Os guias de turismo são profissionais muito importantes na cadeia turística. Não são exatamente essenciais, afinal é possível fazer uma viagem sem a presença deles, mas quando se tem o suporte de um guia de turismo, se tem um ganho considerável na qualidade dos passeios. Por conhecer bem os atrativos e toda a estrutura local, podem economizar tempo e evitar confusões.

Em alguns lugares, os guias de turismo são obrigatórios para garantir a segurança, principalmente naqueles em que o turista pode se perder, como em Bonito, no Mato Grosso do Sul. Mas além disso, guias treinados podem ser a solução em locais onde a acessibilidade é de difícil implantação, como em locais naturais e históricos. Eu treinei os guias de Bonito para atenderem pessoas com todos os tipos de deficiência e o resultado foi fantástico. O passeio de bote, Abismo de Anhumas, Buraco das Araras, entre outros conhecidos atrativos locais, receberam adaptações na forma de atender o turista com deficiência, proporcionando conforto e segurança.

Outro bom exemplo da importância de um guia de turismo experiente foi em minha viagem à Índia. Eu fui participar de uma feira de turismo, e nos passeios do famtour para templos antigos, inclusive o Taj Mahal, fiquei na dúvida se conseguiria acompanhar o grupo, pois, tradicionalmente, os acessos são feitos por escadas, algumas delas bem longas e íngremes. E qual não foi a minha surpresa, em que um guia de turismo me conduziu através de rampas alternativas, meio escondidas do público, que poucas pessoas conhecem, e que eram usadas como uma entrada de serviço, para transportar cargas. Não eram rampas boas pelo ponto de vista da acessibilidade, pois eram íngremes e tinham um piso com um relevo tracejado para não escorregar, então eu só consegui subir com o guia de turismo me empurrando. Mas, de qualquer forma, pude visitar todos os templos, graças à ajuda desse profissional.

A importância do guia de turismo é reconhecida por todos, e por isso existem cursos específicos para a formação desse profissional, e uma credencial própria, regulamentada pelo Governo Federal. Mas infelizmente, nenhum curso de guia no Brasil ensina a como atender o turista com deficiência. Isso é uma falha muito grande, pois recusar esse público é uma discriminação, tipificada como crime. Mas, ao mesmo tempo, atender a pessoa com deficiência sem estar preparado pode resultar em um mal atendimento, ou até acidentes ou outros problemas graves. 

Como último exemplo, quero citar os colegas guias de turismo que são habilitados para se comunicar em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, podendo acompanhar grupos de surdos, e também, habilitados para audiodescrição, que é descrever em palavras objetos e situações para turistas cegos. Já existem vários atrativos turísticos como museus, teatros e cinemas que já possuem esses recursos no próprio local, o que já facilita bastante. A diversidade é um valor muito forte e bastante cobrado na sociedade atualmente, então quem não estiver de acordo, cedo ou tarde sofrerá as consequências.