paralelos dos parceiros ou marcando reuniões, cafés da manhã, para criar também uma sinergia para além da feira de negócios. 

Durante o Festuris, Gramado já estará com toda uma roupagem natalina. Temos hoje o evento de Natal mais importante das Américas de Gramado. O Natal Luz de Gramado atrai mais de 2 milhões de visitantes. Um dos eventos, inclusive, o Nativitaten, vai acontecer no Serra Park após um dos dias da feira. 

3 – Durante a pandemia foi dito que, talvez, os eventos não voltassem mais a serem totalmente presenciais. Qual sua percepção sobre esse assunto?

Nós somos prova viva de que as pessoas querem eventos presenciais. Somos uma empresa de 35 anos organizadora de eventos. Foram mais de mil eventos organizados pela nossa empresa ao longo dessa jornada. Tivemos um evento para consumidor final, como o Chocofest. Temos o Connection, que acontece em maio e é focado no tema terroirs do Brasil, foi um sucesso neste ano, em parceria com o Sebrae. 

É muito bacana vermos, por exemplo, 50 anos de Abav Expo e 25 anos de Aviesp. O que isso mostra? Mostra que é preciso ter persistência, afinco, gestão e governança, que são os pilares da ESG, tem que pensar na sustentabilidade. Tem o lado social de trazer a sua comunidade para junto de você, para fortalecer onde quer que esteja o evento.

E, quando veio a pandemia, realmente nós fomos dilacerados. Nosso setor praticamente sucumbiu. Tanto que o Festuris foi o único evento presencial ininterrupto, já que fomos o primeiro evento a abrir o protocolo no calendário dos eventos subsequentes de Turismo de grande escala. Evidentemente, fizemos uma feira para 4.500 pessoas na época, pois houve uma chancela do governo do estado, que autorizaram a realização do Festuris. Caso contrário, nada teria acontecido. 

Em 2021, voltaram os eventos de Turismo na forma híbrida, mas feira de negócios de grande porte, nós fomos os primeiros a acontecer.  

Cada vez mais acredito na força dos relacionamentos. Volto a dizer: a palavra-chave são as pessoas. São elas a quem devemos ter gratidão, e sempre um olhar no futuro. E esse olhar no futuro passa pela inovação, pelas práticas sustentáveis, pelo respeito à diversidade. Desta forma, vamos avançando em nossos propósitos enquanto evento. 

4 – Sua mãe, Silvia Zorzanello, e Marta Rossi foram muito visionárias na criação do Festuris, em uma época em que Gramado não estava tão em evidência.  

Sim, a palavra é essa: visionárias. Elas tiveram um olhar à frente do tempo delas e também foram muito guerreiras e preparadas para conseguir, principalmente, quebrar preconceitos da época, já que eram duas mulheres em um estado muito conservador que é o Rio Grande do Sul. Claro, temos uma mentalidade mais jovem agora, tentando abrir-se para o mundo, diante de todas as potencialidades que o Rio Grande do Sul apresenta. Mas, na década de 1980, quando elas iniciaram, tudo era mais complexo e contava com poucas lideranças femininas. Elas foram duas mulheres no meio de líderes homens. 

O Turismo ainda é formado por lideranças masculinas. As mulheres estão ocupando mais espaços, mas no grau de decisão e de liderança, ainda são poucas. Precisamos entender que todos têm sua capacidade, sua entrega, sua competência.

E, na época, elas foram muito perspicazes e inteligentes. Diálogo é uma palavra-chave, ter diálogo para conseguir erguer pontes e derrubar barreiras. E elas souberam fazer isso com maestria e nos passar isso. 

Tive minha mãe por pouco tempo como parceira de negócios, pois a doença acometeu ela e a levou um pouco antes disso acontecer. Mas, hoje, com a Marta e com o tempo que eu tive com a mãe em casa, como família de valores, fui aprendendo e dando continuidade, com muito orgulho, a esse legado.